Vers la gloire


Chega de vãs filosofias.

Algo mais interessante.

Hoje em dia as equipes são multinacionais. A Sauber pode estar na Suíça, a Ferrari na Itália, e a Mercedes na Alemanha, mas a verdade é que o pessoal é multinacional. Tem até iraniano trabalhando na F1!

Não foi sempre assim. De fato, as equipes nos anos 50 eram uma questão de glória nacional. Ou inglória, como queiram.

Lembrem-se, acima de tudo, que a Segunda Guerra Mundial havia acabado há poucos anos, e não fazia muito, a Inglaterra era inimiga da Alemanha e da Itália, e a França, ocupada. Ou seja, o nacionalismo, a honra nacional estavam à flor da pele.

Houve época em que os franceses, com Delage e Bugatti, mandavam ver no mundo dos GPs. Antes disso, Peugeot e Renault foram marcas de destaque. Nos anos 50 as coisas não iam tão bem. Em 1949 a 1951, diversos Talbot participaram das corridas de F1, obtendo inclusive vitórias em eventos secundários. Só que não eram páreo para as italianas Alfa, Ferrari e Maserati, e apesar dos grandes números na pista, geralmente chegavam em posições secundárias no Mundial de Pilotos.

Logo a Talbot se foi, e só ficou a Gordini.

A Gordini também ganhou uma corridinha secundária ou outra, mas no Mundial, apanhou, e feio, de carros italianos, alemães e ingleses. Só não apanhou do também francês Bugatti, que fez uma única corrida de comeback em 1956.

Já em 1954, quando a situação ainda não estava tão periclitante para a simpática marca, duas cartas apareceram numa edição do Auto Journal, uma publicação francesa. Os autores das missivas diziam que a Gordini envergonhava a França, com más performances nas provas, e que se fosse para continuar assim, melhor que fechasse as portas e parasse de correr. Para a honra da França!!! Vers la gloire!

O curioso é a identidade de um dos autores das cartas - Jean Marie Balestre, eventual manda-chuva da FIA.

Eventualmente, os franceses conseguiram fazer bonito, primeiramente com Matra, depois Ligier e Renault.

Só que Balestre teve que aguentar o nome Gordini no motor dos Renault... Vingança de Amedée, ainda vivo quando a Renault entrou na F1.

A marca teve seus ângulos brasileiros. Primeiro, a equipe deu diversas oportunidades a Hernando da Silva Ramos, que chegou inclusive a pontuar no GP de Monaco de 1956. Depois, o Renault Dauphine, que era conhecido assim no mundo inteiro, no Brasil foi rebatizado de Gordini, pois o carrinho gozava de uma reputação nada boa entre o público.

Como Gordini, ganhou muitas corridas na sua classe, Também geralmente corria sozinho na classe.

Bem, espero que os netos de Amedée não detonem comigo no Facebook...

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