Por que sou cheio de opiniões

Hoje estou um pouco filosófico.
Sei que gozo uma certa fama de ser muito cheio de opiniões, algo nada desejável para um historiador. Pelo menos, assim pensam alguns.
Ocorre que historiadores não são jornalistas. Nada tenho contra jornalistas, não é uma crítica, entendam bem. Porém, quando um jornalista escreve uma reportagem, deve se ater pura e exclusivamente aos fatos. Se está escrevendo um editorial, a história é outra. Este é o bom jornalismo.
A razão de tantas opiniões é simples. Quando comecei nessa jornada de contar um pouco da história do automobilismo brasileiro, há dez anos atrás (sim, em 2003), de forma geral escrevia quase reportagens. Na medida do possível, procurava me focalizar meramente nos fatos, sem muita análise, ou opinião.
Era ainda o primórdio dos blogs. Segundo disse diversas vezes, me inspirei em uma coluna chamada Túnel de Tempo, escrita por Jan Balder, que eventualmente desapareceu da Internet - acho que o site onde era publicada fechou.
Logo, entretanto, meus textos "jornalísticos" começaram a aparecer em miríades de foruns, outros sites e blogs. Muitas vezes, sem qualquer menção ou indicação de origem dos textos originais. E sem pedido de autorização, lógico.
Assim, descobri que minhas "matérias" podiam, e de fato, eram, usurpadas com facilidade por "n" figuras carimbadas, caras de pau de grande estirpe, que ganhavam notoriedade e elogios por restaurar a história do automobilismo com tanta habilidade! Ora, vejam só.
Fiz duas coisas. Primeiro, encurtei os textos. Segundo, comecei a fazer mais análises do que "reportagens". Dificultei sobremaneira a cópia dos meus textos, até por que sei que tenho muitas opiniões que não são politicamente corretas e ninguém quer assumi-las, pelo menos publicamente. E dificultei a edição dos meus textos.
Por outro lado, não me sinto de forma alguma constrangido em ser um historiador que analisa muito. De fato, os grandes historiadores fazem exatamente isto, até porque os anais da história estão cheios de verdadeiras armações oficiais, que se passam por verdades absolutas. Um pouco de análise é sempre necessário para contextualizar as coisas.
Se ainda estiver acordado(a), fique tranquilo(a), paro por aqui. Acho que vou comer uma coisinha agora.
Carlos de Paula é tradutor, escritor e opinionado historiador baseado em Miami

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RESULTADOS DE CORRIDAS BRASILEIRAS REMOVIDOS DO BLOG

O taxista de São Paulo, e muito disse não disse

DO CÉU AO INFERNO EM DUAS SEMANAS - A STOCK-CAR EM 1979