Uma geração ineficaz

A época entre o final dos anos 60, início dos anos 70 foi brutal para o automobilismo italiano. Quatro dos seus principais pilotos e promessas morreram nas pistas num curto espaço de quatro anos - Bandini, Scarfiotti, Giunti e Salvati. Assim que no início da década de 70, havia poucos italianos nos mais altos níveis do automobilismo - De Adamich, Merzario, Galli e V. Brambilla.

Não foi por falta de pilotos nas categorias intermediárias. De fato, a partir de 1974 uma enxurrada de pilotos italianos invadiu a F-2, na época tida como A categoria de acesso à F1.

Gaudenzio Mantova, Paolo Bozzeto, Cosimo Turizio, "Gianfranco", Carlo Giorgio, Giorgio Francia, Giancarlo Martini, Giancarlo Naddeo, Duilio Truffo, Alberto Colombo, Maurizio Flammini, Alessandro Pesenti-Rossi, Gabriele Serblin, e até mesmo um misterioso "Shangri-lá" estavam entre os muitos pilotos italianos que passaram pela categoria, alguns, como Colombo, permanecendo muitos anos.

Alguns dos supra citados, como Francia, Pesenti-Rossi e o próprio Colombo, passaram pela F1, em empreitadas curtas e sem sucesso. Um outro, Martini, chegou a pilotar uma Ferrari particular em 1976, uma jogada política para acalmar os ânimos de italianos que ainda insistiam ver um conterrâneo na F1. A FIAT já era acionista da Ferrari na época, e muito sensível à opinião pública italiana, que embora feliz com a volta de competitividade do Cavallino, desejava um italiano montado num dos carros da Scuderia. Não creio que a Ferrari particular fosse uma proposta verdadeira, e mesmo que fosse, acho que o carro teria sido desperdiçado nas mãos de Martini. A existência da possibilidade aplacou os ânimos, assim como os pilotos de teste italianos da Ferrari em épocas mais recentes.

Todos os pilotos mencionads acima tinham algo em comum - foram pilotos formados na F3 italiana do começo da década de 70, com passagens pela Formula Itália e outras categorias de base.

Foi sem dúvida uma geração ineficaz. É verdade de Maurizio Flammini merecia uma chance na F1 que nunca teve, tendo ganho três corridas de F2 com mérito. O resto, infelizmente, entrou para as notas de rodapé do automobilismo, sem conseguir consolidar carreiras em nenhuma categoria, com a rara exceção de Giorgio Francia, que se tornou piloto da Alfa-Romeo e mais tarde, um dos melhores pilotos da categoria turismo.

A geração seguinte de italianos foi bem melhor. Dela saíram Patrese, De Angelis, Alboreto, Giacomelli, os irmãos Fabi, Ghinzani, e muitos outros, e da parca presença demonstrada nos anos 70, no final de década seguinte os grids da F1 estavam povoados de italianos - às vezes, até 10 peninsulares numa única corrida, por volta de 1989, 1990.

A Itália passa por um momento análogo à seca do início dos anos 70. Com a aposentadoria forçada de Jarno Trulli, não há sequer um italiano nos grids neste ano. O único italiano a ser campeão da GP2, Giorgio Pantano, não teve chance de mostrar que pertencia à confraria da F1 (já tinha tido uma chance antes de se tornar campeão, fracassando) e Liuzzi já saiu da lista de pilotos considerados do metier. Hoje há Valsecchi, campeão da GP2.

Estes ciclos acontecem com quase todas as nacionalidades, salvo os ingleses. Parece que sempre há ingleses nos grids, embora nem sempre nas melhores posições. Uma geração inteira de franceses, apoiada pela Elf, Matra e Renault nos anos 60 e 70, também encheu as corridas de F1 de gálicos nos anos 70 e 80, diga-se de passagem, obtendo mais sucesso do que os italianos.

Durante alguns anos, não houve franceses na F1, uma situação recentemente, com a chegada de diversos pilotos do país de uma vez.

Esperemos que o Brasil nunca chegue ao ponto de não ser representado na F1. Tudo vai depender das empresas do país.

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