Surtees


A carreira de John Surtees foi peculiar, sob diversos aspectos. Entre outras coisas, Big John já era diversas vezes campeão mundial, de motociclismo, quando entrou na Formula 1.

Quando terminou sua carreira na categoria, em 1972, Surtees era dono de sua própria equipe, o Team Surtees, que diga-se de passagem tivera a sua melhor temporada naquele ano, ganhando os títulos Europeus de F2 e F5000, e obtendo aquele que acabou sendo seu melhor resultado num Mundial de F1, o segundo lugar no GP da Itália.

Ocorre que o Team Surtees praticamente já existia desde o início da carreira do piloto na F1. Não com esse nome inicialmente, óbvio.

O Lola de F1 com o qual Surtees correu na F1 em 1962, sua terceira temporada, depois de correr com Lotus de fábrica em 1960 (one fez certo furor) e Cooper particular em 1961, foi praticamente um carro encomendado por John, com muitas sugestões. E a equipe Honda de 1967, 1968 era praticamente uma equipe Surtees, de fato, algumas vezes o carro correu com o emblema do Team Surtees, que ficou mais difundido depois, e que já existia naquela época. Os Hondas de F1 da época eram Lolas, na verdade voltando a parceira de 1962. Quando o Team Surtees desapareceu das corridas, John teve uma concessionária Honda.

John também teve boa participação no desenvolvimento do Cooper-Maserati de 1966 e no BRM de 1969, o primeiro com sucesso, o segundo, verdadeiro fracasso. Os donos da BRM contavam que John faria da BRM uma equipe competitiva novamente, mas não foi o caso. No ano seguinte Pedro Rodriguez conseguiu tirar a equipe do ostracismo. Em 1970, Big John resolveu entrar com seu próprio desenho, com seu nome na F1, primeiramente usando um McLaren, e no meio da temporada o primeiro Surtees de F1.

Foi justamente na equipe em que John teve mais sucesso, a política Ferrari, na qual John teve que ficar com o bico calado. Deu lá suas contribuições, como qualquer piloto de primeira linha, porém, nada de excessivamente substancial, como foi com caso em outras equipes. Poderia haver um golpe de estado na Itália se descobrissem que um inglês projetou algo numa Ferrari. Como os tempos mudam. O único inglês que podia cantar de galo na Ferrari era o altão Mike Parkes, esse engenheiro com canudo e tudo.

Carlos de Paula é tradutor e historiador de automobilismo baseado em Miami

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