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Mostrando postagens de novembro, 2012

Arrogantes

Nos últimos dias, segui uma longa conversa no Facebook sobre o Bruno Senna. Acho que opinei umas duas vezes, pensei em opinar outras tantas, porém, deixei de lado meu ímpeto participativo. Fiquei observando de longe, vez por outra abismado, pois o nível às vezes desceu o morro. No Facebook, todo mundo dá opinião sobre tudo. Política, economia, negócios, mulher, futebol, religião, sociologia, estética, arquitetura, leis, ética, música, artes, geografia, história, e daí por diante. E também sobre o nosso querido automobilismo. Neste último quesito, muitos são aqueles arrogantes de plantão que adoram dizer "você não sabe do que está falando por que nunca sentou num carro de corrida". Geralmente são aquelas pessoas que querem ganhar uma discussão avacalhando a outra, pois não têm argumentos racionais ou fatuais. Muitas vezes estas mesmas pessoas opinam sobre economia, política, negócios, leis, etc., no próprio Facebook sem nunca terem sido políticos, economistas, homens

Teria sido muito feio

Ainda bem que não aconteceu. O final do campeonato de 2012 teria sido muito feio, se prevalecesse a tentativa de ganhar o campeonato no tapetão. Não teria sido a primeira aplicação de regras para desclassificação ou aplicação de penalidades para um piloto em uma corrida. Teria sido a primeira vez que tal aplicação, na última corrida da temporada, afetaria o resultado do campeonato. O Piquet já perdeu um GP do Brasil assim, a Tyrrel perdeu os pontos em 84, o Andretti perdeu a vitória na Itália em 78, que teria sido a sua última na F1, etc etc. Depois, teve os pontos perdidos por Schumacher em 1997, quando tentou resolver o campeonato no grito com o Villeneuve. Teria sido muito feio se o Alonso ganhasse o campeonato por que alegadamente o Vettel teria ultrapassado um semi-companheiro de equipe - pois o Vergne nada mais é do que um companheiro de equipe de Vettel, convenhamos, principalmente por que o espanhol tem se prevalecido justamente desse artifício para obter melhores colocaç

Genética automobilística

Há algumas dezenas de anos atrás, dava aulas de português a um sujeito bem jovem em Nova York. Tinha acabado de sair da Universidade, e já ocupava o cargo de vice-presidente de uma das maiores empresas imobiliárias da cidade. Tive curiosidade de saber seu paradeiro atual. Supresa, hoje é o presidente da mesma empresa! Alguns hão de dizer, "está no DNA". O próprio cara deu a razão. Numa entrevista, dizia que desde pequeno, só ouvia falar de imóveis, mercado, dinheiro, dinheiro, mercado, imóveis, do café da manhã até dormir. Seu destino já estava marcado, e deu-se conta de que já estava sendo treinado desde uma tenra idade, e assumiu a empresa que o avô fundara. Lógico, quis dizer que subiu pelos meios próprios, etc, etc. Conte outra, MC. Esse negócio de genética no automobilismo me parece furado. Fazendo uma análise por cima, há muito poucos, e circunstanciais, casos em que a performance de irmãos ou filhos se equipara. O que existe é o mesmo efeito do meu ex-aluno. O cari

GP do Brasil, Vettel, zero ponto caro

Tinha estabelecido uma meta, no ano passado. Como o GP do Brasil de 2012 cairia no meu aniversário, pretendia vir ao Brasil e ver a corrida em loco, e comemorar no lugar certo, Interlagos. Frustrei-me. Por questões profissionais, acabei ficando por Miami mesmo, e me limitando a ver mais uma final de campeonato na TV. Teve de tudo um pouco. Massa fazendo uma excelente largada. Hulkenberg liderando, um safety car lhe tirando a vantagem, vitória do Button que outra vez mostrou ser o cara na chuva, outra batida do Grosjean, título para Vettel. Jacques Villeneuve, aparentemente a única personalidade do automobilismo que consegue ter mais opiniões do que eu, disse que Vettel só tem boa performance quando larga na frente. Pois o alemão provou que Jacques deveria aposentar sua ferina língua, está começando a parecer o Pelé. Nas duas últimas corridas, Seb provou que consegue sair de lá de trás, e obter resultados fora do comum, primeiro nos EUA e agora no Brasil. No último caso, com um carr

Até logo (ou nunca) Kobayashi-san

Quando comecei a frequentar o mundo dos negócios em Nova York, em 1982, havia verdadeira obsessão em volta dos japoneses. Não era amor ou apreciação no strictu sensu - o que todo mundo queria era a fausta grana dos japoneses, que em pouco menos de trinta anos haviam se tornado, de longe, a economia mais pujante do mundo. Até veteranos de guerra americanos esqueceram os ressentimentos em relação a Pearl Harbor e foram à busca de alguns ienes. Havia cursos para executivos aprenderem a lidar com japoneses, sushi e sake viraram moda, cursos de idioma japonês. Até eu cheguei a pensar em aprender japonês, vejam só. Além dos japoneses, o pessoal também corria atrás dos sauditas, estes um osso bem mais duro de roer. Apesar das grandes diferenças culturais entre o mundo ocidental e oriental, os japoneses mais se aproximavam dos americanos dos que os esquisitos e austeros sauditas. Muitos achavam que o Japão seria dono do mundo em 10, 15 anos. Na Fórmula 1 houve a mesma coisa. Muitos dos gra

Cada coisa que a gente vê na mídia

A meu ver, se me permitam, o comportamento quase de fã, tifosi , de alguns setores da mídia que cobre o automobilismo no Brasil é parcialmente a causa da derrocada do esporte no país. Não vem de hoje. Comportam-se um pouco como o mais irracional dos torcedores de futebol. Quando o time está ganhando, diz que é o melhor time da história do esporte, quando começa a perder um pouquinho, começa a achar complôs em todos os lugares, quando nunca mais ganha, xinga os jogadores, técnico, diretoria. E ai de alguém se falar mal do seu time, se não for outro irracional torcedor. É bem verdade que o nosso esporte é cheio de silly seasons . Aí vem o problema. Como a maior parte da mídia brasileira hoje em dia cobre somente a F-1, e como temos somente dois pilotos na categoria, haja pauta, vez por outra aparecem artigos com uma pitada de hiperbólicos. Vi um artigo, não me lembro onde, dizendo que um novo Fittipaldi estava para entrar na F1, e com um patrocinador de peso de Carlos Slim, o mexic

Quanto ao GP de Austin...

Durante algum tempo, parecia que a corrida não ia ocorrer. Entretanto, o GP de Austin não só ocorreu, como foi um sucesso. O evento em si, pelo menos, foi um sucesso local. Nos treinos, parecia que a Pirelli tinha feito a escolha errada de compostos. A pista não estava devidamente emborrachada, e os carros passaram grande parte dos treinos, dançando ou saindo fora da pista. No dia da corrida em si, as coisas melhoraram. Logo veio à memória a bagaceira de 2005, quando a Michelin trouxe compostos errados para o GP dos EUA, retirou todos os carros com seus pneus no dia da corrida, que foi duisptada somente por 6 carros com pneus Bridgestone. Este foi o começo do fim do GP em Indianapolis. Segundo a imprensa, havia 120 mil pessoas no autódromo taxano no domingo. Nada mal, em se tratando de F-1, porém bastante longe dos 300 mil que assistiam a Indy 500 ao vivo há alguns anos atrás. Como até na Indy 500 os números de espectadores caíram em anos recentes, certamente 120 mil  foi um número

Considerações sobre a NASCAR

O título ganho por Brad Keselowski ontem tem uma série de ângulos interessantes. Acima de tudo, provou que Jimmie Johnson não é imbatível no Chase. O americano ganhou cinco campeonatos seguidos neste formato, e era um dos pilotos que podia sair campeão ontem. Brad corre pela Penske, que assim, ganha seu primeiro título na NASCAR. Roger já inscrevia AMC Matadors na categoria no início da década de 70, sem grande sucesso, e eventualmente voltou com tudo para a categoria. Foi um pequeno consolo por ter perdido um título praticamente ganho na Indycar. Além disso, foi o primeiro - e provavelmente último - título ganho pela Dodge desde que voltou  à NASCAR. Digo que é o último por que a Dodge já anunciou que sai da categoria a partir do ano que vem. Keselowski também é um dos raros pilotos da NASCAR a ganhar o título, com descendência não anglo, Curiosamente, o piloto, descendente de poloneses, ganhou o título vinte anos depois de o primeiro descendente de poloneses se tornar campeão,

O prodigio de ontem, veterano de amanhã

Como o tempo passa... Quando você segue o automobilismo durante muito tempo, frequentemente se lembra quando um piloto jovem entrou no esporte. Alguns com pouquíssima idade, como Mike Thackwell. Com a aposentadoria de Michael Schumacher, que julgamos ser definitiva, o título de veteraníssimo da F1 fica vago. Seria assumido pelo espanhol Pedro de la Rosa, exceto por um pequeno detalhe. A equipe Hispania será mais uma vez vendida, e francamente, duvido que o comprador seja espanhol, se é que alguém vai comprar a equipe. Se  o comprador não for espanhol, também duvido que Pedro continue a ser piloto de F1. O manto seria assumido por....tá-dá-dá-dá... JENSON BUTTON !!! Sim o inglês, campeão do mundo em 2009, está na F1 desde o ano 2000! Parece hoje que a Williams contratou o inglês diretamente do campeonato de F3, tipo de coisa que a Williams não estava acostumada a fazer desde a época em que alugava lugares em troca de alguns caraminguás. O garoto prodígio, como tantos outros, d

Velhos hábitos

Outro dia estava lendo o anuário Autocourse referente à temporada de 1999, e nele vi algo curioso. O piloto irlandês Eddie Irvine admitiu que ganhava rios de dinheiro, basicamente para garantir que um outro piloto ganhasse corridas e campeonatos. O outro piloto, caso não saiba, era Michael Schumacher e a equipe, Ferrari. O sincero comentário foi curioso, por que Eddie começou a temporada de 1999 ganhando, e de fato, o destino quis que fosse ele, e não Michael Schumacher, o piloto que disputaria o título de 1999, perdido para Mika Hakkinen na última corrida. Claro que as cláusulas contratuais ainda valiam, porém Michael pôs tudo a perder naquele ano com um sério acidente na Inglaterra que o alijou de algumas corridas e da disputa para o título, e no final, foi o alemão que teve que ser escudeiro do irlandês. Aqueles com memórias mais fortes se lembrarão que Irvine acabou assinando com a Jaguar, por um belo saco de Euros, e Barrichello foi contratado pela Ferrari, assim iniciando a s

Bocas sujas

O GP de Abu Dhabi teve lá seus momentos cômicos, pelo menos no final. Acho que logo, logo, a FIA vai mudar o esquema das entrevistas pós-corrida. Até o ano passado, as entrevistas eram realizadas numa salinha, com os pilotos sentados, após descansar um pouquinho, e conduzidas por um jornalista. Agora as entrevistas são realizadas por um ex-piloto, como Martin Brundle, Johnny Herbert e David Coulthard, com os pilotos no próprio pódium, e de pé. Provavelmente, o ambiente mais informal levou Kimi Raikkonen e Sebastian Vettel a se sentirem à vontade, de fato, muito à vontade. Os dois usaram palavras de baixo calão nas suas entrevistas, a ponto de deixar o almofadinha David Coulthard ruborizado. Este pediu perdão pelas palavras proferidas, lembrando a todos que o inglês nao era o primeiro idioma de nenhum dos dois boca sujas. Se fosse na NASCAR, os dois pilotos teriam levado uma bela multa. Vez por outra um piloto da NASCAR fala uma palavra cabeluda, e geralmente fica uns 10 paus mais

Algumas considerações

Não escondo de ninguém que meu piloto predileto na F1 atual é Kimi Raikkonen. Assim, não é preciso dizer que fiquei muito feliz com a vitória do finlandês ontem, quem sabe até mais feliz do que o Iceman. Tenho uma caidinha pelos "underdogs", aqueles pilotos que apesar de pilotarem carros mais fracos, em situações mais difíceis, conseguem resultados excelentes. Já gostava do Kimi antes, agora então... O que fez com a Lotus este ano é algo fora do comum. Estar na frente dos dois pilotos da McLaren e de Mark Webber na tabela é coisa de gênio. Alguns hão de dizer, "só está lá por que marcou pontos em quase todas as provas". Verdade, porém, considerando que Kimi ainda é um dos pilotos mais velozes do grid, o fato de não quebrar e nem se envolver em acidentes é para lá de notável. Quanto à primeira vitória da nova Lotus, não sei o que dizer. Podem me chamar de purista, não vejo esta equipe como Lotus. Tem o nome Lotus, tem o logo da Lotus, porém, não tem absolutamente

Decidiram melar as coisas para o Tião

Conheço muita gente que acha a FIA tendenciosa em favor da Ferrari. Obviamente hoje nem vão dormir. Terão um pouco de razão meus amigos conspiradores. Alguns podem argumentar que o Vettel voltar a ganhar tudo como no ano passado, não é bom para a F1. Ninguém dizia nada no início do milênio, quando uma outra equipe ganhava tudo... Vettel não largaria na pole em Abu Dhabi, porém largar em terceiro, com seu companheiro em segundo, não fica muito longe. E estaria largando na frente dos dois vermelhinhos! Regulamentos são regulamentos, e ficaram faltando 150 ml para a análise do combustível no carro do alemão. Não que 150 ml façam alguma falta, quando ainda há 850 ml, porém, o regulamento diz que deve haver 1 litro! Assim,  este pequeno detalhe relega Vettel para a última fila, na realidade, largará dos boxes, e certamente não será ele a ganhar a corrida de amanhã. Potencialmente, esta pequena e rigorosa execução do regulamento decidirá o campeonato. A não ser que o Maldonado e o

Melhor aproveitar

Não tenho dúvidas de que o favorito para a corrida de amanhã seja o Lewis Hamilton. Lewis foi, com certeza, a azarado do ano. No começo da temporada parecia o favorito, depois foram ocorrendo uma série de coisas, inclusive, quebras no seu McLaren. A pole de Lewis, e possível domínio na corrida de amanhã, podem dar um temperinho especial na classificação do campeonato. É certo que Vettel não larga longe, porém, tem muito perto dele Pastor Maldonado, que pode fazer alguma lambança na largada. O venezuelano declarou que vai botar para quebrar amanhã. No bom sentido, que vai disputar as primeiras posições. No mal sentido, provavelmente se envolva em alguma colisão. Pastor não ameaça somente Vettel. Alonso também está perto dele, alíás, mais ou menos um sanduíche entre Maldonado e Grosjean, o outro enfant terrible da temporada. É bom Lewis aproveitar estas últimas corridas na McLaren. A Mercedes foi o grande desapontamento deste ano. Nos treinos, parecia que finalmente faria uma tempo

O preço do sucesso

Uma das maiores discussões das eleições dos EUA é a adoção (ou não) de um imposto de renda cada vez mais progressivo. Em síntese, no imposto progressivo, aqueles que têm mais capacidade (os mais ricos), pagam uma alíquota maior. Em tese, o IR dos EUA já é assim, entretanto, devido aos diversos recursos que os mais abastados têm, como trusts, private foundations, e uma série de outras fábulas contábeis, acabam, como o candidato republicano Mitt Romney, pagando uma alíquota inferior à metade do que uma pessoa da classe média, tornando o IR americano efetivamente regressivo. Nada mais progressivo do que as taxas de inscrição que a FIA estará cobrando das equipes de F1 a partir de 2013.   Até agora, a taxa tem sido US$397,899.  Daqui por diante, a taxa mínima de uma equipe que marcou zero pontos, será US$500.000, e aquelas que marcaram pontos, pagam os mesmos 500 paus + US$6.000 por ponto. Ou seja, a Red Bull, com base no seu resultado de 2011, pagaria a bagatela de $4,4 milhões! Din