Os alemães de 1972

Circularam no Facebook diversas fotos de Reinhold Joest, durante as 6 Horas de Interlagos, com uma foto emoldurada apresentada pelo fotógrafo Claudio Laranjeira, da grande vitória do alemão nos 500 km de 1972. Não foi só este alemão, futuro bem sucedido chefe de equipe, que conheceu sucesso no Brasil há 42 anos atrás.

Correr, Reinhold já corria há muito tempo. Outro dia estava revisando alguns resultados do Campeonato Europeu da Montanha no início dos anos 60, e lá estava Joest pilotando um carro de baixa cilindrada. Cabe lembrar que as corridas de montanha eram mais ou menos o kart do dia de hoje, muitos futuros pilotos de F1 saíram desta escola. Já em 1969, Joest participou do Mundial de Marcas com um Ford GT40, com apresentações razoáveis, e em 1970, entrava a fundo na órbita Porsche.

Ocorre que até a sua vitória nos 500 km de 1972, se Reinhold havia ganho algo, com certeza foi uma corrida de baixa expressão, cujo resultado desconheço. Não que os 500 km tenham obtido muito Ibope lá fora. O livro do ex-piloto Teodoro Zeccoli, por exemplo, nem menciona sua participação na corrida, que eu me lembre sua última com uma Alfa protótipo. Portanto, diria que esta foi a primeira grande vitória de Reinhold como piloto, numa corrida de alguma substância..

Já durante a temporada de 1972 a Porsche vinha dando alguma ajuda no preparo do 908 do alemão, que fez boas corridas em Le Mans e Monza, e nos anos seguintes foi bastante aprimorado, inclusive com motor turbo. Eventualmente, Joest ganhou diversas provas do Mundial de Marcas e da Interserie, até chegar à conclusão de que era melhor chefe de equipe do que piloto. Sábia decisão.

E como chefe de equipe ganhou Le Mans diversas vezes, inúmeras corridas de endurance, IMSA, DTM, DRM. Além do seu longo vinculo com a Porsche, eventualmente Joest se tornou o homem da Audi, participando do domínio da marca alemã nas corridas de endurance e nas 24 Heures du Mans.

Um outro futuro bem sucedido chefe de equipe a ganhar algo no Brasil naquele ano foi Georg Loos. Como piloto, Loos era bem fraco. Bastante endinheirado, tinha bolso para comprar os melhores carros, porém o parco talento não ajudava. Participou durante diversas temporadas da Interserie, e conseguiu ganhar uma das corridas da Copa Brasil de 1972  com seu McLaren-Chevrolet. Convenhamos que comparada com os 500 km, a Copa Brasil foi ridícula. Avallone bem que tentou, porém, a pequena série de 3 corridas teve provas curtas e fracas, com alguns pilotos de pedrigrê questionável, inclusive Loos, que assim obteve sua primeira "grande" vitória.

Eventualmente Loos se tornou um dos principais donos de equipe de carros Porsche, com diversas vitórias no Europeu de GT, Mundial de Marcas, DRM, Interserie, além de ter alinhado um Mirage-Ford no Mundial de Marcas e na Interserie de 1975. Seu interesse pelo automobilismo se esvaiu, um belo dia, e a Gelo Racing Team foi kaput.

O terceiro alemão que conheceria mais sucesso como chefe de equipe do que piloto foi Willy Kauhsen.

Curiosamente, parecia que teria melhor futuro do que os três, porém, seu sucesso foi relâmpago - veio rápido, e foi embora mais rápido ainda.  No Brasil Willy ganhou uma das corridas da Copa Brasil, com o melhor carro do torneio. Na Europa, o alemão havia ganho diversas corridas com esse carro, além de ter tido boas participações no Mundial de Marcas (foi inclusive companheiro de Joest em diversas corridas, no Auto Team Usdau) e no Europeu de Turismo,  porém, em 1975 surgiu a oportunidade de gerir o programa da Alfa-Romeo no Mundial de Marcas. Decorado com a abreviatura WKRT (Willy Kauhsen Racint Team), a Alfa ganhou o campeonato e sete corridas do Mundial de Marcas daquele ano (com diversos 1-2), algo que a Autodelta nunca conseguira. A equipe também ganhou provas na Interserie.

No ano seguinte, Kauhsen resolveu abandonar os protótipos, e criou ma equipe de F2 com Klaus Ludwig e Ingo Hoffmann como pilotos, e Marches com motor Hart. O ano começou bem, depois foi piorando, até chegar ao fundo do poço. Em 1977, o resoluto Kauhsen resolveu comprar o equipamento da equipe vencedora do Euro F2 do ano interior, os Elf-Renault, porém, nem assim vieram os resultados.

Ambicioso, Kauhsen então decidiu que seu destino estava na F1. Com seu próprio chassis, Kauhsen teve uma das equipes com o pior desempenho dos anos 70. O carro tocado por Gianfranco Brancatelli era horrível, nunca conseguiu participar de nenhuma corrida, e o alemão desistiu no meio da temporada, vendendo seu equipamento para Arturo Merzario.

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