Quantidade não é tudo II, mas às vezes dá certo I

Outro dia escrevi sobre a temporada de 1999, e o grande número de pilotos brasileiros em algumas categorias do automobilismo mundial. Hoje retomo o assunto, com foco na temporada de 2001.
Nos seus vinte anos de vida, se esperava uma única coisa da F-3000: que fosse mais eficaz do que a Fórmula 2, na produção de campeões mundiais de F-1. Isto por que a F-2 formou bons pilotos, alguns participantes foram campeões (Emerson, Lauda, Hunt, Scheckter), porém, os campeões da categoria nunca ganharam o título da F-1, no máximo de vice (Ickx, Peterson Regazzoni). Ocorre que a F-3000 conseguiu ser mais inepta ainda do que a F-2 neste quesito. Durante seu reinado, muitos campeões de F1 sequer passaram pela F-3000, e, de fato, somente três dos seus campeões ganharam GPs, Montoya, Panis e Alesi, sendo que o Juan Pablo foi o único a botar panca de futuro campeão.
Infelizmente para nós brasileiros, pois tivemos quatro campeões na categoria, Roberto Moreno, Christian Fittipaldi, Ricardo Zonta e Bruno Junqueira. Nenhum destes chegou perto do sucesso máximo na F1, e Junqueira sequer participou de uma única corrida do Mundial.
Na temporada de 2001, o contingente brasileiro era o mais numeroso da categoria. A diversidade era grande. Havia pilotos da Hungria, Rep. Tcheca, Inglaterra, Itália, França, Rússia, Austrália, Suíça, Áustria, Estados Unidos, Espanha, Bélgica, Argentina e até mesmo da exótica Indonésia.
Os brasileiros foram Antonio Pizzonia, Ricardo Sperafico, Jaime Melo Junior, Ricardo Mauricio, e Mário Haberfeld. Apesar do sucesso de Junqueira no ano anterior, os brasileiros tiveram destaque em uma ou outra prova de 2001, porém nunca disputaram a ponta do campeonato. Antonio Pizzonia ganhou em Hockenheim, e Sperafico em SPA, e todo brasileiros pontuaram, sendo que do grupo somente Haberfeld não subiu no pódium. O vice-campeão do ano, Mark Webber, acabou sendo o único piloto daquela temporada a vingar na F1, de fato, lá está até hoje. Pizzonia, que chegou em sexto no campeonato, chegou até a liderar um GP, em sequência de pitstops, numa das raras corridas que fez com a Williams, e também pilotou para a Jaguar. Porém, não se firmou na F1.
Naquela altura, já ficava patente até para os brasileiros que a F3000 Internacional não era a única via de acesso de F1, e foi justamente no mais humilde Euro Formula 3000 que surgiu um brasileiro que está na categoria máxima até hoje. Foi Felipe Massa, que ganhou seis corridas e o campeonato, aumentando bastante seu cacife na Itália, onde se realizaram a maioria das corridas. Eventualmente, isto lhe rendeu dividendos na Ferrari. O brasiliense Vitor Meira também teve atuação destacada e acabou indo para o automobilismo americano, e o catarinense Leonardo Nienkotter enterrou sua carreira internacional de vez.
Foi na Indy 500 que o grande contingente brasileiro obteve mais sucesso naquele ano. Dos 33 pilotos que largaram, cinco eram brasileiros. E estes cinco chegaram entre os 10 primeiros no final da corrida! Não só isso, naquela que foi a primeira vitória de Castroneves em Indy, os brasileiros fizeram 1-2-5-9-10. Gil de Ferran chegou em segundo, fazendo dobradinha para a Penske, Junqueira chegou em quinto, Airton Daré em oitavo e Felipe Giaffone em décimo.
No campeonato CART, os brasileiros também tiveram atuação destacada. De Ferran ganhou o campeonato, com Castroneves em quarto, Cristiano da Matta em quinto e Tony Kanaan em nono. Os brasileiros ganharam nada menos do que dez corridas, sendo que Roberto Moreno e Bruno Junqueira, além de Castroneves, De Ferran e da Matta, ganharam corridas. De fato, nas últimas nove provas, os brasileiros ganharam sete!
Carlos de Paula é tradutor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O taxista de São Paulo, e muito disse não disse

RESULTADOS DE CORRIDAS BRASILEIRAS REMOVIDOS DO BLOG

DO CÉU AO INFERNO EM DUAS SEMANAS - A STOCK-CAR EM 1979