Quases, especulações e outros bichos


A história do automobilismo (e quase todas outras histórias) está repleta de quases especulações, etc. Muitos desses "quases" geram tremendas discussões, às vezes brigas, décadas após o não ocorrido.

Durante grande parte dos anos 70, os pilotos de F1 geralmente participavam de outras categorias para ganhar uns trocados, já que as equipes de F1 não pagavam tão bem. Já no final da década, uma grande parte dos pilotos de F1 tinha exclusividade com suas respectivas equipes, até por que o calendário se expandira, e também a necessidade de muitos treinos. E a grana melhorou.
O Campeonato Mundial de Marcas era uma das principais fontes de emprego para os pilotos fora da F1. E em 1975, por pouco (segundo alguns), Emerson Fittipaldi não pilotou para a Alfa-Romeo.

Essa especulação não é de todo implausível. Em 1971, Emerson ainda em começo de carreira fora contratado para pilotar uma Alfa com Toine Hezemans nos 1000 km de Buenos Aires. O carro se acidentou nos treinos, e Emerson acabou correndo num Porsche 917 em dupla com Carlos Reutemann, na sua única aparição no Mundial de Marcas.

Já em 1974, Emerson disputou uma corrida de Interserie com um Porsche 917-10 de Willy Kauhsen.

Como a Alfa Romeo disputou as corridas em 1975 praticamente era uma joint venture entre a Alfa Romeo (Autodelta) e Willy Kauhsen, e o manager da equipe era o português Domingos Piedade, amigo da família Fittipaldi, é bem possível que a coisa tenha sido mais do que uma viagem na maionese.

Já em 1977, somente o infortúnio impediu um brasileiro de pilotar uma Alfa (sempre a Alfa) no Campeonato Mundial de Carros Esporte. Aquele era o segundo ano de parceria entre a Brabham e a Alfa Romeo, e os pilotos da Brabham na F1, José Carlos Pace e John Watson, iriam pilotar uma das Alfas naquele campeonato. A outra seria pilotada por Merzario e Brambilla. Daí Pace morreu, e nunca teve a grande chance de ganhar uma corrida num Mundial de Protótipos (nota, a Alfa ganhou todas as provas do campeonato). Watson acabou não simpatizando muito com as Alfas, e foi substituído por Jean Pierre Jarier. Uma terceira Alfa disputou algumas provas com Spartaco Dini e Giorgio Francia.

Carlos de Paula é tradutor e historiador de automobilismo baseado em Miami

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