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Mostrando postagens de janeiro, 2015

A tendência entrópica

Longe de mim dizer que sou doutor em termodinâmica. Diria que mal sou letrado no assunto, embora confesse que tenho lá meus sórdidos fascínios pelo conceito. Seia meu lado masoquista. Principalmente com a tal segunda lei, a da entropia. Fascínio misturado com confusão, nada ajudado pelas informações que me foram transmitidas sobre o assunto. Acho que não sou só eu o confuso sobre a entropia, que diga-se de passagem, trata justamente de confusão. Alguns dizem que se aplica somente a sistemas fechados, outros que é somente teórica, outros juram que o universo acabará um dia quando a entropia atingir o auge, que é uma coisa real, realíssima e assustadora! Muitas das teorias mais sofisticadas da ciência na realidade se basearam em observações de coisas banais, nada sofisticadas. Nada errado com isso. Afinal de contas, não se tratam de completas abstratas viagens na maionese, seriam fruto de investigações sérias com os propósitos mais nobres, sobre coisas reais. Quanto à entropia, imagi

O mal amado

Eu era um grande fã da novela "O Bem Amado". Quando descobri que estava disponível em DVD numa das minhas viagens ao Brasil, não titubeei e comprei. Eu e minha esposa nos refestelamos, assistindo, 3 a 4 capítulos por dia. Bom, este post não trata dessa magnífica novela, a primeira a cores no Brasil, e que cores, nem do homônimo filme português. Porém, trata de alguns Odoricos Paraguassus... O mal amado, senhoras e senhores, é o automobilismo. Não há dúvidas de que o automobilismo conta com muita má vontade por parte da grande maioria dos governos brasileiros de todas as jurisdições, dos Odoricos Paraguassus que geram a coisa pública no país. Que se dane o fato de termos tido três campeões mundiais, inclusive um frequentemente considerado o melhor piloto de F1 até hoje, dezenas de campeões em categorias diversas, e centenas, quem sabe já milhares, de vitórias em corridas em dezenas de países. Salvo pelo futebol, é o automobilismo que tem projetado o nome do Brasil aqui for

Falem mal, mas falem de mim

O leitor provavelmente já escutou esta frase, e muitos provavelmente a acham falsa ou exagerada. Eu cada vez mais me convenço de que falar mal é um forte veículo promocional, quem sabe o mais eficaz. Neste fim de semana estive em Atlanta, tinha um casamento imperdível. Nunca estive na cidade, porém, ficaríamos lá somente dois dias, e no domingo já partiria. Não dava tempo para visitar a cidade inteira, portanto, o único passeio mais viável seria a Coca Cola World. Já bebi muita Coca Cola, porém, hoje em dia, tomo muito pouco refrigerante, seja normal, seja diet. Minha briga com o peso e com o refluxo afastaram os refris do meu cotidiano. Porém, não tenho nada contra a empresa. Depois de um pequeno entrevero com o urso polar (ao vê-lo se coçar perguntei se tinha piolhos, o urso ficou macho comigo...) meu grupo se deslocou para a seção de prova de refrigerantes. Eu estava esperando tomar mais uma vez uma Fanta de Cassis que bebi na Bélgica há alguns anos atrás, certamente

Fazer currículo

Às vezes acho que tem gente que interpreta errado a expressão "fazer currículo". Fazer não significa inventar. Como já temos a tradição do inventivo Manoel de Teffé no automobilismo brasileiro, não é de se estranhar o grande número de participações no estrangeiro, vitórias em campeonatos que nunca existiram, até mesmo participações tidas como certas na F-1, ou mesmo convites para correr na F1 (u-la-lá!!!) ou outras categorias que não passam de figuras de imaginação ou conversas de pits - ou de botequim. Outro dia, lendo um livro de imprensa da CART, vi na biografia de um piloto brasileiro que este era piloto de testes da Fomet na F1. Na realidade, fez um curto teste na Fomet. Daí, até ser piloto de testes de uma equipe, há uma imensa diferença. Quem pode, pode, quem não pode, inventa...

2 corridas que a Ferrari quase perde em 1972

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Nos anos 50 a 60, a Ferrari ganhou diversos campeonatos de protótipos, além de diversas edições seguidas de Le Mans. De fato, se na F1 a Ferrari fazia excelente figura, nos GTs e Protótipos praticamente mandava. Eventualmente, questões econômicas e de ordem prática levaram Il Ingeniere a escolher uma disciplina ou outra. A Ferrari correu oficialmente na categoria esporte até 1973, e dominou completamente o campeonato de 1972. Curiosamente, entretanto, as duas corridas que a Ferrari quase perde em 1972 foram justamente na Itália. Nos 1000 km de Monza, a Ferrari não teria a sua rival Alfa-Romeo, nem tampouco a Mirage na pista. Seu maior concorrente seria a Ecurie Bonnier. Ainda assim, a Ferrari levou três carros para Ickx-Regazzoni, Peterson-Schenken e Redman-Merzario. Somente vinte dos quarenta carros presentes se classificaram para a largada. Parecia uma baba para a Ferrari, que fez 1-2-3 nos treinos. No meio da corrida, disputada sob forte chuva, as coisas ficaram dif

A F1 dos anos 50

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Os relatos do automobilismo brasileiro nos anos 50 nos dão a impressão de que tudo era muito improvisado, amador, feito por pessoas apaixonadas, mas sem recursos. Isso é verdade. Só tem uma coisa - isto também se aplicava à Fórmula 1 da época. Ouviram bem, era essa a vida na F-1 da época . Estamos acostumados a ler sobre as aventuras da Ferrari, Mercedes-Benz, das equipes de fábrica com múltiplos carros. Só que estes, os Fangio e Moss da vida, eram as exceções. A regra eram os independentes, aqueles pilotos que disputavam uma corridinha aqui, outra ali, muitos dos quais nunca marcaram um único ponto. Estes compunham a maioria dos grids, quantitativamente. O personagem dessa história é Bruce Halford, um inglês que participou da F-1 entre 1956 e 1960. Bruce havia adquirido um Maserati 250F, com o qual disputou diversas corridas a partir de 1956, assessorado por seu fiel mecânico Tony. Após disputar diversas corridas de Formula Libre na Inglaterra no início da Temporada de 1957, Ton

O assassino

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Na história do automobilismo, nem todos carros envolvidos em acidentes fatais foram descartados. De fato, muitos acidentes causavam muito mais danos nos pilotos do que nos carros, principalmente nos antanhos. Mas o Ford V8 de Irineu Correa, de 1935, deve ser um recordista mundial de morbidez. Esse não foi o carro usado por Correa para ganhar a Gávea em 1934. Era um carro novo, e um dos favoritos para ganhar a prova. Irineu, antes de iniciar a prova, declarava que a morte estava em toda parte no Trampolim do Diabo. Mal sabia ele. Logo no início da prova, Irineu derrapou e deu uma trombada numa árvore, caiu num canal. Morreu. O carro foi recuperado, e inscrito na mesma corrida da Gávea, em 1937, por Diogo Palombo. Desta vez o alvo foi um poste, durante treinos, e o resultado, o mesmo. Morte para Palombo. Em 1938, o carro, devidamente restaurado, fez outra vítima - José Bernardo bateu em um barranco e morreu dos ferimentos. Depois desse, acho que ninguém pensou em recupe

Primeira vitória de um Williams

Hoje em dia a Williams é somente uma boa equipe, mas houve época em que mandava na Fórmula 1, ganhando muitos títulos e provas. Os mais ávidos torcedores sabem que a primeira vitória da Williams foi no GP da Inglaterra de 1979, com Clay Regazzoni, mas poucos sabem qual foi a primeira vitória de um carro produzido por Frank Williams. Frank entrou na F1 em 1969, preparando um Brabham para seu amigo Piers Courage. Teve excelentes resultados, inclusive dois segundos lugares. Em 1970, a equipe passou a usar um chassis De Tomaso, e as coisas foram de mal a pior. O carro nunca marcou pontos, e para melar de vez a temporada, Courage morreu no GP da Holanda. Em 1971, Williams comprou um March, e seu piloto era Henri Pescarolo. Foi em 1972, na equipe que contava com o brasileiro José Carlos Pace, que Williams produziu seu primeiro chassis, o Politoys, que disputou poucas corridas com Henri Pescarolo e Chris Amon. Politoys era o nome do patrocinador de Williams na época. No ano seguinte,

Ensinando o Padre Nosso ao Vigário

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Além de ser a final do campeonato de 2010, duas coisas interessantes podiam acontecer após a prova de Homestead daquele ano. Uma delas aconteceu, o quinto campeonato consecutivo de Jimmy Johnson. No ano anterior, Jimmy quebrara o recorde de Cale Yarborough, tri-campeão em 76-77-78, e então se firmou como recordista absoluto de campeonatos consecutivos, embora ainda esteja com dois a menos do que Richard Petty, campeão sete vezes. A vitória de Jimmy excluiu a outra coisa historicamente interessante. Denny Hamlin liderava o The Chase após a última etapa. Se ganhasse seria seu primeiro campeonato, mas nada há de muito interessante nesse marco - todos outros campeões ganharam seu primeiro campeonato um dia, até Jimmy. O importante é que Hamlin pilota um Toyota, e se fosse campeão, não só seria o primeiro campeão da Toyota, mas o primeiro de uma montadora não americana. Na hora do almoço, sentei-me à mesa com um senhor, que posteriormente descobri ter 82 anos. Inicialmente, não fal

International Motor Racing, 1977

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Se por um lado o mundo evoluiu, por outro regrediu. Vejam, por exemplo, o mercado livreiro dos Estados Unidos - este regrediu bastante. Em 1977, quando você passeava na área mais nobre da Quinta Avenida em NY, da rua 42 à 57, podia se deleitar com diversas livrarias. Cada uma com seu estilo, grande diversidade nas prateleiras de uma para a outra. Hoje, só encontrará a Barnes & Noble, não só na Quinta Avenida, como na maior parte do país. Se tiver sorte, encontra uma independente aqui e ali. E na Internet, quem manda é a Amazon.com. Diria você, o que há de errado nisso? Simples, se você, como editora ou como autor, não cair nas graças da Barnes and Noble, é melhor nem escrever seu livro. Nos antanhos, se não encontrasse um determinado livro na BN, achava na B.Dalton, na Scribner, Classic, Coliseum Books, Rivoli, etc. E foi na Scribner que comprei este livro. Lembro até hoje, pois era uma livraria bastante diferenciada, especializada em livros de arte. Não achei que teri

Cúmulo de sorte e de azar

Carreras son carreras, já dizia Fangio, e só se ganha quando aparece a quadriculada. Muita gente ganha corridas com sorte, outros as perdem com muito azar. No caso da CART, duas circunstäncias merecem menção. O colombiano Roberto Guerrero, conhecido por suas excelentes atuações em Indianapolis, liderou todas as voltas da corrida de Miami em 1986, depois de largar na pole. Daí perdeu a prova na última volta, sendo ultrapassado por Al Unser Jr. Diga-se de passagem, Little Al não precisava de mais esta vitória no seu longo currículo, que ficou fazendo falta para Roberto. Já com Hector Rebaque ocorreu o oposto. Depois de passagens sem destaque na Fórmula 2, Fórmula Atlantic e mesmo na F-1, onde chegou a disputar provas com um Rebaque-Ford (na realidade, um Lotus ligeiramente reformado, mas isto é outra história), Hector foi parar na Fórmula Indy. Sua carreira ali não estava sendo grande coisa, quando ocorreu o inesperado. Em Elkhart Lake, Hector liderou uma única volta na sua c

Suicídios no automobilismo

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Desculpem pelo tópico mórbido. Mas quando vem um assunto à mente, a gente tem que escrever. Principalmente quando há falta de assunto. Na atualidade, pouco se associa a palavra suicídio ao automobilismo. Antigamente, uma parcela muito grande da população que não entendia o automobilismo associava a prática do esporte ao suicídio. Correr de carros era, na ótica de muitos, nutrir um desejo de morrer pelos seus próprios meios. Como havia muita morte no esporte, o conceito maluco pegou. Hoje em dia relativamente poucos morrem, e ninguém mais fala no assunto. Na realidade, a incidência de suicídios entre automobilistas é pequena. Com certeza, muito inferior a artistas plásticos, músicos, empresários de grande porte e intelectuais. De fato, de cabeça, só me lembro de dois. Um deles envolveu um ex-piloto de Fórmula 1, o belga Willy Mairesse. E ainda por cima, ex-piloto da Ferrari. É certo que Willy nunca foi do time A, pois a Ferrari tinha um time A e um time B de pilotos na época.

Um post terrivel, não leiam

Nós, os civilizados, nos iludimos com a ideia de que somos todos iguais perante a lei e perante a sociedade de modo geral. Trata-se de uma inverdade. Alguns são mais iguais que os outros, sempre digo. Lembremos que na sociedade há privilégios. E nem sempre os privilegiados são parte das elites endinheiradas. No fundo, o ser humano sempre vai abusar um pouquinho do seu poder, se o tiver, seja o fulano político, professor, clérigo, policial, burocrata, empregador, terrorista, bandido, progenitor, mestre de obras ou “formador de opinião”.   Ah, os “formadores de opinião”!!! Tenho milhares de textos na internet, em diversos idiomas, que já tiveram milhões de leituras. Isso não me faz um “formador de opinião”. Sou um humilde e ilustre desconhecido, e tenho plena noção disso. Tenho tanta influência como uma baratinha numa cozinha. Chateio durante alguns instantes, porém, posso ser facilmente eliminado com uma vassourada ou com um inseticida. Isto ficou claro, há alguns anos atrá

Bons Tempos

Até 1997, a corrida de F3 de maior prestígio no mundo era, sem dúvida a preliminar do GP de Monaco. Depois dessa edição, só foi realizada uma outra prova de F3 no Principado, em 2005. Quem abocanhou para si o título de prestígio na F3 foi uma outra corrida de rua, o GP de Macau. Indubitavelmente, em charme Macau é a segunda pista de rua no mundo. Nem Long Beach conseguiu chegar perto, tampouco Valencia. Foi justo no enclave lusitano na Ásia que brasileiros tiveram muito sucesso, no período de transição da chegada da F3. Pois até 1982 a corrida era disputada inicialmente por carros de Fórmula Libre, depois de Fórmula Pacific. Esta nada mais era do que a versão oriental da Fórmula Atlantic, monopostos de 1600cc. O vencedor dessa última corrida de Pacific foi o brasileiro Roberto Moreno, em 1982. E o vencedor da primeira prova de F3 em Macau foi Ayrton Senna, em 1983. Embora tenha chegado um pouco em cima da hora,depois de um longo voo, sem ter oportunidade de treinar Senna m

A era Ford

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Houve uma época, no final dos anos 60 e início da década de 70, na qual o nome Ford imperava no automobilismo mundial. Antes disso, a presença era esporádica, depois, minguou bastante. O nome Ford começou a se espalhar pela Europa no início dos anos 60, quando o motor Ford superou a vasta gama de motores usados na Fórmula Junior (DKW, Wartburg, Saab, BMC, Fiat, etc) e se tornou o propulsor mais usado na categoria. Na Inglaterra, os campeonatos de saloon (carros de turismo) já tinham forte presença da Ford. Daí veio o Ford GT40, que fez história ao bater a Ferrari por quatro anos seguidos em Le Mans, de 1966 a 1969. Em 1967 aparecia o motor Cosworth DFV patrocinado pela Ford. Alguns diriam que não era um Ford, mas nesta época de badge engineering, temos que chamá-lo de Ford, se admitimos que houve um motor Petronas na F1. Inicialmente usado pela Lotus, logo se tornou o motor mais usado (e de melhor performance) na F1. Em 68, a McLaren a Matra começaram a usar o motor, que em 19

Corrida é cultura, ou questões fracionárias

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Houve época - nos anos 50 - quando marcar a volta mais rápida em uma corrida dava ao autor do feito um ponto. Acho que a prática deveria voltar. Não somente um ponto para a volta mais rápida, como outro para a pole. No caso das voltas mais rápidas, algumas figuras como Brian Henton teriam obtido pelo menos um ponto na F1. Por outro lado, o Schumi teria acumulado um grande saco de pontos, com as suas múltiplas dúzias de poles e voltas mais rápidas. E esses pontos poderiam ter mudado os resultados de alguns campeonatos, principalmente nas guerras entre Prost e Senna. O problema - se é que podemos chamar isso de problema, num mundo cheio de crimes, tornados e terremotos - é que esse ponto devia ser dividido, se mais do que um piloto igualasse a marca. Os cronômetros dos anos 50 estavam longe de ser tão precisos quanto os de hoje em dia. Também não existiam células foto-elétricas ou transponders. Ainda assim, geralmente só um piloto levava o pontinho para casa. Só que, por uma

Brasileiros na F3, 1981

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O paranaense Raul Boesel foi a grande estrela brasileira na Fórmula 3 inglesa, em 1981. Boesel havia se revelado no primeiro Torneio de Stock Cars em 1979, e no ano seguinte foi para a Inglaterra, correr em Formula Ford, ganhando nove corridas. Assim conseguiu patrocínio suficiente para subir de categoria. Na Fórmula 3, Boesel pilotou um Ralt RT3-Toyota. Desde o início foi um dos ponteiros do campeonato, embora a série fosse amplamente dominada pelo inglês Dr. Jonathan Palmer.Boesel ganhou a sua 11a. prova, em Silverstone, e depois ganhou duas outras corridas, uma em Oulton Park e uma segunda prova em Silverstone. Terminou em terceiro no campeonato, atrás de Palmer e do belga Thierry Tassin. O brasiliense Roberto Moreno sempre teve uma carreira agitada, e não foi diferente na Fórmula 3. Moreno também correu com Ralt-Toyota, e embora tenha ganho a sua quarta corrida na categoria, em Silverstone, houve questionamentos sobre a legalidade do seu carro, e foi eliminado de algumas provas

PRIMEIRA VITORIA BRASILEIRA NO MUNDIAL DE MARCAS

Em 1981 o Campeonato Mundial de Marcas parecia ter chegado ao que parecia seu fundo do poço. Na realidade, as coisas piorariam em 1992, mas em 81 a qualidade dos grids ficava cada vez pior, com poucos interessados no título e participação quase inexistente de fabricantes, exceto pela Lancia. Os belos dias de batalhas entre a Ferrari e Ford, Porsche e Ferrari, Alfa Romeo e Matra-Simca pareciam uma história longínqua. Assim, o Campeonato Mundial de Marcas de 1981 teria somente seis etapas, embora houvesse um Campeonato Mundial de Pilotos de Endurance, com mais rounds, só para complicar ainda mais a cabeça do torcedor. Restavam poucos indícios do passado, entre eles, os tradicionais 1000 km de Nurburgring, disputados na famosa pista de mais de 22 km e 170 curvas, no meio de uma floresta alemã. Pista com passado de glórias e tragédias, Nurburgring era ao mesmo tempo temida, apreciada e respeitada por pilotos do mundo inteiro. Os 1000 km sempre atraiam uma longa lista de insc

Coitado do Alf Francis

Uma das carreiras mais interessantes do automobilismo foi a de Striling Moss. Dizem que o piloto, que na sua primeira carreira correu até 1962, ganhou quase 200 corridas. Depois teve um acidente terrível, voltou a correr no BTCC, e participou até recentemente de corridas com carros históricos. Mas ficou longe da F1, que naquela época, anos 60, era implacável, matava mesmo. Stirling ainda fazia parte da época romântica do automobilismo. Nada de grandes caminhões, hospitality trailers, patrocínio para todo lado. Muito pouca frescura. A única coisa similar é que andava muita mulher bonita no paddock, e Stirling tinha fama de Don Juan. Mas voltando ao esporte, naquela época alguns carros não eram nem projetados por engenheiros.  Eram literalmente criados no vamos-ver, e a figura do mecânico era muito importante. Stirling tinha um mecânico de primeira Alf Francis, que ganhava uma porcentagem desconhecida dos prêmios de resultados de Moss. Os de largada ficavam no bolso do Sti

Incríveis simetrias

A história da F1 está repleta de coincidências, muitas das quais passam despercebidas da maioria dos entusiastas. Não sou esotérico, portanto, não estou sugerindo que exista uma razão para elas. Simplesmente ocorreram. Uma delas têm a ver com o fato de Juan Manuel Fangio e Stirling Moss terem ganho seus últimos Grandes Prêmios no magnífico Nurburgring, em 1957 e 1961, respectivamente. Fangio e Moss foram indubitavelmente os melhores pilotos da década de 50. Alguns gostariam de incluir Ascari, mas apesar do domínio do italiano em 52 e 53, não acho que Alberto estava no mesmo nível de Juan e Stirling. Pois Fangio ganhou o seu 24o. GP em Nurburgring, naquela que é considerada a sua melhor corrida, certamente, melhor vitória. Simplesmente humilhou a equipe Ferrari, que estava em melhores condições de ganhar naquele dia. A vitória de Stirling na Alemanha, em 1961, foi similar. Moss não tinha o melhor carro, de fato, pilotava um Lotus com um motor Coventry Climax ainda bem fra

Uma bela corrida, 1948

É importante revisar a história, de vez em quando. Muitos fatos enfatizados como grandes não foram tão importantes quanto outros que se perdem nos meandros do tempo. Veja, por exemplo, as vitórias de Pace e Wilsinho na F2, o primeiro em Imola, 1971, e o segundo, em Misano, 1973. Estas vitórias são amplamente mencionadas não só nas respectivas biografias dos pilotos, como artigos sobre o automobilismo da época. Foram boas vitórias, mas longe de ter o peso que lhes é dado frequentemente. Sem querer esvaziar muito a importância dos feitos, ambas as corridas tiveram fracas listas de inscritos, e muitos abandonos entre os poucos bons pilotos presentes. Já a vitória de Chico Landi no GP de Bari em 1948 não recebe, a meu ver, a devida importância. Frequentemente é mencionada quase como um acidente de percurso, mais uma daquelas inúmeras corridinhas chulé que ocorriam na Itália. Primeiro, era o período pós-guerra, e as corridas não eram tantas assim. Esta foi a segunda edição do G