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Mostrando postagens de 2013

Por que não acreditar na primeira coisa que você lê

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De 1969 a 1973, Anthony Pritchard, que já era autor de uma condensada enciclopédia de automobilismo, publicou um simpático anuário chamado Motor Racing Year. Destes comprei os exemplares de 1970, 71 e 72. Além de cobrir a Fórmula 1, os anuários de Pritchard continham artigos completos sobre cada evento do Campeonato Mundial de Marcas, além de capítulos sobre outras séries importantes da época, como F2, Can-Am, Intersérie e Campeonato Europeu de Dois Litros. Curiosamente, os anuários de Pritchard eram praticamente os únicos a conter detalhados artigos individuais sobre as diversas provas de Fórmula 1 extra campeonato realizadas na época. De fato, outros anuários de 1971, como o próprio Autocourse e o anuário de Eddie Guba, só continham os resultados (incompletos) das corridas - e olhe lá. Pois um dia destes, um amigo no Facebook publicou uma foto de Ronnie Peterson num March 711. E eu disse, "só o Ronnie Peterson mesmo para conseguir obter um segundo lugar num March com motor A

Nem choro, nem vela

Antes de mais nada, cabe dizer que não sou suficientemente arrogante para achar que entendo mais de F-1 do que qualquer pessoa que chegou ao cargo de diretor geral de uma equipe da categoria. Eu, como a maioria dos blogueiros (até mesmo os jornalistas especializados, me perdoem), vejo as coisas pelo lado de fora, no meu caso, bem de longe. Quem está no meio da tempestade se molha. Assim, creio que a muito criticada Monisha Kaltenborn, manager da equipe Sauber, obviamente entende muito do assunto F1, certamente mais do que eu. Também entendo que a natureza humana, seja na F1, na feira-livre, ou mesmo no humilde mercado mundial de traduções, é puxar a sardinha para o seu lado. Somos todos lobistas de primeira, e egoístas por essência. Sem exceções. Portanto muito (ou quase tudo) que um GM de uma equipe de F1 declara à imprensa tem o viés de manipular os fatos para o lado e situação da sua equipe. Afinal de contas, se você não proteger seus interesses, quem protegerá?     Ocorre que

Uma livraria especializada em automobilismo com L maiúsculo

Não escondo de ninguém, uma das principais razões por ter escolhido Milão como um dos destinos da minha mais recente visita à Europa era a Libreria dell'Automobile, cuja existência já sabia há algum tempo. Confesso que estava pronto para ser desapontado. Já visitei inúmeras livrarias especializadas no assunto, em diversos lugares, e a maioria não existe mais, inclusive. Aqui nos EUA, livrarias "físicas" estão desaparecendo rapidamente. A Barnes and Noble, que passou a dominar o pedaço já nos anos 80, eliminou sua última grande concorrente, a Borders, e agora deu para fechar suas lojas físicas, inclusive a mais próxima da minha casa. Deseja concorrer com a Amazon online, tirando grande parte da delícia que é escolher um livro. Na realidade, depois do desapontamento causado pela supostamente melhor livraria sobre o assunto em Londres, estava preparado para tudo, apesar da evidência fotográfica indicar que esta era A LIVRARIA. E é. O que diferencia a Libreria dell

Dobro de pontos - uma ideia de jirico

Entendo que a F1, assim como todo esporte profissional, é um evento midiático, e assim sendo, a manutenção e crescimento de audiência são importantes para garantir a saúde econômica da atividade, sustentada por multinacionais que querem numerous gordos. Obviamente, tem incomodado muita gente o fato de Sebastian Vettel ter ganho os últimos quatro campeonatos de F1. Tem incomodado mais do que os cinco anos de sucesso de Schumacher no começo do milênio, afinal de contas, Michael pilotava um carro de uma mítica e tradicional equipe, e não de uma recém formada equipe financiada por um fabricante de bebidas energéticas. Assim sendo, existe o óbvio desejo de mudar o curso das coisas. Convenhamos, contentes mesmo só estão Vettel e a Red Bull, e há outras dez equipes e vinte-um pilotos. Entretanto, a ideia de atribuir o dobro de pontos para o último GP do ano, justamente em Abu Dhabi me parece o cúmulo dos cúmulos. Não tenho nada contra os países do Oriente Médio, porém, se fosse para faz

Morre o Rei da Montanha

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Não se trata propriamente de uma notícia, afinal de contas o fato ocorreu há mais de três semanas. Mas, como este não é um blog noticioso, nunca foi, nunca será, vamos lá. Convenhamos que nem mesmo o mais ávido fã brasileiro de automobilismo provavelmente conhece este Rei, salvo por aqueles com conhecimento enciclopédico do Mundial de Marcas, que certamente reconhecerão o nome Mauro Nesti entre os participantes das corridas em Monza e Targa Floio nos anos 70. Ocorre que Mauro Nesti foi incontestavelmente o Rei das Montanhas. Campeão do Europeu de Montanhas nove vezes (inclusive seis vezes seguidas entre 1983 a 1988) e dezessete vezes campeão italiano da modalidade (inclusive onze vezes seguidas entre 1973 a 1983), Nesti põe no chinelo alguns dos recordes atuais. Sem contar 450 vitórias, incluindo diversas em pistas normais, e 205 vitórias somente no italiano. Se o número parece inflado pense duas vezes. Basta ler edições da Autosprint dos anos 70 e 80, e constatar que quase todas as

O domínio de Vettel faz mal para a F1?

Esta questão me parece uma anti-questão. Em suma, acho que o domínio de Vettel não faz mal para a F1, como não fez o domínio de Fangio nos anos 50, na era pré-midiática, ou na época de Schumacher, já neste milênio midiático. Na realidade, é preferível, de certa forma, existir uma figura dominante no mundo dos GPs, para atrair público. Também, precisamos encarar a realidade. Desde o ano 2000, as categorias top do automobilismo passaram a ser mais passíveis de domínio do que em qualquer outra época. Vejam bem. Dario Franchitti ganhou quatro dos cinco campeonatos da Indycar realizados entre 2007 e 2011. Que me lembre, nenhum outro piloto conseguiu este feito, seja na época da AAA, da USAC, CART ou IRL. A Audi continua a dominar Le Mans desde a sua primeira vitória no ano 2000. De fato, salvo por uma vitória da Bentley (em Audi meio disfarçado) e da Peugeot, todas as outras vitórias foram da marca alemã neste longo intervalo. Apesar deste domínio, há muito tempo que não há tanto in

Magnussen e a mudança de paradigma

Já venho dizendo há um bom tempo que ocorreu uma mudança de paradigma de ascenção dos pilotos à F-1. O modo tradicional já era, e a recente contratação de Kevin Magnussen é simplesmente uma afirmação do que tenho dito. Serve o aviso para os pais de pilotos brasileiros que desejam revelar o próximo "Ayrton" - as coisas não se fazem mais como no passado. Antes de tecer comentários sobre a contratação de Magnussen, é importante refletir sobre a curta carreira de Sergio Perez na McLaren. No ano passado, o mexicano era o queridinho do paddock, de fato, muitos (inclusive eu) achavam que terminaria na Ferrari em 2013. Foi competitivo, rápido, e demonstrou bastante maturidade considerando a sua pouca experiência. No fim das contas, Perez acabou na McLaren, que poderia ter sido o início de uma cerreira brilhante, mas pelo jeito, é o final da sua passagem por equipes top. Só um louco diria que a temporada de Perez foi boa. Entretanto, o maior culpado disso não foi o próprio piloto,

A poesia da história - a Fórmula 1 e a Copa

Sou um ávido leitor de livros de história, não somente de automobilismo. História do Brasil, dos EUA, de países europeus, do oriente, etc. A história tem uma certa poesia, às vezes cruel, às vezes suave, com surpreendentes simetrias, assimetrias, ciclos e encaixes. Muitas dessas curiosidades não passam de meras coincidências, porém às vezes queremos ver causas e efeitos onde não existem. Um dos encaixes mais surpreendentes da história da participação brasileira na Fórmula 1 diz respeito a datas. Não sou adepto de numerologia ou astrologia, ou coisas deste tipo, porém, o encaixe é curiosíssimo. E obviamente, mera coincidência. Em 1970, o Brasil era o time da hora no futebol. Depois de ganhar dois títulos, um na década de 50, outro na de 60, e depois de dar vexame na Copa de 1966, o Brasil parecia ser o grande favorito para ganhar a Copa do México. Contava com um time tão bom, que certamente, mais de 40 jogadores poderiam ter sido convocados para o time, que ainda contava com o rei P

O que podemos esperar de Felipe Massa na Williams

Agora que quase chegamos ao ocaso da temporada de 2013, resta a pergunta - Felipe Massa continua ou não na F1 em 2014? Depois de muito se falar em Massa na Lotus, parece que o segundo carro desta equipe será movido pelo talento de Hulkenberg ou pelos petrodólares de Maldonado. Nico já se recusou a assinar com a Sauber, portanto, é bem possível que vá para a Lotus, mesmo. Esta, entretanto, precisa de grana, diga-se de passagem, o fato que causou a saída de Raikkonen da equipe. Grana Maldonado ainda tem de monte. Quanto a talento... Uma coisa também é certa. Maldonado não quer mais ficar na Williams. O lugar ficaria vago, e Massa seria um dos candidatos a ocupar um dos carros da tradicional equipe. Se contarmos a partir de 69, quando usava carros Brabham, a Williams não só é uma das mais vitoriosas, como mais tradicionais equipes da F1. Os carros de Frank estiveram em todos os mundiais desde então, e no quesito antiguidade com continuidade, só é superado pela Ferrari e McLaren. O n

Um econobox surpreendente

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Hoje em dia dia estamos acostumados com os múltiplos sucessos do motor Renault na F-1, uma forte presença gálica na categoria. Na realidade, foram os franceses a criar o automobilismo de competição, ainda no século XIX, e o primeiro Grande Prêmio se realizou na França, em 1906. O vencedor foi um húngaro, Ferenc Szisz, e o carro um Renault. Além da Renault, havia também a De Dion-Bouton, Panhard, Clement-Bayard, Peugeot nessa primeira fase do automobilismo. Nos anos 20 e começo da década seguinte, a supremacia francesa continuou com a Bugatti, além de boas participações da Delage e Delahaye nos GPs. Depois da segunda guerra, as coisas não foram muito bem para os franceses. O Talbot-Lago compunha grande parte do grid, no primeiro campeonato em 1950, porém era um carro pesado, sem bastante potência para combater os carros italianos. A Gordini nunca conseguiu um nível bom, e o curto resurgimento da Bugatti no meio da década foi um fracasso. Nos anos 60 sobrou para a Matra, fabricante d

Ecos de Siracusa

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Pergunte-me qual marca antiga de F1 gostaria de ver ressuscitada, e lhe responderia sem hesitação, BRM. Não o buggy brasileiro BRM, esse não vale que, me perdoem Beta, Ricardo e Marcos. A British Racing Motors. Quando o nome Lotus renasceu, tive cá minhas reservas. Afinal de contas, os Lotus de rua continuaram a ser fabricados após a falência da equipe de F1 em 1994, e a volta da marca às pistas obviamente pareceu um exercício de marketing, haja visto que duas equipes acabaram usando-o sem nenhuma ligação com a Lotus original, a do Chapman. Alguns dirão que a Lotus de Chapman já tinha suas ligações com a Renault desde a época do Lotus Europa, e que duas décadas depois, os motores da Régie equiparam os carros da equipe de F1. Sendo assim, existiria pela menos algum vago vínculo. Mudando de assunto, nos anos 50, o Mundial de F1 tinha um calendário restrito, e pouco mais de meia dúzia de GPs, mais as 500 Milhas de Indianapolis compunham a pequena temporada. A esssas corridas somavam-s

Que tal dar uma de Stirling Moss nas ruas de Londres?

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Nos anos 50, Stirling Moss foi o único piloto a consistentemente importunar o mestre Juan Manuel Fangio. Depois da aposentadoria do argentino, Stirling continuou a correr muito,, até que um acidente acabou com sua carreira prematuramente em 1962. Nos anos em que correu, Moss conseguiu quatro vice-campeonatos, e três terceiros lugares em mundiais, que lhe valeu o título de campeão sem campeonato. Para muitos, pilotar um carro que foi um dia conduzido por Moss é um sonho. Muitos dos maiores sucessos de Moss se deram com um carro inglês chamado Vanwall, em 1957 e 1958. De fato, a Vanwall foi a primeira campeã do mundial de construtores de  F-1, instituído em 1958, embora tenha perdido o de pilotos para o ferrarista Hawthorn. De fato, antes de Cooper, Lotus, BRM, etc, a Vanwall foi a primeira marca de F1 inglesa realmente bem sucedida. Infelizmente, não durou muito a Vanwall. Porém, se você mora na Inglaterra, e tem umas 131 mil libras esterlinas sobrando na conta, pode mais ou menos

Os automóveis do mundo

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No sábado, resolvi tomar café da manhã na Ocean Drive, a famosa avenida à beira da praia situada em Miami Beach. Não se enganem com os filmes de Hollywood, que geralmente colocam na Ocean Drive as mulheres (e homens) mais bonitos do mundo. Havia uma grande concentração de gente feia naquele sábado, e assim tem sido há algum tempo. O lugar escolhido foi o News Cafe, assim chamado por que era mistura de restaurante e revistaria. Era ali que comprava minhas adoradas Autosport e Autosprint, até que um belo dia, a revistaria ficou com a metade do tamanho, e as revistas de automobilismo sumiram de Miami. É a vida, é bonita e é bonita, diria o Gonzaguinha. Só não eram bonitas as pessoas em Miami Beach naquele dia e a falta de revistas do meu esporte predileto. Como sou conhecido pela teimosia, fui visitar a meia-banca de qualquer forma. Não achei a Autosport, nem a Autosprint, porém, achei algo interessante. Uma edição especial da revista alemã Auto Motor und Sport, aquela mesma que pat

Maus perdedores

Sou brasileiro, portanto, posso dizer. Nós brasileiros temos a tendência de ser maus perdedores. Agora surgiu um tal de dizer que o mundo inteiro está contra Sebastian Vettel no nosso Brasil, que dá um certo nojo. É verdade que ele chegou a ser vaiado, que em alguns rankings de melhores pilotos até hoje Vettel  ainda é preterido, e supostamente até Lewis Hamilton teria dito que Sebastian vencer tudo não seria bom para o esporte. Mas no Brasil, isto virou mania nacional. Remontemo-nos a 41, 40 anos atrás. Entre o GP da Espanha de 1972 e o GP da Espanha de 1973, nosso Emerson Fittipaldi havia ganho nada menos do que oito dos quatorze GPs realizados nesse periodo, sem contar diversas corridas extra-campeonato. Até numa das revistas Disney da época, se não me engano numa historinha do Zé Carioca, alguém disse "O Emerson ganha todas". Alguns anos mais tarde, entre 1988 e 1993, outro piloto nosso, Ayrton Senna, ganhou nada menos do que 35 GPs, além de 3 campeonatos. Não me lemb

A disfunção da Fórmula 3 brasileira

Estava preparando um texto muito rebuscado, uma pequena tese, com muitos dados etc. A falta do bendito tempo me impede de expor meu pensamento na forma como queria. Espero que não ofenda ninguém com o que direi aqui, embora saiba que, invariavelmente alguém não vai gostar. Causou muita consternação a recente etapa de Brasília da F3 Sulamericana (chamemo-la de brasileira daqui por diante), por que só haviam seis carros na pista. Isto já é um grande sinal da disfunção da categoria. Muito se fala da falta de um piloto brasileiro que consiga nos elevar, mais uma vez, ao posto máximo do automobilismo mundial, como um dia fizeram Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Além de brasileiros, e o fato de os três terem pilotado Lotus e McLaren na F1, nossos três campeões tiveram algo em comum - os três foram campeões ingleses de F-3. Embora  Daniel Ricciardo tenha conseguido o mais ambicionado lugar na F1 no ano que vem, na Red Bull, e é um ex campeão da categoria, na realidade,

O mito do acertador de carros brasileiro

Ao ler relatos sobre corridas dos anos 60, várias vezes me deparei com uma afirmação, feita por diversos pilotos. Em corridas noturnas realizadas em Interlagos, diversos pilotos se vangloriavam de desligar seu farol, ao se aproximar de concorrentes no miolo da pista, às altas horas da noite, e assim pegá-los de surpresa. Até aí nada. O problema é que mais do que um piloto dizia isso como se fosse o único a aplicar a esperta tática. Chega-se à conclusão de que a torcida do Flamengo fazia a mesma coisa... No Facebook, em blogs (inclusive de jornalistas especializados), revistas, livros, etc., propagou-se o mito de que os pilotos brasileiros de Fórmula 1 são OS acertadores de carro, sem dúvida os melhores na existência do esporte!!! Diversos outros pilotos, como Nigel Mansell, Alain Prost, Fernando Alonso e Michael Schumacher teriam se aproveitado dos acertos feitos pelos experts brasileiros, e ganho muitas corridas, e até campeonatos nas costas dos brazucas. A vida está cheia de mito

Filme Rush, algumas liberdades poéticas e carambolas históricas.

Gostei muito do filme Rush. Retratou bem os acontecimentos da temporada de 1976, apesar de não me lembrar da invasão de mulatas no GP do Brasil. Os grandes problemas históricos se deram no período anterior a 1976. Para começo de conversa, a namoradinha de James é apresentada a Bubbles Horsley, Lord Hesketh e Harvey Postlethwaite, no que seria a temporada de 1970. O carro é obviamente um Lotus (o carro correto). Ocorre que em 1970, Postlethwaite era engenheiro de corrida da March, e mesmo que já fosse amigo de Hunt, não estaria dando uma mão com um carro do concorrente. A equipe Hesketh de F2, que me consta, foi formada em 1972, e de fato, naquela época, 1970, não existia uma equipe Hesketh. Hunt teve um acidente famoso em uma corrida de F3 em Crystal Palace,em 1970,  porém, o acidente não foi com Niki Lauda, e sim, com Dave Morgan. Lauda correu com o F3 Macnamara em 1970, porém, não brilhou em nenhuma corrida, que me lembre. Certamente, não tenho notícia de nenhum incidente em

Como eram as coisas e como são hoje - o automobilismo brasileiro sob a ótica da mídia

Às vezes me perco escrevendo sobre míríades de coisas que mal me interessam, e sobre as quais sei pouco. Melhor seria escrever sobre experiências pessoais, memórias, pois é a única coisa que posso falar com autoridade, e agregar verdadeiramente ao mundo cibernético. Portanto, gostem ou não, este post tem visões muito pessoais, porém, se pensarem um pouco, tenho quilos de razão. Já mencionei algumas vezes que outro dia, ao ler uma revista Quatro Rodas de 1962, me deparei com uma insólita afirmação - de que na época o automobilismo era o segundo esporte mais popular do Brasil, em termos de público. Isto antes de Emerson, Piquet e Senna, antes mesmo que a Rede Globo existisse!!! Nem a QR tinha uma forte seção de competição, que só começou em 1963. De fato, só existia o autódromo de Interlagos, porém, corridas eram esporadicamente realizadas em dezenas de cidades Brasil afora, sempre com bastante público. Em 1962 mal tinha dois anos, portanto, não posso dar grandes experiências vivenci

Grids minguando

Causou muita consternação a recente corrida de Fórmula 3 em Brasília, que contou com somente seis carros no grid. Se por um lado é trágico que a F-3 brasileira (ou sul-americana) esteja obviamente morrendo, por outro lado, a categoria se tornou disfuncional (algum dia destes escrevo sobre o assunto), daí o insucesso quantitiativo, e grids pequenos não são uma ocorrência tão rara no automobilismo brasileiro - ou mundial. Corridas com seis a dez carros eram razoavelmente frequentes nos inícios do automobilismo em nosso país. Lembro-me de diversas ocorrências, algumas relatadas com requintes de GP nas páginas de nossas revistas especializadas da época, tão carentes de pauta, que literalmente, chegaram a fazer artigos sobre corridas de rolimã (não estou mentido, quem leu sabe que falo a verdade). Uma corrida em Fortaleza, na era pré-autódromo, contou com meros cinco carros, 3 dos quais terminaram a prova. Outra em Natal, em 1965, também teve pouquíssimos carros. De modo geral, o tornei

A Silly Season do Desespero

Este ano é a silly season do desespero, pelo menos para os brasileiros. Para o Raikkonen e Ricciardo tudo terminou bem, para o resto, a coisa pode ficar ruça. Principalmente para os brasileiros. Primeiro, quero desfazer um mito. A imprensa brasileira não é a única que só focaliza nos seus ídolos, ou candidatos a ídolos, mesmo quando estes estão longe de ter um excelente desempenho, e na realidade, estão fazendo feio. A imprensa italiana é a mesma coisa, e também a francesa, inglesa, alemã, etc. Portanto, assim como a corrupção não é um fenômeno meramente brasileiro, como muitos creem, este excesso de ufanismo automobilístico também não é monopólio brasileiro. Para o Brasil, estamos numa situação sui generis desde que Emerson Fittipaldi se tornou piloto da Lotus no GP da Inglaterra de 1970 - a possibilidade de não haver sequer um piloto brasileiro no grid em 2014. Muito já se escreveu sobre os fatores que levaram a tal situação, etc. Eu mesmo já escrevi diversas vezes sobre este

O automobilismo está morrendo?

Perdoem o drama. Não posso evitar, sou descendente de italianos, afinal de contas. Mas apesar do exagero e drama, uma coisa é certa - nosso esporte passa por um momento frágil. Converse com qualquer pessoa estreitamente ligada com o automobilismo brasileiro, e este lhe dirá que, salvo uma ou duas exceções (Stockcar e Trucks), nosso automobilismo vai mal, muito mal. Mal tipo UTI. De modo geral, atribui-se a culpa a dirigentes, organizadores, em suma, aos donos do circo. Porém, sem eximir ninguém de culpa, vejo a coisa como um fenômeno mundial, e por isso mesmo está acontecendo no Brasil. Na Europa, onde eventos automobilísticos sempre geraram grandes públicos, or organizadores estão em apuros. Fora a F1 e MotoGp, o público em corridas de todas outras categorias tem caído vertiginosamente ano após ano, ao ponto de inviabilizar a realização de certas disputas. Com isso, organizadores tentam criar eventos  "diferentes", misturando corridas com música. Notem bem, isso num co

Baltimore, Indycar, Ricciardo e Montoya

O que teem em comum os tópicos acima? Nada, exceto que tratam de automobilismo. Como estou me curando de blogatite aguda, resolvi escrever um post só, em vez de diversos. Não que minha parca audiência esteja chorando a minha ausência da blogosfera, sei que não faço muita falta. Quem viu a corrida de Baltimore se divertiu. Sem dúvida, aconteceu muita coisa na prova, em grande parte acidentes não graves causados por duas curvas, o hairpin e aquela curva com área de escape lateral cujo nome não sei, nem quero saber. No fim das contas, ganhou o excelente Simon Pagenaud, seguido do surpreendente Newgarden,  os dois pilotos de humildes equipes. E quem se deu bem foi o Castroneves, que acabou marcando pontos apesar de tudo conspirar contra ele em certas partes da corrida,  beneficiando-se com os abandonos de Hunter-Reay e Dixon, e a perda de velocidade de Marco Andretti no final. Porém, é de se questionar se a tal pista de Baltimore merece ficar no calendário. Os verdadeiros fãs do automo