A tríade "marvada"

Vivemos na era de informação. A própria computação, no meio do caminho, foi rebatizada "informática", uma forma de demonstrar que além de bons de cálculos, os computadores conseguiriam cada vez armazenar e ordenar as informações, para o conforto e bem da humanidade.

A internet simplesmente ligou, potencialmente, todas as pessoas do mundo, que agora podem, ser quiserem, enviar fotos, filmes, textos, arquivos de som, games, e quem sabe, logo, arquivos de aroma e paladar. Não sei se já existem formas de digitalizar e reproduzir esses dois sentidos não frequenciais, porém, com certeza, estão trabalhando nisso.

Ou seja, logo logo será possível viver quase exclusivamente num mundo virtual, pois discos estão em extinção, e também livros, revistas e jornais.

O vice-presidente americano (ou se quiserem, o presidente eleito em 2000...) Al Gore gostava de usar a expressão "super-estrada da informação", com uma visão para lá de otimista do futuro.

Já se passou mais de uma década desde que Al Gore ainda tinha alguma relevância. Quanto às informações...em que estado está a super-estrada, com pista macia , bem sinalizada e asfaltada, ou cheia de buracos, sem placas e muitos impedimentos, que nem a Rio-Santos.

Não vejo as coisas de uma forma tão otimista como Gore. Sim, tenho um pouco de Schopenhauer nas veias...

A verdade é que os computadores e aparelhinhos, sejam smart phones, tablets ou TVs inteligentes, concorrem com a velha mídia, uma concorrência ferrenha que está perdendo.

Sendo assim, o que impera hoje é uma tríade "marvada". Paradoxalmente, vivemos na era da informação, porém, relevância, substância e conteúdo das informações são secundários. Para ser ouvido hoje, são necessários três elementos - entreter, amedrontar e/ou chocar. É isso que vemos nos jornais, revistas, músicas, nas redes sociais.  A informação pura, baseada em fatos, criteriosamete pesquisada, é deixada de lado. Informação pura é chata. Sem entreter, chocar e amedrontar torna-se uma nota de rodapé. Pois tudo merece um slogan, uma vinheta, um youtube.

E no meio de tanto medo, diversão e choque, há muita informação de péssima qualidade, verdadeiras mentiras, tidas como verdade por largas parcelas da população.

Fiz um experimento, um estarrecedor experimento, há dois anos atrás. Sou autor de milhares de textos, que aparecem em centenas de blogs, escritos em três idiomas. Na melhor das hipóteses, se conseguir umas 2000 visualizações REAIS (isto é outra história), durante a vida de um post, posso me considerar feliz.

Um dia. coloquei um post num blog de um dos meus "noms de plume", que anunciava conter fotos picantes de uma jovem atriz americana. No centro do post, um retângulo completamente preto. O leitor era instruído a passar o mouse diversas vezes sobre o texto, dava mais algumas instruções furadas ao taradão, e pouco adiante, chamava a atenção do leitor, recomendando que tomasse um banho de água fria, etc.

Qual não foi minha surpresa quando, em certos dias, o post teve 2000 visualizações!!! No seu auge, num curto espaço de tempo, o falso post de uma famosa peladona atraiu mais de 100.000 visitas!!! Hoje já não é mais tão popular, porém, é de longe meu post mais visto.

Ou seja, entre os milhares de posts preparados com cuidado, editados, corrigidos, justamente um post falso atraiu atenção, isto porque ofereceu entretenimento com choque (prometia fotos muito calientes, afinal de contas). Por oferecer dois elementos da tríade "marvada" (detalhe, mesmo sem cumprir a oferta), tornou-se um sucesso relativo (em termos dos meus posts, um sucesso absoluto).

Isto só prova a minha teoria de que para chamar atenção  não só na Internet, mas na mídia em geral, são necessários esses três elementos.

Daqui para frente a coisa não vai melhorar. De fato, vai piorar. Apertem os cintos.

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