A primeira - e única - de Ingo na F3


Em certos assuntos sou conhecidamente dogmático. Por exemplo, tenho convicção de que Ingo Hoffmann poderia ter tido uma carreira maravilhosa na Europa, se tivesse feito duas temporadas de F3, em vez de uma.

Entre outras coisas, Ingo só ganhou uma prova na categoria nesse primeiro e último ano na categoria, e justamente na penúltima corrida do Torneio BP de 1975. Foi uma senhora vitória. Ingo marcou a pole com seu March Toyota, liderou a maioria das voltas e fez a melhor volta da prova. Para quem tinha dúvidas, naquele dia Ingo provou que era um piloto de ponta, certamente melhor do que muitos dos seus contemporâneos na F3.

O March de Ingo era patrocinado pela Creditum, empresa de investimentos que já o patrocinara nas suas temporadas brasileiras de 1973 e 1974. Naquela época, poucos sonhavam em investir em papeis no Brasil, quem sabe hoje uma empresa deste tipo pudesse realmente expandir sua clientela. A maior parte dos investimentos na época era investimento direto em empresas, seja por compra ou estabelecimento de subsidiárias. Papeis brasileiros eram considerados uma "roubada". Como mudam as coisas...

Na corrida de Oulton Park, Ingo fesz 59.2s nos treinos, seguido de Larry Perkins e Gunna Nilsson. Dezessete carros participaram dos treinos, inclusive outros botas do campeonato, como Alex Dias Ribeiro, Danny Sullivan, Pierre Dieudonne, Terry Perkins, Patrick Neve, Stephen South e Ruper Keegan.

Uma daquelas chuvinhas inglesas chatas cobria a pista, e embora Gunnar Nilsson tenha apostado em pneus slick, sua aposta logo provou errada. Ingo o ultrapassou, e seguiu em frente, fazendo as 20 voltas em 22m53.2s. Em segundo, uma excelente surpresa para os brasileiros - Alex Dias Ribeiro colocou seu March de fábrica, patrocinado pela Rastro e Mangels na segunda posição, fazendo uma ótima dobradinha brasileira.

Do jeito que eu vejo as coisas, em 76 Ingo poderia ter sido um dos pilotos de fábrica da March (nos dois últimos anos a March tivera pilotos - e patrocinadores - brasileiros na F3), e embora Bruno Giacomelli fosse um possível adversário tão duro para Ingo, quanto Nilsson foi para Alex, acho que teria boas chances de sobrepujar o italiano. Mais do que Alex teve contra
Nilsson.

Deu no que deu. 

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