O mal amado

Eu era um grande fã da novela "O Bem Amado". Quando descobri que estava disponível em DVD numa das minhas viagens ao Brasil, não titubeei e comprei. Eu e minha esposa nos refestelamos, assistindo, 3 a 4 capítulos por dia.

Bom, este post não trata dessa magnífica novela, a primeira a cores no Brasil, e que cores, nem do homônimo filme português. Porém, trata de alguns Odoricos Paraguassus...

O mal amado, senhoras e senhores, é o automobilismo. Não há dúvidas de que o automobilismo conta com muita má vontade por parte da grande maioria dos governos brasileiros de todas as jurisdições, dos Odoricos Paraguassus que geram a coisa pública no país. Que se dane o fato de termos tido três campeões mundiais, inclusive um frequentemente considerado o melhor piloto de F1 até hoje, dezenas de campeões em categorias diversas, e centenas, quem sabe já milhares, de vitórias em corridas em dezenas de países. Salvo pelo futebol, é o automobilismo que tem projetado o nome do Brasil aqui fora. Sim, de vez em quando surge um surfista, um tenista, um judoca, mas nunca na quantidade de automobilistas.

A bronca - que transcende matizes políticos - provavelmente vem da percepção de que o automobilismo é um esporte de elite num país de pobres. Digamos  que não é percepção, é uma realidade, é um esporte caro, e não é praticado com bolas de meia na favela. Porém, no futebol brasileiro rola muitíssimo mais dinheiro. O jogador Leandro Damião, por exemplo, custou aos cofres do Santos e investidores 42 milhões de reais e marcou uns nove gols - ou seja, uns cinco milhões por gol, valor que poderia financiar a carreira de um jovem piloto no exterior, e diversos pilotos no Brasil. E muito jogador pé rapado ganha 100 paus por mês.

Há muita má vontade com o esporte, isso é a verdade.

Não se trata de questão partidária. Afinal de contas, os militares tentaram acabar com o esporte duas vezes, deixaram a briga ACB x CBA rolar solta durante anos, e seus interventores não melhoraram em nada o cenário. Políticos de partidos de direita, centro e esquerda sacaneiam o esporte com frequência.

Deixando meu viés de lado, convenhamos que o cancelamento da corrida da Indycar em Brasília, um pouco mais de um mês antes da sua realização, só vem a manchar ainda mais a imagem já suja do país. Confesso desconhecer dos meandros das negociações e contratos, porém, com todas as dificuldades e numa escala muito maior, porém, com muito boa vontade, a Copa do Mundo foi realizada no Brasil, e salvo pelos 7 x 1 da seleção canarinho contra os teutônicos, não demos vexame.

Acho que desta vez podemos esquecer uma possível volta da Indycar ao Brasil. Y otras cositas más...      

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