International Motor Racing, 1977

Se por um lado o mundo evoluiu, por outro regrediu. Vejam, por exemplo, o mercado livreiro dos Estados Unidos - este regrediu bastante.

Em 1977, quando você passeava na área mais nobre da Quinta Avenida em NY, da rua 42 à 57, podia se deleitar com diversas livrarias. Cada uma com seu estilo, grande diversidade nas prateleiras de uma para a outra. Hoje, só encontrará a Barnes & Noble, não só na Quinta Avenida, como na maior parte do país. Se tiver sorte, encontra uma independente aqui e ali. E na Internet, quem manda é a Amazon.com.

Diria você, o que há de errado nisso? Simples, se você, como editora ou como autor, não cair nas graças da Barnes and Noble, é melhor nem escrever seu livro. Nos antanhos, se não encontrasse um determinado livro na BN, achava na B.Dalton, na Scribner, Classic, Coliseum Books, Rivoli, etc.

E foi na Scribner que comprei este livro. Lembro até hoje, pois era uma livraria bastante diferenciada, especializada em livros de arte. Não achei que teria livros de automobilismo, e de fato, lá estava no segundo andar, um pouco escondido o livrinho que me custou meros $4,95.
O simpático tomo, patrocinado pela Marlboro, tinha 226 páginas. Seu editor era Barrie Gill, inglês que em anos anteriores tinha publicado o Motor Racing Year (tenho a edição 1974). Fotos a cores só na contra-capa, do campeão Hunt e seu McLaren, obviamente patrocinados pela Marlboro. Tinha uma resenha detalhada da Fórmula 1, inclusive avaliações dos pilotos, seções sobre as equipes, seção histórica e mini-biografias de um bom número de pilotos. Além disso, tinha artigos sobre a F2, F3, grupo 8, corridas nos EUA, Inglaterra, Australásia. Curiosamente, não mencionava o Mundial de Marcas ou Le Mans, cobertos em detalhe nos anuários anteriores de Gill.

Apesar de toda simpatia, nem tudo que o livro diz é confiável. Por exemplo, nos grids de todos GPs, os Brabham de fábrica aparecem como Brabham-Ford, quando naquele ano usavam os motores Alfa. Na biografia de Emerson Fittipaldi, Gill disse que Emmo foi campeão em 1973, e também erra o ano da vitória de Carlos Reutemann no GP do Brasil extra campeonato (foi 1972). O ano de nascimento de Derek Bell está errado (diz 1951, foi 1941), etc, etc, etc. Faltou revisão.

De qualquer modo, guardo o livrinho com carinho até hoje, por me trazer boas memórias não só do automobilismo, mas também de uma Nova York que não existe mais.

Hoje em dia, só se encontram lojas de roupas de grifes famosas, ou flagship stores da Disney, Coca-Cola, e coisas do tipo. Cultura hoje é saber o ano de nascimento da Madonna. 

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