Falando em dólares e euros

Li em algum lugar, há um tempo atrás, que o valor necessário para levar um piloto à Fórmula 1, seria algo em torno de 20 milhões de dólares. Achei um valor um pouco alto, porém, não de todo irreal. Os cálculos teriam sido feitos desde o início da carreira do(a) guri(a) no kart, até ser contratado por uma equipe de Formula 1, ganhando grana. Isto inclui custo de passagens, hospedagem, alimentação, além de comprar espaço ou montar equipes.

É verdade que grande parte desse dinheiro vem de patrocinadores, que financiam a carreira do piloto durante 15 anos, pois hoje os kartistas começam cedo.

Ou seja, hoje em dia, a carreira auto-financiada é quase uma coisa do passado. Haja grana.

Sim, existe muita gente com dinheiro na atualidade. No Brasil mesmo, há centenas de milhares de milionários, e até um ou outro bilionário.

Não vou dizer que sou membro do jet set, e estou acostumado a bater taças com biliardários. Entretanto, já conheci alguns, e todos têm um traço comum. Não gostam de jogar dinheiro fora. Na realidade, quem gosta de jogar dinheiro fora é pobre, que geralmente acha que rico gosta de jogar grana no lixo.

Assim que, chega uma hora que até o miliardário fecha a torneira. Para o rico, o investimento tem que dar retorno. Se não dá retorno, nem lhe dá uma vantagem, então o dinheiro fica no bolso. O piloto de automobilismo logo vira jogador de polo ou alpinista ou cantor de música sertaneja.

Obviamente, a fracassada entrada do Luiz Razia na Formula 1 já gerou muita conversa, inclusive de que na realidade não havia nenhuma empresa patrocinadora. Seria uma possibilidade plausível, até por que grande parte da carreira do piloto baiano foi supostamente financiada por sua família.

Voltemos, entretanto, ao X da questão. Seria o financiamento de uma temporada na Marussia um bom investimento? A meu ver, não. Seria uma homérica queimação de filme, até porque o companheiro do brasileiro, Max Chilton, é bastante rápido. Seria bastante difícil ganhar a guerra interna, e praticamente impossível ganhar alguma batalha com outros. Os treinos na Espanha mostram que o carro é super vagaroso. Para ser sincero, acho que a Marussia vai ficar de fora de alguns GPs nesse ano, sem superar a regra do 107%.

Entretanto, supostamente um valor razoável já teria sido depositado na conta da equipe semi-russa. Nesses casos, pelo que já vi de contratos similares, existe uma cláusula de "forfeiture", ou seja, o patrocinador perde o valor depositado, se não cumprir com a obrigação de pagar o saldo até uma data limite, sem direito a reembolso. Nessa situação, é mais plausível que o dinheiro estivesse vindo de um patrocinador, que de repente chegou à conclusão de que o investimento seria furado, e era melhor perder X do que 2X.

A grande questão é a seguinte. Se a proposta entrada da Marussia estava sendo financiada pela família de Razia, será que a torneira fechou para outras categorias também?

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo, baseado em Miami, e metido a entender de muitas coisas.

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