A política no automobilismo

 Já tive a oportunidade de escrever sobre os efeitos da política no automobilismo, e não vou repetir o texto inteiro, pelo menos neste blog, que só tem textos inéditos. Entretanto, quero tecer comentários sobre um acontecimento político desta semana que provavelmente terá um efeito periférico no automobilismo.

Para o seguidor atento do esporte, é notável a relativamente grande presença de pilotos venezuelanos no automobilismo mundial. Entre os anos 50 até o início do milênio, pilotos venezuelanos eram, de modo geral, uma nota de rodapé até o aparecimento de Johnny Cecotto, que quase foi campeão de F2 em 1983, marcou ponto na F1 e teve uma longa e distinta carreira em carros de turismo com a BMW.

Neste milênio, diversos pilotos venezuelanos chegaram às principais categorias do automobilismo mundial sendo que um, Pastor Maldonado, ganhou o prestigioso título da GP2 e um Grande Prêmio de F1 até agora. EJ. Viso, Milka Duno, Enzo Potolicchio, Diego Ferreira e alguns outros menos notáveis, têm obtido resultados razoáveis na Indycar, Grand Am, Pro Mazda e outras categorias. Quase de modo geral, a responsável pelo financiamento das carreiras destes pilotos tem sido a PDVSA, Petroleos de Venezuela S.A. Inclusive a responsável pelo generoso patrocínio dado à Williams na F1.

De uma forma quase paradoxal, o recém falecido presidente Hugo Chavez escolheu um dos esportes mais "burgueses" do mundo para promover a imagem da Venezuela! E segundo setores da oposição, tais patrocínios eram concedidos sem o aval do Congresso venezuelano. Não nos esqueçamos de que a PDVSA é uma estatal.

Agora, com a morte de Chavez, o automobilismo venezuelano perde, em potencial, seu mais potente aliado. O vice-presidente Maduro, quem sabe daria continuidade aos faustos patrocínios, porém, já foram anunciadas novas eleições presidenciais. Se a oposição ganhar existe uma boa possibilidade de secarem as fundos destes patrocínios, pois a primeira coisa que um opositor faria seria tentar acabar com todos resquícios de legado de Chavez e chavismo.

Sendo assim, os dias de Maldonado  na F1, Viso na Indycar e dos venezuelanos em geral podem estar contados.

Estejam atentos. Eu, se fosse a Williams, começaria a trabalhar num plano B.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami.   

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