Quanto ao GP de Austin...

Durante algum tempo, parecia que a corrida não ia ocorrer. Entretanto, o GP de Austin não só ocorreu, como foi um sucesso. O evento em si, pelo menos, foi um sucesso local.

Nos treinos, parecia que a Pirelli tinha feito a escolha errada de compostos. A pista não estava devidamente emborrachada, e os carros passaram grande parte dos treinos, dançando ou saindo fora da pista. No dia da corrida em si, as coisas melhoraram. Logo veio à memória a bagaceira de 2005, quando a Michelin trouxe compostos errados para o GP dos EUA, retirou todos os carros com seus pneus no dia da corrida, que foi duisptada somente por 6 carros com pneus Bridgestone. Este foi o começo do fim do GP em Indianapolis.

Segundo a imprensa, havia 120 mil pessoas no autódromo taxano no domingo. Nada mal, em se tratando de F-1, porém bastante longe dos 300 mil que assistiam a Indy 500 ao vivo há alguns anos atrás. Como até na Indy 500 os números de espectadores caíram em anos recentes, certamente 120 mil  foi um número para lá de bom.

Repito, entretanto, que marcar o GP no mesmo dia da final da NASCAR foi um grosseiro  erro estratégico.

Lembrem que em 1996, o primeiro ano do divórcio entre a IRL e a CART, a última tentou peitar a IRL oferecendo uma alternativa à Indy 500 no mesmo dia, a US 500. Foi um fracasso. Aquela que foi um das últimas provas de Emerson na Indy, disputada com sucesso por alguns brasileiros, não vingou. Quanto à Indy 500 daquele ano, foi a edição mais fraca da história corrida, com diversos pilotos e equipes de segunda categoria, inclusive, desculpe a sinceridade, o vencedor Buddy Lazier e a equipe Hemelgarn.

O ano de estreia de um GP sempre é auspicioso. Se não me engano, a primeira edição do GP do Brasil válida para o Mundial, em 1973, foi a que teve o melhor público. Corrijam-me se estiver errado. O mesmo se deu em outros eventos da F1 - o fator novidade conta muito.

O sucesso de longo prazo do GP de Austin requer a consolidação da F1 nos EUA, algo que nunca foi conseguido. Hoje, querendo ou não, NASCAR virou sinônimo de corridas de automóvel nos EUA. Todas as outras categorias, inclusive a F1, não contam com o apelo de massa da NASCAR. E colocar as duas categorias disputando audiência na TV, sem dúvida, foi um erro dos erros.

Para Bernie, o que interessa é o din-din da TV. Sim, ganha uma boa grana com as vultosas taxas pagas pelos promoters, porém, o grosso do dinheiro está mesmo na TV. E expandir a base de fãs nos EUA é o grande desafio da F1. Peitar a NASCAR é um ponto de partida muito errado. No ano que vem, a novidade se esvai, e aí como fica?

Carlos de Paula é tradutor e historiador do automobilismo baseado em Miami  

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