Considerações sobre a NASCAR

O título ganho por Brad Keselowski ontem tem uma série de ângulos interessantes. Acima de tudo, provou que Jimmie Johnson não é imbatível no Chase. O americano ganhou cinco campeonatos seguidos neste formato, e era um dos pilotos que podia sair campeão ontem.

Brad corre pela Penske, que assim, ganha seu primeiro título na NASCAR. Roger já inscrevia AMC Matadors na categoria no início da década de 70, sem grande sucesso, e eventualmente voltou com tudo para a categoria. Foi um pequeno consolo por ter perdido um título praticamente ganho na Indycar.

Além disso, foi o primeiro - e provavelmente último - título ganho pela Dodge desde que voltou  à NASCAR. Digo que é o último por que a Dodge já anunciou que sai da categoria a partir do ano que vem.

Keselowski também é um dos raros pilotos da NASCAR a ganhar o título, com descendência não anglo, Curiosamente, o piloto, descendente de poloneses, ganhou o título vinte anos depois de o primeiro descendente de poloneses se tornar campeão, Alan Kulwicki, que logo depois morreria. em acidente de avião. Além dos "polacos", outros notáveis campeões com sobrenomes não-anglos são Dale Earnhardt (descendência alemã), e Terry Labonte (sobrenome francês), provando que a NASCAR não é tão xenófoba com pensam. Brad também não é sulista, nasceu em Michigan.

O final do campeonato teve lá suas controvérsias. Na corrida anterior, Jeff Gordon, hoje veterano da categoria, teve um encontro indesejável na pista com Clint Bowyer, e, surpreendentemente retribuiu, dando direito à troca de sopapos entre as equipes após a corrida. Com o abandono de Boywer, este perdeu todas as chances de ganhar o Chase. Aí nos remetemos à Fórmula 1 dos anos 90, quando os títulos eram "resolvidos" com a eliminação de rivais na pista. Infelizmente, nosso Ayrton Senna participou desta patética forma de decisão duas vezes, com Alain Prost, e depois Michael Schumacher adotou a prática questionável. Em 1997 Schumi se deu mal, e acabou tendo seus pontos cassados, embora tenha mantido as vitórias.

Você há de perguntar, qual era o interesse de Gordon de eliminar Bowyer? Um rival a menos para Johnson,   membro da sua equipe. Só isso.

Carlos de Paula é tradutor e historiador de automobilismo baseado em Miami

Comentários

  1. Olha, eu discordo do final, sobre o Gordon e o Bowyer.

    O motivo da briga dos dois não tem absolutamente nada a ver com o Jimmie Johnson.

    O que aconteceu foi que em outras corridas, os dois se estranharam e na corrida de Phoenix, a da briga, o Bowyer espremeu o carro do Gordon no muro provocando danos no carro 24. O Gordon ficou na pista e esperou o número 15 aparecer para dar o troco (chamado de "payback", algo que é comum no final das corridas) e aí houve o acidente e a briga posterior.

    Sim, Jeff Gordon é o padrinho de Jimmie Johnson na Nascar, mas na própria categoria há um código de conduta que não há auxílio das equipes na situação como da F1. Isso qualquer pessoa que acompanha a Nascar com assiduidade sabe.

    Não foi uma confusão de equipe, apenas uma rixa pessoal.

    ResponderExcluir
  2. Não se esqueça que Jeff Gordon não é só mero companheiro de equipe de Johnson. É co-proprietário do carro de JJ, e o título lhe valeria alguns milhões no bolso...Agradeço o comentário.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

RESULTADOS DE CORRIDAS BRASILEIRAS REMOVIDOS DO BLOG

O taxista de São Paulo, e muito disse não disse

DO CÉU AO INFERNO EM DUAS SEMANAS - A STOCK-CAR EM 1979