Algumas considerações

Não escondo de ninguém que meu piloto predileto na F1 atual é Kimi Raikkonen. Assim, não é preciso dizer que fiquei muito feliz com a vitória do finlandês ontem, quem sabe até mais feliz do que o Iceman.

Tenho uma caidinha pelos "underdogs", aqueles pilotos que apesar de pilotarem carros mais fracos, em situações mais difíceis, conseguem resultados excelentes. Já gostava do Kimi antes, agora então... O que fez com a Lotus este ano é algo fora do comum. Estar na frente dos dois pilotos da McLaren e de Mark Webber na tabela é coisa de gênio. Alguns hão de dizer, "só está lá por que marcou pontos em quase todas as provas". Verdade, porém, considerando que Kimi ainda é um dos pilotos mais velozes do grid, o fato de não quebrar e nem se envolver em acidentes é para lá de notável.

Quanto à primeira vitória da nova Lotus, não sei o que dizer. Podem me chamar de purista, não vejo esta equipe como Lotus. Tem o nome Lotus, tem o logo da Lotus, porém, não tem absolutamente nada a ver com a Lotus de Colin Chapman. A Autosport disse melhor - foi a primeira vitória de um carro COM A MARCA Lotus desde 1987, e a primeira vitória da equipe de Enstone desde 2008.

Eu estava presente nessa última vitória da Lotus, mais precisamente, nas ruas de Detroit em 1987. Na época, ninguém poderia pensar que a equipe morreria uma morte inglória sete temporadas depois. David Hunt, irmão de James, comprou os direitos de usar o nome Lotus na F1, porém nunca conseguiu a grana para montar uma equipe. Finalmente, o nome Lotus voltou às pistas em 2009, e inusitadamente, foi usado por duas equipes diferentes.

A de Enstone, é fácil esquecer, começou a vida como Toleman em 1980, virou Benneton e com este nome ganhou dois campeonatos, depois virou Renault, e com este nome ganhou dois campeonatos. Agora é Lotus. Espero que ganhe dois campeonatos também, com Kimi.

Já a primeira a usar o nome Lotus desde a morte da Lotus verdadeira em 1994, foi a equipe de Tony Fernandes, a atual Caterham. Era um pouco mais fácil aceitar aquela equipe como Lotus, afinal de contas, saira do nada. Já uma Renault se transformar em Lotus é um pouco mais difícil.

Mais difícil ainda é admitir o pedrigrê da atual Mercedes, que foi Tyrrel durante muitos anos, depois BAR, depois Honda, depois Brawn e agora Mercedes.

Querendo ou não, os  livros de recordes dirão um dia que a equipe Lotus demorou vinte e cinco anos para voltar a ganhar um GP.

Carlos de Paula é tradutor e historiador de automobilismo baseado em Miami  

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