Cada coisa que a gente vê na mídia

A meu ver, se me permitam, o comportamento quase de fã, tifosi, de alguns setores da mídia que cobre o automobilismo no Brasil é parcialmente a causa da derrocada do esporte no país. Não vem de hoje.

Comportam-se um pouco como o mais irracional dos torcedores de futebol. Quando o time está ganhando, diz que é o melhor time da história do esporte, quando começa a perder um pouquinho, começa a achar complôs em todos os lugares, quando nunca mais ganha, xinga os jogadores, técnico, diretoria. E ai de alguém se falar mal do seu time, se não for outro irracional torcedor.

É bem verdade que o nosso esporte é cheio de silly seasons. Aí vem o problema. Como a maior parte da mídia brasileira hoje em dia cobre somente a F-1, e como temos somente dois pilotos na categoria, haja pauta, vez por outra aparecem artigos com uma pitada de hiperbólicos.

Vi um artigo, não me lembro onde, dizendo que um novo Fittipaldi estava para entrar na F1, e com um patrocinador de peso de Carlos Slim, o mexicano conhecido por ser o homem mais rico do mundo. Seria Pietro Fittipaldi.

Não duvido que Pietro e o clã Fittipaldi tenham lá seus planos, e que até Slim tenha lá seus planos. Entretanto, na forma como foi redigido, incluindo uma foto de uma Sauber, o artigo dava a impressão de que o pequeno grande Pietro já está de malas prontas para a principal categoria do automobilismo mundial, numa Sauber, com patrocínio da Claro.

Pietro é talentoso, e sem dúvida, chega lá um dia. Onde é o lá, não sabemos. No momento, parece bem concentrado em sua carreira na NASCAR, o que o colocaria a alguns anos luz de um posto na F1. E bem longe da Sauber.

Certamente, no dia que Pietro decidir tentar algo diferente, terá que começar com categorias de base de monopostos, não saindo dos Stocks para a F1. Simplesmente ridícula a sugestão.

Não sei exatamente o que o jornalista quis dizer com o artigo.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami 

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