Morte e vida severina

O automobilismo, como tudo na vida, é composto de vais e vens. Uns chegam, e outros se vão, uns nascem, outros morrem Não estou, obviamente, falando da morte de pessoas, antes que eu alguém interprete mal o que estou dizendo. Estou falando de equipes, fabricantes.

Não comentei o fechamento da Lola Cars como fabricante de carros de corrida. Manufaturar carros de competição pode parecer uma atividade lucrativa para os menos avisados, porém não é. Até mesmo os fabricantes de sucesso em termos de resultados e volume, como a Lola, mais cedo, mais tarde morrem uma morte inglória. Que o digam March, Ralt, Reynard, Swift, Eagle, Chevron e uma série de outras.

A Lola até que durou bastante. Iniciou suas atividades no final da década de 50, e chegou a 2012. Em 1997 quase se vai para o escambau, porém, foi salva pelo ex-piloto Martin Birrane, que segurou a coisa até este ano.

A Lola correu em um número imenso de categorias, vencendo em todas - Fórmula 1 (antes que me critiquem, a Honda de 1967 era um chassis Lola), F-2, F-3, F-Ford, Formula Super Vê, Fórmula Indy, Formula Atlantic, Grupo C, Esporte-Protótipo, Can-Am, S-2000, Esporte 2 Litros, Fórmula 5000, Subida de Montanha, etc, etc., etc.  

Ocorre que no mundo dos monomarcas, a sobrevivência de fabricantes ficou mais difícil ainda. Basta você perder uma ou duas concorrências, e seu futuro está selado. Para ganhar as concorrências, o fabricante tem que operar com margens super estreitas. Pelo jeito, somente a Dallara conseguiu encontrar o caminho da roça, e aparentemente, está saudável. A Lola não conseguiu se manter de pé.

Além das concorrências, mesmo que você ganhe uma, fornece carros que serão usados por 3, 4 temporadas e daí fica chupando o dedo. Há uns 40, 30, 20 anos atrás a coisa era diferente. As categorias eram disputadas por carros de diversas marcas, e fabricantes espertos, como Lola e March, faziam pequenas modificações em seus chassis, que praticamente obrigavam as equipes a comprar carros novos todo ano, apesar de serem evoluções dos chassis anteriores. Além disso, modificavam uma base para diversas categorias diferentes. O March de Fórmula 2 serviu de base para carros de diversas categorias e a Lola chegou a vender mais de 100 carros por ano.

Quem sabe o nome seja vendido para alguém, que a la Lotus, venha a trazer de volta as Lolas para as pistas.  Não vai ser a mesma coisa que a empresa criada por Eric Broadley, como não é a Lotus atual, igualmente distanciada do fundador Colin Chapman. Porém, seria legal.

E a Ford se vai do Mundial de Rallye, pelo menos como equipe de fábrica, o que facilita ainda mais a coisa para a Citroen. A Ford continuará a dar apoio, porém, desta vez se afasta das competições durante algum tempo. Das pistas a Ford já estava afastada desde os anos 90, quando deixou de compeitir no British Touring Car Championship. Quem diria, um dia o nome Ford aparecia de uma forma ou outra em quase todas as corridas europeias!!

O boato mais intrigante é que a Porsche estaria contratando um grande número de engenheiros e técnicos especializados em Fórmula 1. Sabe-se lá se estes vão ser usados nos protótipos ou numa equipe de Fórmula 1, que marcaria a entrada da VW na categoria máxima do automobilismo. De fato, a Porsche nunca teve muito sucesso na F-1 usando seu próprio nome. Os motores TAG, que equiparam a McLaren entre 1983 e 1987, renderam três campeonatos, e eram motores fabricados e desenvolvidos pela Porsche, com o nome TAG. Porém, com seu próprio nome as coisas não foram lá muito bem. Algumas corridas disputadas com F2 nos anos 50, dois anos de participação oficial na Fórmula 1 de 1,5 litros, e depois a má fadada experiência com a Footwork, nos anos 90.

A grande pergunta é, a Audi estaria dando bye-bye para oes esporte-protótipos, deixando seu lugar para a Porsche, ou as duas vão concorrer juntas? Certamente, têm um concorrente de peso, a Toyota.

Carlos de Paula é tradutor e historiador de automobilismo baseado em Miami

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