Algo próximo de impossível

Com a aposentadoria de Schumacher da F1, vai-se um mito. Um mito que parecia invencível, porém, na sua segunda carreira, demonstrou que grande parte do seu sucesso se deu por causa de equipamento de primeira qualidade no início do milênio, algo imprescindível na F1 atual. Seja como for, provavelmente ninguém consiga ultrapassar o plantel de vitórias do alemão na F1, 93, e sete campeonatos.

Plantel impressionante, este do Schumacher. Porém, a carreira de Sebastien Loeb no Campeonato Mundial de Rally me impressiona muito mais. A última vez em que um outro piloto, que não seja o francês, ganhou o título mundial foi 2004. Nove vezes campeão, e com nada menos do que 75 vitórias, Loeb não dá indícios de arrefecer seu ritmo. Ainda assim, no ano que vem se tornará um piloto "part-time", e com certeza não ganhará o título. Digamos que a hegemonia de Loeb estava estragando o Mundial de Rallye. Agora dizemn que vai tentar o Mundial de Turismo, com a Citroen.

Eis aqui o diferencial de Loeb em relação a Schumacher. Schumi ganhou seus últimos 7 títulos e a maioria dos seus GPs na Ferrari, a mais tradicional e vencedora equipe do esporte. Já Loeb, ganhou os seus títulos com a Citroen, uma das mais velhas montadoras do mundo, conhecida por projetos arrojados porém sem sucesso algum nos esportes automotores.

Vez por outra aparecia um DS19 nos rallyes dos anos 50 e 60, porém, apesar de ser um carro com C maiúsculo, era muito grandão e desajeitado para rallyes. Que eu me lembre, só isso. A Citroen começou a namorar os rallyes nos anos 90, e muito ajudou seu estreito relacionamento com a Peugeot, esta sim uma montadora com bom histórico nas corridas e rallyes.

Quase do nada, a Citroen virou, de zebra, em carro quase hegemônico, o vulgo "car to beat".

Assim como Schumacher, que teve uma certa falta de rivais à altura no seu período de ouro de 2000 a 2004, é preciso dizer que Loeb também se beneficiou com a aposentadoria e até morte de diversos dos principais pilotos de rallye, como Carlos Sainz, Tomi Makinen, Colin McRae, Richard Burns e Marcus Gronholm. Na realidade, o único campeão ainda em atividade é o norueguês Petter Solberg.

Chegou a haver boatos de que Loeb entraria na F1, e o piloto já disputou Le Mans mais de uma vez. Porém, o francês entendeu que a coisa não seria fácil, e teve um bom senso igual ao do motociclista Valentino Rossi, que faltou ao hepta-campeão Schumacher.

Houve também um exodo de fabricantes como Peugeot, Toyota, Mitsubishi e Subaru, e nos últimos anos, o campeonato se tornou, basicamente, numa disputa entre Citroen e Ford.

Quem será o seu herdeiro?

Carlos de Paula é tradutor e historiador de automobilismo baseado em Miami

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