O domínio de Vettel faz mal para a F1?

Esta questão me parece uma anti-questão. Em suma, acho que o domínio de Vettel não faz mal para a F1, como não fez o domínio de Fangio nos anos 50, na era pré-midiática, ou na época de Schumacher, já neste milênio midiático. Na realidade, é preferível, de certa forma, existir uma figura dominante no mundo dos GPs, para atrair público.

Também, precisamos encarar a realidade. Desde o ano 2000, as categorias top do automobilismo passaram a ser mais passíveis de domínio do que em qualquer outra época.

Vejam bem.

Dario Franchitti ganhou quatro dos cinco campeonatos da Indycar realizados entre 2007 e 2011. Que me lembre, nenhum outro piloto conseguiu este feito, seja na época da AAA, da USAC, CART ou IRL.

A Audi continua a dominar Le Mans desde a sua primeira vitória no ano 2000. De fato, salvo por uma vitória da Bentley (em Audi meio disfarçado) e da Peugeot, todas as outras vitórias foram da marca alemã neste longo intervalo. Apesar deste domínio, há muito tempo que não há tanto interesse na grande corrida, com Toyota e Porsche confirmadas, e até a Ferrari considerando participar depois de mais de 40 anos longe de Sartre, além de haver a possível volta da Renault. Quanto as pilotos, Tom Kristensen ganhou a corrida nada menos do que oito vezes desde o ano 2000, com cinco vitórias seguidas!

Sebastian Loeb ganhou nada menos do que 9 campeonatos mundiais de rally, e a Citroen levou a maioria dos campeonatos deste milênio. Notem que a marca francesa tinha pouco histórico relevante no esporte antes de começar este domínio.

Por fim, o mais chocante de tudo, a meu ver, é o domínio de Jimmie Johnson na Nascar Sprint Cup. Desde 2006, o americano ganhou nada menos de seis edições do campeonato, cinco delas seguidas, isto no campeonato de automobilismo supostamente mais competitivo do planeta. Nem Richard Petty conseguiu feito parecido.

Ou seja, o efeito Vettel está longe de ser algo isolado nesta era, e nas outras categorias não tem sido a causa de problemas de público ou prestígio.

De fato, agora os amantes dos recordes vão ficar cada vez mais antenados, à medida que o jovem alemão vai batendo recorde após recorde.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami
 
   

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