Filme Rush, algumas liberdades poéticas e carambolas históricas.

Gostei muito do filme Rush. Retratou bem os acontecimentos da temporada de 1976, apesar de não me lembrar da invasão de mulatas no GP do Brasil.

Os grandes problemas históricos se deram no período anterior a 1976.

Para começo de conversa, a namoradinha de James é apresentada a Bubbles Horsley, Lord Hesketh e Harvey Postlethwaite, no que seria a temporada de 1970. O carro é obviamente um Lotus (o carro correto).

Ocorre que em 1970, Postlethwaite era engenheiro de corrida da March, e mesmo que já fosse amigo de Hunt, não estaria dando uma mão com um carro do concorrente. A equipe Hesketh de F2, que me consta, foi formada em 1972, e de fato, naquela época, 1970, não existia uma equipe Hesketh.

Hunt teve um acidente famoso em uma corrida de F3 em Crystal Palace,em 1970,  porém, o acidente não foi com Niki Lauda, e sim, com Dave Morgan. Lauda correu com o F3 Macnamara em 1970, porém, não brilhou em nenhuma corrida, que me lembre. Certamente, não tenho notícia de nenhum incidente em pista entre os dois, embora Hunt fosse conhecido por se acidentar frequentemente, daí seu apelido "Shunt".

As histórias também se misturam com relação a Lauda. Que me consta, o empréstimo tomado por Lauda ocorreu em 1971, para alugar um March para o GP da Áustria daquele ano, e nada tinha a ver com a BRM. Em 1972, Lauda já era piloto oficial da March na F2 e F1 (curiosamente, Hunt começou o ano como piloto oficial da March na F3).

Louis Stanley teria apresentado Clay Regazzoni a Lauda como primeiro piloto da equipe. Ocorre que a equipe de 1973 teve três pilotos, Regazzoni, Lauda e Jean Pierre Beltoise. Este último era o piloto sênior da equipe, pois correra na equipe em 1972, e de fato, ganhou as duas últimas provas ganhas pela BRM na F1. Se bem que Stanley tivesse seus momentos estranhos, com certeza considerava Beltoise seu principal piloto, tanto que foi ele que obteve os melhores resultados para a equipe em 1973, e a sua ausência no teste em Paul Ricard seria suspeita. A apresentação também seria inútil, pois Lauda já era piloto de F1 em 1972, e certamente já conhecia Clay.

No primeiro teste da Lauda na Ferrari também há uma incorreção. Os carros que aparecem na tela são Ferraris 312 T de 1975, ao passo que nesse teste, Lauda e Regazzoni teriam usados os modelos 312B3.

O filme também "informa", incorretamente, que Lauda se sagrara campeão em Watkins Glen, em 1975, quando na realidade, já tinha ganho o campeonato em Monza, na corrida anterior.

Provavelmente há diversos outros erros e exageros, porém, estes me pareceram os mais gritantes.  

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