A poesia da história - a Fórmula 1 e a Copa

Sou um ávido leitor de livros de história, não somente de automobilismo. História do Brasil, dos EUA, de países europeus, do oriente, etc. A história tem uma certa poesia, às vezes cruel, às vezes suave, com surpreendentes simetrias, assimetrias, ciclos e encaixes. Muitas dessas curiosidades não passam de meras coincidências, porém às vezes queremos ver causas e efeitos onde não existem.

Um dos encaixes mais surpreendentes da história da participação brasileira na Fórmula 1 diz respeito a datas. Não sou adepto de numerologia ou astrologia, ou coisas deste tipo, porém, o encaixe é curiosíssimo. E obviamente, mera coincidência.

Em 1970, o Brasil era o time da hora no futebol. Depois de ganhar dois títulos, um na década de 50, outro na de 60, e depois de dar vexame na Copa de 1966, o Brasil parecia ser o grande favorito para ganhar a Copa do México. Contava com um time tão bom, que certamente, mais de 40 jogadores poderiam ter sido convocados para o time, que ainda contava com o rei Pelé. O resto todos sabem. O Brasil levou a Copa, a Taça Jules Rimet, e foi o primeiro tri-campeão em Copas.

Depois disso, o Brasil sofreu. Como sofreu. Deu outro vexame na Copa de 1974, foi prejudicado na Copa de 78, alguns dizem que foi o vencedor moral das Copas de 82 e 86, e deu vexame de novo, na Copa de 1990. Depois veio 1994, e após 24 longos anos, o Brasil voltava a ganhar uma Copa, apesar do final anticlimático com cobrança de pênaltis.

Em 1970 ocorreu uma outra coisa - a estreia de Emerson Fittipaldi na F-1. O nosso primeiro campeão mundial estreou na metade da temporada, se firmou, e de fato, ganhou um GP após 4 corridas na categoria. E em 1994, aconteceu uma outra coisa. Morreu Ayrton Senna, aquele que seria o último campeão brasileiro de F-1. Áquela altura, os outros dois campeões brasileiros haviam se aposentado da categoria!

Não há nexo causal nesta história, mas o fato é que durante os 24 longos anos em que o Brasil ficou sem ganhar Copas, o sucesso dos nossos três grandes campeões na F1 elevou o moral da população. E depois que o Brasil voltou a ganhar uma Copa, nunca mais tivemos um campeão brasileiro de F1.

Uma grande coincidência. Poesia pura, embora cruel.

No ano que vem, outra Copa, vinte anos depois da morte do nosso último campeão.    


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