Dobro de pontos - uma ideia de jirico

Entendo que a F1, assim como todo esporte profissional, é um evento midiático, e assim sendo, a manutenção e crescimento de audiência são importantes para garantir a saúde econômica da atividade, sustentada por multinacionais que querem numerous gordos.

Obviamente, tem incomodado muita gente o fato de Sebastian Vettel ter ganho os últimos quatro campeonatos de F1. Tem incomodado mais do que os cinco anos de sucesso de Schumacher no começo do milênio, afinal de contas, Michael pilotava um carro de uma mítica e tradicional equipe, e não de uma recém formada equipe financiada por um fabricante de bebidas energéticas.

Assim sendo, existe o óbvio desejo de mudar o curso das coisas. Convenhamos, contentes mesmo só estão Vettel e a Red Bull, e há outras dez equipes e vinte-um pilotos.

Entretanto, a ideia de atribuir o dobro de pontos para o último GP do ano, justamente em Abu Dhabi me parece o cúmulo dos cúmulos. Não tenho nada contra os países do Oriente Médio, porém, se fosse para fazer isso, que fosse em uma pista tradicional como Monza, SPA ou Monaco, e não num neófito circuito de um país sem qualquer tradição no automobilismo.

A própria ideia tem ares de golpe de estado. Aqui e ali, justifica-se a medida por que, se imposta antes, teria mudado os resultados de dois dos últimos seis campeonatos, inclusive dando o campeonato para Felipe Massa em 2008. Diga-se de passagem, isso não seria verdade se táticas diferentes tivessem sido usadas pelos participantes antes de chegar à final...

O fato é que o novo esquema de pontuação, que mudou completamente o paradigma de pontuação tornando o critério estatisticamente inútil, um esquema mais ou menos parecido desde 1950, obviamente não mudou nada em termos de competitividade, de resultado final. O piloto hegemônico, se existente, ainda ganha o campeonato, e sempre foi assim.

Agora, o dobro de pontuação na última corrida pode levar o esporte aos excessos practicados pelo nosso Senna e Prost há 20 e poucos anos, e posteriormente por Schumacher em duas ocasiões. Ou seja, a eliminação física do adversáro na pista na última corrida passa a ser uma consideração plausível, pensem o que pensar.

Imagino que sortear, no começo do ano, um GP com pontuação dupla  poderia tornar as coisas mais interessantes, além de possibilitar o enaltecimento dos GPS mais antigos do calendário. Na forma proposta, simplesmente vai criando uma F1 desesperada, ávida por resultados e drama artificiais.

Desculpem, mas sou tradicional em algumas coisas. Nota zero.

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