Algumas vitórias avulsas do PV

O sucesso excessivo muitas vezes gera críticas, em vez de elogio.

Vejam, por exemplo, o caso de Michael Schumacher. Muitos, principalmente no Brasil, criticam o alemão dizendo que este só ganhou tantas corridas e campeonatos por que tinha o melhor carro. Esquecem-se que nossos campeões quase sempre ganharam títulos na F1 porque tinham o melhor carro, salvo Emerson Fittipaldi em 1974. E geralmente, os campeões têm o melhor carro!!! A quantidade industrial de vitórias, poles e voltas mais rápidas de MS requer, sem dúvida, um talento especial.

No Brasil, alguns pilotos bem sucedidos também foram criticados. Camilo Christofaro foi alvo de críticas nos anos 60. Alguns diziam que o Lobo do Canindé só ganhava tantas corridas porque participava de categorias com poucos carros ou talento, as Carreteras e Mecânica Continental. Uma inverdade, pois Camilo ganhou provas em outras categorias, e conseguiu tocar sua carretera 18 competitivamente quando esta já devia ter sido aposentada. Já com certa idade Camilo continuou bastante competitivo com os Mavecos de D1 e D3.

Já Luisinho Pereira Bueno foi criticado por pilotar o Porsche 908-2, contra carros geralmente inferiores. Esquecem-se que em 1970 Luisinho pilotava um Bino com motor Corcel, e ganhou diversas provas contra carros muito mais potentes, inclusive no rápido anel externo de Interlagos que favorece potência. O fato de o Porsche da Hollywood ser praticamente imbatível indica o excelente nível de preparo da equipe. E para tocar um carro potente, sem ter acidentes, e rapidamente, é necessário ter talento, que Luisinho tinha de sobra.

O assunto deste post não é nenhum destes pilotos, mas sim, Pedro Victor de Lamare. Um dos pilotos mais bem sucedidos do triênio 1971-72-73 era criticado por participar de categorias e provas com poucos concorrentes à altura, como se esta fosse a única razão do seu sucesso. É verdade que os Opalas de Pedro Victor eram maravilhosos, porém, é verdade também que PV ganhou corridas na Fórmula Ford e Protótipos, pilotando nessa época, além dos seus Opala de D3, protótipos Fúria com motores Chevrolet e BMW, protótipo Trueno, protótipo Avallone, Bino de Fórmula Ford, Opala de D-1 e March de F2.

A realidade é que Pedro Victor levava seu Opala onde quer que houvesse corridas. Correu em Cascavel quando a pista era de terra, ia frequentemente para o sul quando quase nenhum paulista ia, e acumulava suas vitórias.



Uma dessas se deu em Curitiba, em 30 de julho de 1972. A prova fazia parte de um torneio para estreantes e novatos que revelou gente como Ingo Hoffmann, Teleco e Julio Caio. Nesse dia Pedro Victor teve pouca concorrêcia, verdade. Com seu Opalão de 4,3 litros, o maior concorrente era seu companheiro de equipe Carlos Quartim de Moraes. Assim, a vitória na prova de 15 voltas foi fácil. A maior briga, como sempre, ficou entre os fuscas. Entre os presentes estavam Carlos Eduardo Andrade, da equipe Cirauto do Paraná e Ricardo di Loreto, porém ambos quebraram, deixando a vitória para Alfredo Guaraná Menezes. Para Pedro Victor, a prova serviu para testar seu novo Opala, com vistas ao Campeonato Brasileiro de D3.

Resultado
1. Pedro Victor de Lamare, Opala, 15 voltas, 27m48s
2. Carlos Quartim de Moraes, Opala
3. Alfredo Guaraná, VW
4. Plinio Riva Giosa, VW
5. Amandio Ferreira, VW

Campeões também tem sua dose de sorte. Assim, apesar de ter o único carro de grande cilindrada para a 100 Milhas de Interlagos de 1973, uma prova de Divisão 1, Pedro Victor também foi sorteado com a pole position! Assim, a vitória veio fácil, se não me engano, a primeira de um Opala na D1. Porém, não havia nenhum Maverick...Produtos da GM ganharam nas 3 categorias!

Resultado
1.Pedro Victor de Lamare, Opala 4100, 21 v 1h24m06.6s
2. Estanislau Franco, Opala 2500
3. Attila Sipos, Chevette
4. Eduardo Doria, Chevette
5. Reinaldo Campelo, Chevette
6. Otto Carvalhaes, Chevette
7. Alexandre Negrao, Chevette
8. Donald Stipanich Junior, Chevette
9. Luiz Brazolin, Chevette
10. Euclides Mussi Junior, Ford Corcel (1o. não GM)

Além destes, participaram da corrida alguns Fuscas, outro Opala 2500 e um Dodge 1800 com Aloyisio Andrade Filho.

Ocorre que nem sempre a sorte estava do lado de Pedro Victor.

Numa preliminar da Formula Ford em Curitiba, em 1972, Pedro Victor fez a pole da corrida de D3, mas o motor quebrou nos treinos, assim deixando a pista livre para Luverci Guimarães e seu Opala 4100. Na Formula Ford, Pedro Victor fez sua última corrida na categoria, dedicando-se dali para frente aos protótipos e carros de turismo, embora tenha participado da Temporada Brasileira de Formula 2 com um March.

Resultado
1. Luverci Guimaraes, Opala 4100
2. Jose Chemin, VW
3. Paulo Bossoni, VW
4. Carlos Eduardo Andrade, VW
5. Voltaire Castilho, Opala 4100
6. Celso Frare, Opala 4100.
O Opala deste último era quase standard, com suspensão e pneus de rua. Celso faria bastante sucesso nos anos seguintes, na D3 e D1.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de Automobilismo baseado em Miami

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