A gente bem que tenta escapar de coisas relacionadas a Brasil...

Vivo nos EUA há quase quarenta anos, entretanto o Brasil tem sido parte da minha realidade quase o tempo todo. É verdade que tenho muitos clientes brasileiros, muito do que faço se relaciona diretamente com o Brasil, sendo assim, acabo falando, tratando de coisas relacionadas ao país quase o tempo todo. Junte-se a isso a internet, e o fato de viver em Miami, e pronto, vivo mais no Brasil do que aqui. Minha antena está mais para lá do que para cá.

Neste fim de semana resolvi me desligar disso, e fiz uma reserva num hotel em Palm Beach, a hora e pouco de Miami. Ali certamente só escutaria inglês, viveria uma realidade diferente.

Fiz uma reserva no Brazilian Court Hotel.

Você deve estar rindo ou me chamando de louco. Não, o Brazilian Court Hotel não tem absolutamente nada a ver com o Brasil. Muitas ruas na riquissima Palm Beach tem nomes de países (Australian Avenue, Chilean Avenue, BRAZILIAN Avenue), e vem daí o nome de um dos mais tradicionais hoteis da cidade, construído nos anos 20. Aliás, se todos tribunais brasileiros fossem tão bons e eficientes como o Brazilian Court teríamos menos problemas no país.

Estava garantida minha imersão na América.

Nem tanto. Na praia já ouvi mais português do que desejava. Nada tenho contra meus conterrâneos, nem contra o idioma que paga a maioria das minhas contas. Porém, achei que os brasileiros ainda não tinham descoberto (ou se interessado) por Palm Beach. Ledo engano. Português dentro e fora do mar. Sempre falado um pouquinho mais alto do que o inglês.

De manhã, segundo prometido, havia um New York Times pendurado na maçaneta da porta do meu quarto. Que delícia, ler o NYT em Palm Beach. Que chique. Que americano!

No primeiro caderno, já me supreendo com uma matéria sobre o uso de búfalos pela Polícia Militar da Ilha de Marajó!!! Não me importei tanto com o assunto brazuca, de tão exótico que era. Era uma reportagem bastante longa, diga-se de passagem.

Folheio o jornal mais um pouco, e surpresa, encontro no caderno de esportes um artigo sobre o GP da Áustria. Não o de 2015, mas o de 2002. Sim, a fatídica corrida que o brasileiro Rubens Barrichello teve que dar de mão beijada para o Michael Schumacher!!!

Pronto. Naquele momento desisti da minha cruzada anti-brasileira..Quase fui ao restaurante do Daniel Bouloud, situado no hotel, e exigi uma feijoada, com brigadeirão de sobremesa, regado com Guaraná Antarctica. Quase!!! Mas me comportei direitinho e me resignei com minha sina verde e amarela...

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