Uma piada que quase gera outra piada

Finalmente é oficial. A HRT se foi, não estará no grid em 2013. Não posso dizer que fará falta. Sempre nutri simpatia pelos underdogs, entretanto, a HRT sempre me pareceu no nível das Lifes e Andrea-Moda da vida, equipes que nunca deviam ter "acontecido" e nada adicionaram ao esporte. Underdogs dos underdogs, queimação de filme.

A HRT certamente será uma nota de rodapé, e sinônimo de incapacidade na F1 atual. Serviu para dar a primeira chance ao Bruno Senna na F1, dar um lugarzinho a pilotos indianos que nem chegam perto da Force-India e trazer o Pedro de la Rosa de volta à F1. Além de ser a primeira equipe ibera.

Pelo menos foi consistente a HRT. Nunca chegou a apresentar um átimo de competitividade.

De fato, a experiência de expandir o grid, oferecendo quatro lugares a equipes novas foi um fracasso. Nenhuma das três equipes que chegaram à pista (a USF1 fez forfait logo de cara) parecem ter muito futuro, e duas delas trocaram de dono em um espaço muito curto de tempo, indicando que realmente não eram projetos sequer de médio prazo.

E a HRT - a pior piada das três - quase se torna outra piada. Supostamente, a montadora chinesa Chery estava interessada em adquirir a equipe. Teria sido engraçado um Chery Fórmula 1.

A China é o maior sucesso industrial do mundo, disparado, embora no mundo automotivo seus produtos ainda sejam vistos com suspeita. Pior, com desdém. Quem sabe algum dia atinjam o nível das coreanas Hyundai, ou mesmo Kia, que embora não sejam carros de sonho de ninguém, hoje já são marcas respeitadas.

Confesso que às vezes sinto saudades de ver um grid de F1 cheio de equipes de montadoras, como foi no começo deste milênio. Desde então, debandaram Toyota, BMW, Renault, Honda e Jaguar. Ah, tem a Spyker também...

O sonho de consumo do Bernie e FIA não durou muito, e a crise de 2008 cuidou de acabar de vez com a F1 de montadoras. Hoje temos a FIAT, através da Ferrari e a Mercedes. Além de montadoras secundárias, como Lotus, Caterham e Marussia. Cabe notar que vez por outra a McLaren produz um carro de rua.

Desde o começo dos GPs, em 1906, muitas foram as montadoras que participaram dessa categoria de competição, além das já mencionadas. Entre outras, Peugeot, Vauxhall, Opel, FIAT, Alfa Romeo, Auto Union, Bugatti, Maserati, Lancia, Delage, Delahaye, Aston-Martin, De Dion, Panhard, Sunbeam, Matra, Ligier, Porsche, Subaru e Lamborghini, as duas últimas como fornecedoras de motores (até hoje não ficou claro para mim o que era a Lambo...). Mesmo uma fabricante de motos, a Yamaha, teve sua época na F1, fornecendo motores.

Entretanto, tudo indica que essa época já passou, e apesar de a Honda sugerir que poderia voltar um dia desses, acho bastante improvável, com a expansão cada vez maior das plataformas Renault e Mercedes, as Cosworth dessa geração. Porém, mais cedo ou mais tarde aparecerá um fabricante chinês na F1, fiquem atentos.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

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