O sonho acabou

No seu twitter, Rubens Barrichello se ofereceu para a equipe Lotus quando Romain Grosjean foi suspenso. Pode ter sido uma brincadeira - quem sabe não foi. Rubinho jogou pesado, pois tinha contrato na Indy, e o GP da Itália ficava entre as duas últimas etapas do calendário. A meu ver, jogou verde para colher maduro.

Depois, no fim do ano, aceitou o "desafio" de correr na Stockcar brasileira. Já tinha dito que não correria na KV em 2013, e seu lugar foi prontamente tomado por Simona de Silvestro, que cumpriu seu purgatório com o fraco motor Lotus em 2012. Rubinho disse que diversas outras equipes estavam negociando com ele, sem revelar quais eram.

Escrevi num artigo na revista Sobre Rodas, no início do ano, sobre o que poderíamos esperar de RB na Indy, 2012. Em síntese, disse, não muita coisa. Não por que Rubinho seja mal piloto, mas sim por que a equipe KV está longe de ser uma equipe ponteira, e com três carros, estava com as mãos cheias.

A lógica seria, se equipes como a Dale Coyne e Carpenter conseguem ganhar uma prova aqui e ali, por que não a KV? Muito simples, são equipes que geralmente correm com um carro, e não os 3 da KV! 3 carros é coisa para os Ganassis, Penskes e Andrettis da vida, não para equipes medianas. Como nenhuma das equipes top supostamente conversou com RB, nosso heroi chegou à óbvia conclusão de que estava queimando seu filme na Indycar. Fez bem em saltar de banda. Melhor do que correr na Foyt.

Com isso, a meu ver, se fecha um ciclo. Se RB de fato correr na Stock no ano que vem, imagino que tenha concluído sua carreira internacional. F-1, nem pensar. Não acho que volta à Indycar - não fez feio, porém, também não fez bonito, e acho que sua rejeição em relação à categoria não caiu bem. Esperavam de Rubinho o mesmo que Emerson fez nos anos 80, na realidade, a Indycar precisava mais de Barrichelo do que RB dela. Quem sabe algum dia corra em carros esporte.

Quem ganha com isso é a Stockcar. Nunca um vice-campeão mundial correu na categoria, na realidade, sequer algum ex-vencedor de GP. Aumenta o prestígio da categoria, certamente, e quem sabe, até a sua exposição na mídia, provavelmente muito mais interessada em Rubinho do que Thiago Camilo.  

Quanto a Rubinho, terá que forçosamente fazer bonito na Stock. Só isso justificará a escolha. Se continuar com décimos-quartos lugares, não passa desse ano na categoria.

Pelo que parece, só serão dois os brasileiros na Indycar no ano que vem, os veteranos Castroneves e Kanaan. Estes dois fizeram carreira, longa e bonita na categoria. A vinda de Rubinho emulou a primeira leva de brasileiros na Indy - Emerson, Boesel, Moreno, Serra, Christian e Gugelmin, todos egressos da F1. O fato de não ter optado em ficar na categoria pode criar uma tendência entre os brasileiros - de que a Indycar não é uma opção tão boa, após sair da F1. Não que haja quilos de brasileiros na F1, mas o fato é que agora também  não há quilos de brasileiros na Indycar.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

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