Burrices ou os donos da bola

Outro dia estava lendo sobre o Meatloaf. No Brasil acho que não é muito conhecido. Pois bem, era um cantor de rock, de proporções expansivas, que fez bastante sucesso em 1977,78, com um LP chamado "Bat out of Hell". O sujeito que escrevia todas as músicas do Meatloaf se chama Jim Steinmann.

Jim e Meatloaf fizeram outros álbuns, porém, eventualmente brigaram. Acho que nem se falam hoje em dia. Meatloaf fez diversos filmes, Jim continua a fazer músicas.

Para gravar o "Bat" foi um sufoco. Jim e Meat bateram em muitas portas. Um todo-poderoso executivo de uma gravadora disse a Jim que ele não sabia compor, e lhe deu, gratuitamente, uma extensa lição em composição, apontando os seus "erros" do pobre coitado.

Oras, Jim é, provavelmente, um dos melhores compositores do rock até hoje, com músicas super elaboradas, letras inteligentes e muito drama.

O ponto é o seguinte. Donos da bola no mundo inteiro parecem ter um intenso prazer em exercer seu poder e dizer para gente talentosa que não servem para nada, ou simplesmente, demiti-los às vezes contra as forças do marketing e da pura lógica.

Não são só gravadoras têm estas antas poderosas. Canais de TV também.

Segundo disse há algumas semanas atrás, o canal Speed não mais exibirá as transmissões de F-1. Na realidade, provavelmente nem existirá mais como canal Speed, será mais um canal da Foxsports. Segundo informações, a NBC comprou os direitos.

As transmissões da F1 americana eram feitas com um simpático trio. Bob Varsha, narrador, o ex-piloto David Hobbs e ex-mecânico Steve Matchett como comentaristas. Além deles, um repórter de pista, Will Buxton.

Supostamente, Hobbs e Matchett manterão seus empregos, e Varsha verá o olho da rua.

Cabe aqui um detalhe. Querem aumentar o prestígio e audiência da F1 nos States. Pelo menos é isso que querem Bernie, a FIA e os promotores de GPs por essas bandas. Aparentemente, ninguém disse isso para a emissora de TV que fez o investimento nas transmissões.

Varsha era o único americano do grupo. Com uma dicção impecável e óbvio sotaque americano, Varsha era uma ilha de americanismo, num mar de ingleses. Nada tenho contra os ingleses, entendam. Nem tampouco contra Hobbs e Matchett, cujos comentários gosto muito. Porém, o óbvio, para tornar a F1 mais palatável para o conhecidamente xenófobo público americano seria ter pelo menos um americano trabalhando nas transmissões. Supostamente, a NBC contratou um outro inglês como narrador!

Não vou nem comentar mais, por que certos tipos de burrice devem ser degustados na sua plenitude, sem muita divagação ou discussão. Deleitem-se com a burrice da emissora.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo brasileiro baseado em Miami      

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