Uma temporada interessante pela frente

Não é só a mudança de regulamento da F1 aque promete uma temporada diferente. Há novidades em diversas áreas do esporte, que certamente, serão interessantes.

No WTCC, estreará a equipe da Citroen. Esta montadora dominou o campeonato mundial de rallye até recentemente, com Sebastien Loeb. Cabe lembrar que a Citroen nunca foi conhecida pelos seus feitos nas pistas, apesar de sempre ser uma montadora inovadora. De fato, no esporte, a Citroen ganhou alguns rallyes  relevantes  nos anos 50 e 60, e eventualmente quase desapereceu até desta modalidade. Voltou com tudo depois do início do milênio, à medida que a Peugeot gravitava de volta a Le Mans, e agora tenha a sorte nas pistas. A equipe conta não só com o melhor piloto de rallyes até hoje, Loeb, mas também com aquele que muitos consideram o melhor piloto de carros turismo da história, o também francês Yvan Muller. Com certeza vai ganhar corridas já nesta temporada, resta saber se terá poderio suficiente para levar o campeonato. Até a Lada pode (relativamente) surpreender.

No BTCC, nada menos do que sete ex campeões vai participar do certame, inclusive dois estrangeiros, o suíço Alain Menu e o italiano Fabrizio Giovanardi. As equipes de fábrica são algo do passado, porém, montadoras dão seu apoio por trás dos bastidores. Entre um dos estreantes encontra-se Marc Hynes. O inglês foi campeão britânico de F-3 no início da década passada, porém, não teve suporte para continuar a carreira, como muitos dos últimos recentes campeões do ex-trampolim certo para a F1. Resta saber se conseguirá fazer sucesso nos tin tops.

Azar de um, sorte de outro. Assim é que o baiano Tony Kanaan conseguiu finalmente entrar na equipe Ganassi, com o infortúnio de Dario Franchitti. Faz tempo que o brasileiro não corre para uma equipe de ponta. A KV é somente uma equipe mediana, e ter ganho Indy no ano passado com a equipe de Vasser foi um feito e tanto para Tony, que mereceu completamente o lugar na equipe de Ganassi. O ex-piloto de Chip, Juan Pablo Montoya, também deve aprontar na equipe Penske, e pode prejudicar um pouco o ritmo de Helinho. Com certeza TK e JPM animarão muitas corridas na Indycar.

A volta da Porsche à categoria endurance também é um fato notável. Com Mark Webber à bordo, que antes de andar na F1 era piloto da Mercedes, na categoria esporte, a equipe certamente dará trabalho à irmã Audi, outra montadora que faz parte do grupo VW. A meu ver, a Toyota deve obter melhores resultados neste ano do que nas duas últimas temporadas, e quem sabe até bata as duas alemãs. Para nós brasileiros, a boa notícia é a participação de Lucas di Grassi como colega do mega campeão Tom Kristensen. Resta saber quanto tempo a VW vai manter suas duas montadoras juntas na pista. Cabe lembrar que a VW entrou com tudo no WRC no ano passado, e seus investimentos em pista geralmente são rigorosamente práticos, como bons teutônicos que são. A meu ver a Audi só fica tempo suficiente para a Porsche se aperfeiçoar, e depois cai fora.

Na F1, pelo menos o começo da temporada trará uma ou outra surpresa, principalmente se houver quebradeira nas primeiras corridas. Os motores Mercedes não são somente os mais rápidos, como os mais confiáveis. As quatro equipes que usam os motores alemães em grande parte dominaram os testes de começo da temporada. Entretanto, a Renault já evoluiu bastante, e no meio da temporada (quem sabe antes) a Red Bull deve voltar às posições ponteiras. Infelizmente, não vejo as coisas muito bem para a Lotus, já disse isso antes. Não há dúvidas que Magnussen brilhará, e certamente será o primeiro dinamarquês a ganhar um GP. Resta saber se será tão rápido quanto foi Hamilton na sua exuberante estreia em 2007.

De modo geral, a temporada internacional dará o que falar. Ainda há falta de novos talentos brasileiros nas categorias de base, portanto, vou me furtar de comentar este assunto. Quem sabe apareça alguém no meio do ano.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

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