Com pés no chão ou viajando na maionese

O começo do ano é uma época engraçada. Muitas, mutíssimas pessoas começam o novo ano energizadas, com mil propósitos novos, alguns obviamente impossíveis de realizar. Não aprendem a lição do ano anterior, afinal, ao chegar em novembro, nem um décimo do que pretendiam fazer foi concretizado. Só salva um pouco as festas do fim de ano, carga de trabalho mais leve (se não é lojista), décimo-terceiro no bolso, e férias no mês de dezembro. E também tempo para refletir e criar uma outra batelada de novos propósitos e resoluções absurdas para o ano seguinte.

Na realidade, nada de muito mágico ocorre entre o dia 31 de dezembro, e o 1 de janeiro. A nova divisão temporal nos ajuda a diminuir a carga emocional de ver um longo acúmulo de resoluções não cumpridas, metas realizadas pela metade, e os anos passando cada vez mais rápido. Tudo meramente psicológico. Ah, e o governo tem uma nova base de tributação, podendo aplicar novos impostos outrora inexistentes.

Chega de tanta filosofia.

No caso do automobilismo, as coisas se dividem em temporadas. Finda uma, começa a outra, com uma série de promessas, planos e estratégias, e muita especulação midiática.

Sem dúvida, a segunda metade da temporada de Felipe Massa no ano passado foi excelente, em comparação com a primeira. Considerando-se que a Ferrari do segundo semestre ficou bastante atrás do Red Bull e McLaren, o desempenho de Massa é mais admirável ainda. Desta vez ajudou a Ferrari a obter bons pontos, e ajudou seu companheiro Alonso, que começa aser conhecido como freguês de Vettel.
2012 Italian GP - drivers press conference - Cropped - Felipe Massa.jpg

Apesar disso, acho um pouco precipitado começar a falar em Massa batalhando pela ponta no campeonato.  O grande progresso de Felipe foi psicológico, isto possibilitou que melhorasse seu desempenho nas pistas. Porém, todo esse papo de Alonso ajudar Felipe a ganhar o campeonato, mesmo falar em Felipe disputar o título sem antes sequer voltar a obter uma vitória me parece mais uma daquelas resoluções de ano novo que já parecem ser inatingíveis em junho. Para mim, estas especulações só podem prejudicar o piloto brasileiro, criando expectativas assaz irreais.

Muitos diriam, "mas o Kimi voltou do nada e fez o que fez, com aquele carro". Kimi é Kimi, Felipe é Felipe.
Espero que realmente nosso conterrâneo volte a figurar entre os primeiros com maior frequência, porém, duvido um pouco que tenha condições de disputar a ponta do campeonato.

Pés no chão, gente. Deixem a maionese para o McDonalds.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador baseado em Miami, e tem os pés no chão

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