Meu sonho foi sempre visitar o Azerbaijão, como o Bernie advinhou!

Outro dia estava assistindo a uma gravação da corrida de GP2 em Monaco, e me dei conta de uma coisa. Se fosse realizada uma corrida de rolimã em Monaco, ainda continuaria sendo um evento desejável, charmoso e chique. Provavelmente seria também uma corrida chata, mas os barcos na marina, os lindos prédios e belíssimas garotas (e garotos) logo fariam esquecer o tédio de uma procissão sem graça, como são a maioria dos GPs do Principado. Por isso mesmo o GP de Mônaco ainda continua a ser um must do jet set mundial.

No ano passado, os jovens seguidores da F1 ficaram bastante bravos quando Bernie Ecclestone disse que não queria mais milhões e milhões de jovens seguindo o esporte, e sim, pessoas que pudessem consumir produtos e serviços dos patrocinadores da F1 - Rolex e UBS, entre outros. Ou seja, basicamente disse, vocês jovens (e pobres) não são meu público. Com certeza, Bernie gostaria que a F1 tivesse uma legião de fãs parecidos com os seguidores do golfe, ou pelo menos do tênis, e que seus eventos fossem "upscale" e não populares. Na realidade, grande parte dos fãs da F1 - principalmente televisivos - provavelmente estão mais para os mascadores de fumo da NASCAR do que golfe, e só não vão aos GPs por que custam tão caro. E por que cada vez menos se realizam GPs nos lugares onde moram.

Se por um lado o raciocínio de BE  faz um pouco de sentido (será?), por outro vemos que adicionar corridas em lugares com pouco glamour como Azerbaijão, Abu Dhabi, Coreia do Sul e Índia não são a resposta demográfica (pelo menos numérica) para a F1.

Sim, entendo que existe uma tendência entre a elite do mundo, de esnobar os destinos turísticos mais famosos como Paris, Londres, Roma,  Miami, etc, invadidos que foram por hordas de cafonas, pobretadas e chineses. Dizer que passou algumas semanas em Londres e em Capri não dá mais Ibope. O que dá Ibope é contar vantagens nos coqueteis e festenhas regadas a Veuve Clicquot que escalou o Kilimanjaro, cruzou a Mongólia de moto, ou fez um cruzeiro na costa da Somália, desafiando os piratas. Será que é por isso que Bernie está adicionando todos esses esquisitos palcos para realização de GPs, ao mesmo tempo em que vai retirando do calendário lugares aprazíveis, sonho de consumo das massas, como a França?

Tenho um pouco mais o que fazer do que perder muito tempo procurando entender os meandros cerebrais de Bernie Ecclestone. Só que entendo um pouquinho do mercado publicitário, para saber que em última análise, o que interessa a um anunciante, são números. Eles sabem muito bem que nem Bernie, nem o Ibope, realmente têm condições de mensurar se ricaços realmente estão grudados na TV, babando com a possibilidade de visitar Baku, ou se são as suas empregadas ou jardineiros assistindo. A tal demográfica, principalmente no tocante a TV, é uma ciência para lá de inexata e manipulada.

Como a F1 trata de sonhos, acho que o melhor que BE poderia fazer, para aumentar a audiência da F1, é deixar de lado os tais palcos exóticos, e entender que França, Alemanha, Itália, e lugares desse tipo ainda são muito mais interessantes no imaginário das massas (o que realmente interessa) do que os arenosos Barein da vida.

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