O sonho das fábricas

O sonho da FIA e de Bernie era uma Fórmula 1 povoada de montadoras. Muita água rolou, até quase conseguirem o feito, em meados da primeira década do novo milênio, quando Ferrari, BMW, Renault, Mercedes, Honda e Toyota disputavam tête a tête o Mundial de F1. No caso da Mercedes, somente como fornecedora da McLaren, lógico. Toyota, BMW a Honda eventualmente cairam fora, a Honda voltou, e eventualemente a Mercedes criou seu próprio works team - e hoje domina o pedaço. Isso todos sabemos.

O mundo do automobilismo é e sempre foi feito de rumores, factóides, e meias verdades. Outro dia conversava com Emerson Fittipaldi, e perguntei se a sua inscrição numa corrida sueca de F2 de 1974, na equipe dos equatorianos Ortega e Merello, com um Surtees, tinha algo de verdade, Sua resposta disse tudo "quem corria de Surtees era o Moco..."

Exatamente quem criou tal fato, não sei. Como apareceu numa revista ou lista de inscrição, e hoje em dia num site respeitado, também não sei. A única explicação seria o patrocinador comum dos equatorianos e de Emerson, nos idos de 1974, a Marlboro. Daí para frente, há, quem sabe, uma vontade, um desejo, uma pequena notinha de rodapé que acabou virando uma verdade com V maiúsculo.

Falando em verdades, é bem verdade que as listas de inscrições de corridas daquela época sempre tinham alguma surpresa, como um "Special" inscrito por Avallone na Rothmans 50.000, uma prova de Formula Libre realizada em Brands Hatch em 1972. Exatamente o que era a barata (se é que a dita cuja existia), ninguém sabe. Mas sempre me divirto lendo essas listas, muitas vezes mais do que os próprios resultados das corridas.

Um dos rumores que mais persistem no mundo automobilístico, desde os anos 90, é a entrada do Grupo VW na F1, com a Audi. A montadora se limitou a dominar Le Mans e o mundo do endurance há mais de 15 anos, sem muita razão para buscar outras paragens. Agora o rumor ganha peso novamente. Sem dúvida, agora a Porsche é a grande ameaça para a hegemonia da Audi. A Toyota perdeu um pouco do seu ímpeto, e a Porsche, também do grupo VW, parece pronta para assumir a posição da Audi. Sempre disse que duvido que a VW gaste meio bilhão de dólares para manter dois programas de endurance ao mesmo tempo. E diria que a entrada da Audi na F1 agora é bastante possível, sim.

Daí, tem o rumor da saída da Renault. E da Red Bull e da Toro Rosso.

A saída das duas últimas só poderia ser evitada com a entrada de uma Audi.

Não há dúvida, na minha mente, que a Audi não entraria na F1 para combater com quatro outras montadoras. Diria que o total de quatro montadoras, não cinco, é ideal para a F1. Pois ninguém gasta tais fortunas para andar em 16o. lugar.

O grande número de categorias e campeonatos no mundo criou muitas possibilidades para a participação de fábricas no automobilismo. Na verdade. diria que possivelmente, nunca houve tantas fábricas envolvidas no automobilismo, porém, espalhadas aqui e ali.

Além da Renault, Ferrari, Mercedes e Honda, que participam da F1, o elenco de montadoras com envolvimento direto em categorias e equipes, em corridas de pista e rallyes é bastante grande - BMW, Audi, Nissan, Porsche, Toyota, Citroen, VW, MG, Lexus, Acura, Kia, Lada, Mazda, Chevrolet, Ford, Aston-Martin, Maserati, Volvo, Bentley, Infinitti, Cadillac, Hyundai,  Dodge, Peugeot. É verdade que um ou outro nome comumente associado com o mundo das corridas, como Jaguar, Subaru, Lancia e Alfa-Romeo estão de fora.

Com tantos fabricantes chineses tentando fazer figura, quem sabe apareçam algumas novidades nas próximas temporadas.

Há pelo menos dois campeonatos que primam pelo grande número de fabricantes presentes, o BTCC e a Série Blancpain de GT, porém, achar mais de 11 montadoras num único grid é raro.

Espero, entretanto, que o BTCC e Blancpain continuem no bom caminho. tenho seguido as duas séries, e são muito divertidas.

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