Ah, se fosse no Brasil...

Não é notícia fresca - simplesmente não vai haver o GP da Alemanha neste ano. Sim, a grande e poderosa Alemanha, o motor da Europa, etc e tal, não vai ter GP.

Já pensou se o Brasil se encaixasse no mesmo cenário...com nove campeonatos mundiais ganhos desde 2000, inúmeros GPs vencidos, o vice-campeão do ano passado, e não só isso, já pensou se a equipe Fittipaldi ainda existesse e estivesse dominando a F1? Seria praticamente impossível não encher Interlagos, mesmo com a crise financeira. Afinal de contas, o GP do Brasil sobreviveu a sombria década de 80, quando a economia do Brasil ia de mal a pior, e nenhuma edição deixou de ser realizada por falta de público.

E é exatamente isso que assustou os organizadores alemães, falta de público. Primeiro teve a falência de Nurburgring, que alternava a realização da corrida com Hockenheim. A segunda pista parecia que ia realizar o GP neste ano, só que as vendas de ingressos no ano passado foram um fracasso e esse ano caminhava na mesma direção. Se cancelassem a corrida depois, aí não poderiam realizar o GP de 2016, por causa de regulamentos. Daí o cancelamento no começo da temporada.

Espera aí, o que mais querem os alemães? Afinal de contas, no ano passado ainda reinava Vettel, tetra-campeão, e Rosberg era sério candidato ao título. E a Mercedes não dava bola para ninguém.

À primeira vista é um pouco difícil entender esse descaso dos alemães com a F1...se é que é descaso.

Alemães são pragmáticos, acima de tudo. Além de pragmáticos, é preciso entender que a Alemanha é a potência econômica da Europa não só porque os teutônicos trabalham muito. Também poupam. Alemão não gosta de jogar dinheiro no lixo.

Os meses de verão, quando são realizados os GPs na Europa, são curtíssimos para os tedescos. E eles querem aproveitar ao máximo os meses de calor e sol, e de fato, muitos saem de férias naquela época. Viajar de um país para outro na Europa não é difícil, como  até o pior aluno de geografia deve saber, e juntar férias, de preferência num país europeu com custos mais baixos do que a Alemanha, como Itália, Hungria, Espanha e Bélgica, com um GP de F1 é uma boa pedida para o alemão. Podem crer que esses GPs fora da Alemanha estarão cheios de alemães.

Sim, de certa forma, a F1 tem perdido um pouco do seu "appeal", e repito mais uma vez, que o calendário inflado e realização de GPs em lugares sem tradição automobilística tem contribuído para isso. Mas no caso do GP alemão, a questão é econômica, e de um cunho prático.

É verdade que a FIA, Bernie e os organizadores de GPs de modo geral viajam na maionese. Por exemplo, os ingressos da corrida de Fórmula E aqui em Miami, realizada no fim de semana passado (não pude ir por causa de compromissos profissionais) custavam 90 dólares! Nunca paguei mais do que 60 para ver a Indycar em Homestead. Sem contar que a corrida de Fórmula E era curtíssima, e trazia poucos atrativos para um público americano.   Havia ingressos de mais de 750 dólares à venda para uma área VIP...

Ou seja, para atrair público "in loco" com certeza os organizadores europeus vão ter que cobrar menos, o que significa taxas menores para Bernie e Cia Ltda. A Europa está empobrecendo cada dia mais, e não há muita gente disposta a gastar centenas de Euros para ver uma corrida de hora e meia.

Os donos da bola que fiquem espertos. Quanto ao GP da Alemanha, pode ser que siga o mesmo caminho do Grand Prix de France. Coisa do passado.

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