GP da Itália CIAO, Caterham , etc

Se eu morresse hoje, teria uma considerável lista de coisas que gostaria de ter feito em vida. Uma delas, ir a um Grande Prêmio da Itália EM MONZA. Gostaria de ter ido na época do slipstreaming, porém, que fazer, era muito criança. Serviria ir na pista na configuração atual. Nesta semana circulou a possibilidade do GP da Itália cair fora do calendário, assim, provavelmente lá se vai mais um sonho...

Primeiro, morreu o GP da França. O país no qual foi criado o automobilismo de competição não tem seu próprio GP há anos, embora ainda tenha a principal corrida do mundo (na minha opinião), as 24 Horas du Mans. Sim, a velha Europa já viu dias melhores, economicamente tem muitos problemas de difícil solução, e o automobilismo também sofreu. Ocorre que entre outras coisas, o chefe comercial da F1 tem interesse em receber altas taxas dos organizadores, que nem sempre (principalmente na Europa) estão dispostos a pagá-las. Some-se a isso a necessidade de atualizar algumas instalações em pistas mais tradicionais, e lá se vão, um a um, os GPs tradicionais.

Como o mercado é vendedor - no momento  - ainda há uma série de países interessados em realizar GPs custe o que custar, com mais uma pista desenhada pelo especialista Hermann Tilke. Nos últimos anos, tem se falado em Argentina, Tailândia, México e até mesmo Azerbaijão. Alguns países usam a F1 para se inserir num contexto turístico mundial, ou mesmo para modificar uma má imagem, caso dos GPs do Oriente Médio.

Resta saber quanto tempo o mercado será vendedor. Turquia, Índia e Coreia, três dos locais mais exóticos onde se realizaram GPs, já se foram para o espaço. Existe um perigo muito grande de estourar a pior guerra no Oriente Médio até hoje, que pode ameaçar os GPs de Barein e Abu Dhabi, muito próximos do Iraque. A própria neófita Rússia, que realizará seu primeiro GP neste ano, tem demonstrado certa tendência a práticas expansionistas e belicosas, que poderiam, em tese, ameaçar a futura realização da corrida.

No fim do dia, há poucos países com disposição - e dinheiro - para construir uma pista no caro padrão FIA para F1 e pagar as altas taxas de Bernie. Por exemplo, um GP do Paraguai e GP da Nigéria provavelmente nunca seriam realizados.

Quem sabe a volta bem sucedida do GP da Áustria ao calendário animou Bernie para ser mais duro nas negociações com os italianos, afinal de contas, a Áustria não fica nada longe da Itália. Além disso, houve uma brutal queda na audiência italiana da F1 na TV, sem dúvida, devido à performance fraca da Ferrari e falta de um piloto peninsular na categoria.

Provavelmente o mercado não será vendedor para sempre, nem Bernie viverá para sempre. É bem capaz que a F1 volte a ser europeia e os GPs exóticos desapareçam do calendário. Ou pode ser que o público europeu continue a se afastar cada vez mais da F1.

Daí temos o Collin Kolles supostamente comprando a Caterham, financiado por investidores suíços e do Oriente Médio. Já se ouviu a mesma história na época da Lotus, e deu no que deu. Sem dúvida o preço da Caterham é menor, ou seja, há maior possibilidade de o negócio ter ocorrido. (O negócio da Lotus era dado como certo).

Collin é conhecido pelo seu envolvimento em projetos não muito bem sucedidos na F1. Entretanto, isto em si não o torna pessoa indesejável na F1, embora possa ser objeto de chacotas. Até Frank Williams, cuja equipe um dia dominou a categoria, pastou bastante entre 1970 a 1977, depois de uma temporada inicial de razoável sucesso, ainda na fase em que o patrocínio comercial era escasso. Seu equipamento chegou a ser sequestrado em Monza, em 1975, por falta de pagamento a Arturo Merzario nas temporadas de 1974 e 75. Peter Sauber já construía carros de corrida em 1970, e só chegou na F1 23 anos depois, e até hoje seus carros não ganharam uma prova (com seu nome). Continua na categoria, porém, a equipe parece estar em permanente crise financeira, que só não existiu na fase BMW.

Para mim parecia evidente que a Caterham não terminaria o ano nas mãos de Tony Fernandes, até porque o dito cujo disse que neste ano ou as coisas melhoravam, ou ele caía fora. As coisas pioraram, pois a Marussia obviamente melhorou em relação à Caterham, que hoje é de longe a pior equipe da categoria. Kolles já dizia que havia investidores romenos (!!!) interessados em montar uma equipe de F1, uma alegação para lá de inusitada, pois a Romênia não é conhecida como um portento das finanças internacionais. Como o cara é insistente, acabou assumindo a Caterham, sem sinal de romenos, e sim dos mais prováveis suíços e petrodolarianos.

O fato de a equipe continuar a ser chamada Caterham parece estranho. Não imagino que a Caterham tenha se beneficiado muito, em termos de imagem e marketing, com seu envolvimento na F1 (também foi o caso da Spyker). Seus carros continuam a ser uma raridade, e pelo menos na minha opinião, nada desejáveis. Que me desculpe o defunto Colin Chapman, mas nem no auge da sua juventude o Lotus Seven era um carro bonito. Quem sabe, diria que era simpático. O carro chefe da Caterham ainda é um Lotus Seven modificado e atualizado, porém, eu não o quero nem de graça. Trata-se de um carro anacrônico, e digo isso com bastante generosidade.

Imagino que o uso do nome Caterham seja passageiro, porém, não acho que o nome Forza Rossa será usado. Não faria muito sentido, aliás, não faria qualquer sentido usar esse nome. Na realidade, se fosse realizado um GP na Itália e os Forza Rossa de Colin Kolles aparecessem, imagino que os carros seriam destruídos, e Kolles linchado... Como podemos pensar na F1 sem um GP em Monza?

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