TOBA OU NÃO TOBA EIS A QUESTÃO

 Nos últimos tempos me furto de comentar os assuntos da hora, mas dessa vez passou dos limites. Como muitos, a pandemia teve um custo no meu emocional e psicológico, e de modo geral não tenho mais energia para escrever sobre o tsunami de besteiras que aparecem nas telas dos meus computadores e celular, em diversos idiomas. Porém, esta é uma oportunidade única de fazer um trocadilho com a famosa frase de Shakespeare.

O que mais me incomoda neste mais recente round da suposta guerra cultural é como no fim das contas tudo se torna uma questão política, fundamentada em interesses excusos. Se você me perguntar se sou de direita ou de esquerda, direi que sou sagital.  Não gosto do bidimensional, prefiro considerar as questões em nível tridimensional.

Nunca fiz, e nem quero fazer nenhuma tatuagem. Nem de pato. Não deixo de apreciar uma tatuagem bem executada, principalmente quando o tatuado (ou o tatuador) prestaram atenção à composição da imagem. De modo geral, não gosto de tatuagens amontoadas sem nexo uma em cima da outra, acho aberrações estéticas e estáticas. Desculpem outro trocadilho infame, no fundo o local onde uma pessoa faz ou deixa de fazer uma tatuagem é uma questão de foro íntimo.

É bem certo que num mundo onde se sobressai aquele que mais choca, amedronta ou diverte, em detrimento de talento ou conteúdo informativo, uns e outros divulgam certas informações sem muito filtro, e outros usam tais informações para ganhar espaço na mídia, também sem muito filtro.

Porém, o que mais me incomoda nesta celeuma é o fato de ter se tornado mais uma vez uma questão polarizada e maniqueísta. Outra vez, os extremos da política tornam bandeiras ideológicas coisas que nada têm de ideológicas e que acho execráveis, mas que defendem com unhas e dentes. 

Não só acho perigoso como indesejável o governo aprovar o mérito de financiar projetos artísticos, como também acho terrível cidades que são pouco mais de vilarejos gastarem fortunas com shows da galera com leite nas veias. 

Na minha humilde opinião mecenas particulares deveriam ter a liberdade para patrocinar os artistas que bem entendem, sem crivo ou opinião do governo, seguindo as regras de mercado, e ter o direito de abater tal patrocínio do imposto de renda como mero gasto de publicidade. Simples assim. Na mesma forma que a Receita não investiga gastos de particulares com publicidade de qualquer forma, os eventos culturais também deveriam seguir o mesmíssimo padrão, sem pré-aprovação.

Quanto a contratação de eventos culturais, principalmente shows por entidades públicas, a meu ver deveria haver um teto. Sim, isto significaria que artistas mais conhecidos provavelmente nunca mais iriam cantar na Festa do Peão Miseravi em Inhanhum de Pitibira, porém, as coisas ficam mais claras. Quem não gostar dos cachês baixos, que cante no chuveiro. E parem com essa lenga-lenga de dizer que geram 500 empregos.

Do jeito que estão as coisas na realidade não há inocentes nessa história. Obviamente algumas das partes envolvidas estão querendo tornar o assunto uma questão política de primeira ordem, pro bono suo.

Daí fica a pergunta "toba ou não toba".

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