Por que sites de automobilismo brasileiro não rendem $$$$

Ontem, perambulando pela Lincoln Road em Miami Beach, me dei conta de que resta uma única chance de a indústria fonográfica voltar a fazer grana - investir nos discos em vinil,  que diga-se de passagem, estavam sendo oferecidos em profusão numa loja de roupas, a Urban Outfitters. Isto com reservas. A música digitalizada simplesmente se tornou um artigo gratuito, e o mesmo se pode dizer de quase tudo que pode ser digitalizado. Sim, existem leis que proíbem a cópia e distribuição de arquivos digitais pirateados, mas a realidade é que a pirataria impera.

A era digital criou alguns empregos novos, porém, no meio da sua trajetória transformadora, destruiu mais do que criou. Vejam o jornalismo, por exemplo. Jornais morrem às pencas no mundo inteiro, o setor de revistas também está periclitante nos EUA, e com isso, muitos jornalistas são forçados a procurar uma outra profissão. Alguns tentam buscar uma opção, criando ou afiliando-se a blogs, portais, etc., visando ganhar dinheiro com publicidade.

Ou seja, o problema não ocorre somente com sites de automobilismo, que fique claro.

Na realidade, a publicidade na internet é uma coisa difícil de vender, e o pay-per-click só veio dificultar a coisa ainda mais. Ao passo que revistas conseguiam sobreviver com algumas dezenas de milhares de exemplares anos atrás, milhões de pageviews não geram receita suficiente para manter sequer uma família, que dizer de uma estrutura empresarial.

Um site de um amigo, de cunho turístico, estava entre os 30000 mais visitados na Internet há poucos anos atrás, e lhe renda uns 7 mil dólares por mês. Hoje, amarga no 3.000.000o. lugar, e lhe rende um valor infimamente menor. Meus sites, que chegaram a me render 300 dólares por mês em publicidade em 2005-6, com um quinto do número de páginas atuais, hoje me pagam 100 dólares a cada NOVE meses apesar dos milhões de pageviews agregados!!! Para ganhar dinheiro com pay-per-clicks hoje em dia, é necessário ter bilhões de page-views, milhões é pinto!

É fácil ver o porque disso, analisando o nosso próprio comportamento. Pergunte-se quantas vezes assistiu na íntegra algum comercial no youtube! A minha resposta é nunca. Quantas vezes abriu um anúncio no Facebook ou no seu portal de email. Faço milhares de consultas num site linguístico, mensalmente, que tem mais de 4 anúncios - abri um anúncio nele uma única vez.

Sim, os colegas comemoram com orgulho de produtor sempre que atingem um marco novo nos pageviews, porém, é necessário entender que o mercado publicitário logo entendeu que os pageviews são uma medida enganosa de tráfego. Isto por que a maioria das visitas são feitas por robôs que procuram em blogs uma abertura para inserir anúncios indesejados. Ou são visitas dos robôs dos próprios sites de busca, qjue visitam todas as páginas com frequência quase diária. Portanto, ninguém mais paga por anúncios na base em pageviews. Ninguém é bobo.

As novas tecnologias de pay-per-click favorecem os anunciantes, porém, não favorecem muito os editores. Os cookies do seu computador, portais de email gratuito, e registros de buscas alimentam informações valiosas aos distribuidores de anúncios. Sendo assim, aparecem anúncios mais "relevantes" na sua tela, o que não significa que os editores ganham mais com isso. Anúncios da Norwegian Airlines aparecem com frequência nas minhas telas, por que tenho consultado uma visita à Escandinávia, porém, eu sei o endereço, não uso o anúncio para entrar no site. Quem sai perdendo é o editor.

Sendo assim, não é somente a indústria fonográfica que sofre. Editores e jornalistas hoje enfrentam a perspectiva de se tornarem redundantes e depauperados num mundo cada vez mais competitivo.

E não é diferente no automobilismo, brasileiro ou internacional. Se vai haver alguma reação do setor, como a volta dos discos de vinil, não sei. Só sei que hoje almejar uma carreira no jornalismo impresso é quase um suicídio profissional.

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