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Mostrando postagens de novembro, 2014

Campeões farsantes

Persiste em alguns meios brasileiros a ideia de campeões de F1 farsantes. Inicialmente atribuída a Nigel Mansell, posteriormente receberam o "título" Michael Schumacher e agora, Sebastian Vettel. Como brasileiro tem o mítico medo de criticar morto e doente (porém, não poupa crítica aos vivos), deixaram o Schumacher de lado por agora, e o Vettel é o maior objeto de escárnio. Não sou psicólogo, porém, cabe lembrar que existe uma coisa chamada psicologia da motivação; Observa-se na história que toda hegemonia um dia cai. Isto ocorre com impérios, países, economias, equipes, empresas e seres humanos. Perguntem aos psicólogos se desejam detalhes, pois não sei explicar. Grosso modo, em minhas parcas palavras de leigo, depois de tanto ganhar e sobrepujar seus concorrentes, estabelece-se uma complacência, às vezes temporária, às vezes permanente. São os ciclos da história. Ou seja, ganhar também cansa, e requer muita motivação. Comecemos com Nigel Mansell. Dizer que em 1992 qualq

Egos

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Em 1991, Bob Wollek tinha um sério problema. Especialista em Porsches desde 1974, o Campeonato Mundial de Carros Esporte seria o último com presença dos Porsche 962, pois no ano seguinte seria excluída a marca de Stuttgart. Na realidade, o campeonato de 1992 seria o último de uma série ininterrupta desde 1953, com grids risiveis, apesar dos esforços da Peugeot e Toyota de manter alguma dignidade. Para Wollek, a temporada europeia seria fraquíssima, pois os 962 já não davam para o gasto, e a equipe Joest, com a qual tinha disputado diversas temporadas, estava fora. Para Le Mans, Wollek queria um carro mais competitivo do que um 962. Wollek era dono de uma concessionária em Strasbourg, a trea da França que é mais alemã do que francesa. Durante muito tempo, vendera carros da Mercedes, mas há já mais de ano, havia trocado para Jaguar. Daí, surgiu a ideia de procurar um lugarzinho na Jaguar, pelo menos em Le Mans. Além disso, a Jaguar estava realizando, naquele ano, o Jaguar Sport Interna

Azares e sortes e méritos

Quem ganha gosta de dizer que sorte e azar não existem, e que tudo é mérito. A questão é certamente muito profunda, porém fica evidente para mim, analisando a história do automobilismo, que muitas vezes a sorte - o vulgo estar no lugar certo, na hora certa - conta muito na receita do sucesso, pelo menos nesse esporte. Um exemplo clássico disso, que mencionei outro dia, foi a carreira meteórica de Emerson Fittipaldi na F1. Frank Williams estava de olho nele, para substituir o falecido Piers Courage, porém Emerson segurou a barra, e a vontade se começar sua carreira na F1, e acabou como terceiro piloto da Lotus. Quis o destino que o número 2 não fosse lá grandes coisas (John Miles), e o número 1 (Jochen Rindt) morresse antes do final da temporada, sendo assim, Emerson acabou líder da grande equipe Lotus com somente três GPs nas costas. A acabou ganhando o quarto GP da sua vida. O talento de Emerson era indiscutível. Com pouca experiência quantitativa no Brasil (realizavam-se poucas c

Um ano para lá de ruim para ex campeões de F1

Entre os ex campeões de F1 no grid neste ano, somente um teve algo para celebrar - o campeão Lewis Hamilton, que ganhou seu segundo título. Os outros, Alonso, Raikkonen, Vettel e Button, só tiveram dor de cabeça. Já houve temporadas em que os ex-campeões não foram bem. Houve temporadas, por exemplo, 1959, em que nem havia ex-campeões participando do campeonato. Porém, neste ano, havia cinco ex campeões, quatro dos quais certamente querem esquecer esta temporada. Muitos consideram Alonso o melhor, mais completo piloto de F1 da atualidade. Porém, contra ele milita o fato de ter sido campeão pela última vez em 2006. Neste ano, pela primeira vez desde 2004, Alonso não ganhou sequer um GP. Também se foi pela noite a ilusão de que terminaria a carreira na Ferrari - o casamento de cinco temporadas até que durou muito. Agora Alonso pelo jeito vai mesmo para a McLaren, onde, cabe lembrar, não foi feliz em 2007. Sem dúvida a Honda é uma montadora com muitos recursos, que já obteve sucesso na

A triste saga de um anacrônico

Vollmer, Model Power, truckstopmodels.com... Sei que para a maioria das pessoas, esses nomes não significam nada. Para mim sim. O primeiro, era um fabricante alemão de lindas e detalhadas maquetes, o segundo, fabricante americano de maquetes e carrinhos na escala HO, e o terceiro, uma loja on-line de carrinhos na escala HO. Em comum, as três empresas fecharam no espaço do último ano. Comecei a me interessar grandemente por essas maquetes e escala em 2009. Entretanto, acho que cheguei tarde! Tenho a leve impressão de que me apeguei a um hobby que está morrendo. Não se trata de nostalgia. Nostalgia é ter saudades "da boa época", de um passado que passou. No meu caso, tenho a leve impressão de estou me tornando pouco a pouco, anacrônico. Parece que em grande parte, as coisas que curto, estão morrendo, pelo menos na forma tradicional. Por exemplo, livrarias. Sim, no Brasil elas aparentemente prosperam. O livro é, afinal de contas, um certo símbolo de status no Brasil. Aqu

Algumas reflexões sobre a temporada automobilística de 2014, que ainda não acabou

Não acho que a temporada automobilística de 2014 será lembrada como uma das melhores de todos os tempos, porém, muita coisa esquisita e interessante aconteceu nos últimos 12 meses. Primeiro, Michael Schumacher teve seu terrível acidente de esqui, quase no começo deste ano, seguido, alguns meses mais tarde, do primeiro acidente numa corrida de F1 que quase resulta em morte, desde o acidente de Senna em 1994. Passaram-se vinte anos da morte de Ayrton, um marco e tanto para o automobilismo mundial, porém, achar que é impossível morrer na F1 atual é uma utopia. Mais cedo, mais tarde, alguém vai morrer novamente. Felizmente, hoje saiu a primeira notícia boa sobre Jules Bianchi. Falando em morte, pelo jeito morreu o Campeonato Britânico de F-3, aquele que revelou nossos três campeões mundiais, e que foi ganho por diversos outros brazucas. O fraquíssimo campeonato deste ano, às vezes com grids de 5, 6 carros, foi ganho por um piloto chinês! Faz-me lembrar a temporada de 2001, quando os tr

Assembleia de Ateus

Não sou ateu, porém, acho que é necessário, acima de tudo, respeitar o pensamento das outras pessoas, principalmente as que discordam de você, pois é a única maneira de manter-se uma convivência pacífica. O que não significa concordar com todo mundo, pois todas visões  diferentes não podem estar certas ao mesmo tempo. Isto posto, uma das maiores críticas de ateus e agnósticos contra a religião "organizada" (suponho que exista a religião desorganizada então, mas deixa pra lá) tem sido as terríveis coisas que têm sido feitas nesse mundo em nome da religião. É incontestável que eventos como as Cruzadas, Inquisição e 911 deixaram marcas amargas na humanidade. Entretanto, é preciso separar as religiões - e suas instituições - de Deus. Na minha concepção, e de muitos, Deus é perfeito, e as igrejas, as instituições religiosas são imperfeitas por que são feitas por homens cheios de falhas, segundo seus padrões políticos, sociais, culturais e belicosos. Aceitemos, portanto, a prem

Regurgitações facebuquianas, ou Bernie com orelha quente

Antes de mais nada, informo que não conheço Bernie Ecclestone pessoalmente. Não concordo com tudo que fez ou disse até hoje. Nunca recebi dinheiro dele, não fiz negócios com ele, não sou seu parente. Em suma, não tenho razão nenhuma para sair apaixonadamente em sua defesa, nem tenho o rabo preso com o dito cujo. Além disso, certamente Bernie não precisa da minha defesa. Pode pagar os melhores advogados do planeta, porém, não gosto de ouvir injustiças, nem contra os poderosos. E como li injustiças hoje!!! Gente chamando Ecclestone de velho coroca, que deveria morrer, que deveria se aposentar, etc, etc. Causou certo furor algo que Bernie disse à imprensa, em nota veiculada: que a F1 não precisa de jovens torcedores. Antes de entrar à fundo na questão, voltemos algumas décadas atrás. A minha singela tese é a seguinte: simplesmente nas mãos da FIA (ou FISA, ou CSI como queiram), a Fórmula 1 não teria sobrevivido até os dias de hoje.  Sim, teríamos alguma coisa, algum tipo de categori

Eu quero uma casa no campo

Quem não conhece a grande música de Zé Rodrix, interpretada de maneira tão magnífica por Elis Regina? É bem possível que o pessoal da nova geração não conheça a música, ou não conheça a letra. De fato, é bem possível que logo a letra se torne completamente anacrônica. Explico. Há um trecho da canção, quem sabe, o mais conhecido e legal, que diz "onde possa levar meus amigos, meus discos e livros e nada mais". É para isso qiue o autor quer uma casa no campo. Para a geração atual isto se reduziria a "onde possa levar meu tablet". Ou meu laptop ou smartphone. Não sou avesso à modernidade. Trabalho com computadores há quase trinta anos, toco sintetizadores há 33, e meu carro é super-moderno. Estou cercado de aparelhos e softwares da hora. Minha aversão ao celular tem mais a ver com minha deficiência auditiva do que ódio à tecnologia. Não gosto de muita miniaturização por que tenho 10 de miopia, e outras "pias". Raciocinemos. Discos já são uma coisa do passado

É para sorrir ou para chorar?

Convenhamos, será que o Emerson Fittipaldi teria sido campeão mundial de F1 em 1972 e 1974 se tivesse estreado na categoria com o sofrível De Tomaso? Sim, pois pouco antes de Colin Chapman abocanhar o piloto brasileiro e colocá-lo num vetusto Lotus 49 no GP da Inglaterra, Frank Williams havia pensado no brasileiro para substituir o finado Piers Courage. No fim das contas, valeu a paciência, o De Tomaso quase enterra a carreira de Tim Schenken na F1, certamente acabou com qualquer pretensão de Brian Redman na categoria, e com a morte de Jochen Rindt, Emerson se tornou número 1 da Lotus. Falando em Lotus, uma atrapalhada inclusão de Roberto Moreno na equipe, em 1982, com certeza prejudicou a sua carreira. Depois disso, Moreno passou anos nas piores equipes da categoria, como AGS, EuroBrun e Coloni, até ter uma curta segunda chance na Benneton. Depois, voltou à fraquíssima Forti. Os últimos quatro brasileiros a entrar, ou tentar entrar na F1 o fizeram pela porta dos fundos. Não digo i

Um pouco de tudo e um pouco de nada

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Uma das coisas que eu mais apreciava na comédia "Seinfeld" era a estrutura dos episódios. Geralmente, havia três histórias, uma não tinha nada a ver com a outra, de repente, nos últimos minutos as 3 convergiam "sem costura". Coisa brilhante. Eu sempre gostei de escrever sobre assuntos que aparentemente não têm nada a ver, um com o outro, porém, de uma forma seinfeldiana, convergem no final. Passamos por eleições no Brasil, e apesar de resolvida nas urnas, pelo jeito o assunto vai continuar rendendo. Isto por que existe uma polarização esquerda-direita muito grande no momento, que nos faz lembrar a Guerra Fria dos anos 50 a 80. Era uma guerra ideológica. Graças ao bom Deus, os dois líderes da tal guerra, os EUA de um lado, e a União Soviética do outro, nunca marcaram encontro num campo de batalha - pelo menos não diretamente. Ficou que nem aquelas brigas em que um grandalhão empurra o outro, mas ninguém disfere socos, no fundo com medo de apanhar. Em jogo, o de

A era da beleza ou haja semiótica

Antes de mais nada, que fique claro. Não sou contra a beleza. Gosto de coisas, pessoas belas. Sei apreciar a beleza estética, e diria até que tenho bom gosto, modéstia à parte. Entretanto, acho que há limites para tudo, inclusive para o culto à beleza. Outro dia, surfando num site de automobilismo, acho que no da Autosport, havia um daqueles links xinfrims na parte inferior da página, que prometia apresentar fotos das mais belas políticas dos EUA. Logo me lembrei daquela bela deputada comunista gaúcha, cujo nome não me lembro, e porque não, da ítalo-húngara (ou coisa do tipo) Ciciciollina, que na realidade era uma personagem bastante isolada nos anos 80 - pois além de bela, a deputada era ex-atriz de filmes pornô. Não entrei no tal site, a curiosidade de ver beleza num meio normalmente povoado por pessoas mais velhas e feias, cheias de olheiras, óculos cafonas, carecas, panças e fardões não foi suficientemente forte. Daí me lembrei que ia escrever, um dia destes, sobre as peritas

Por que sites de automobilismo brasileiro não rendem $$$$

Ontem, perambulando pela Lincoln Road em Miami Beach, me dei conta de que resta uma única chance de a indústria fonográfica voltar a fazer grana - investir nos discos em vinil,  que diga-se de passagem, estavam sendo oferecidos em profusão numa loja de roupas, a Urban Outfitters. Isto com reservas. A música digitalizada simplesmente se tornou um artigo gratuito, e o mesmo se pode dizer de quase tudo que pode ser digitalizado. Sim, existem leis que proíbem a cópia e distribuição de arquivos digitais pirateados, mas a realidade é que a pirataria impera. A era digital criou alguns empregos novos, porém, no meio da sua trajetória transformadora, destruiu mais do que criou. Vejam o jornalismo, por exemplo. Jornais morrem às pencas no mundo inteiro, o setor de revistas também está periclitante nos EUA, e com isso, muitos jornalistas são forçados a procurar uma outra profissão. Alguns tentam buscar uma opção, criando ou afiliando-se a blogs, portais, etc., visando ganhar dinheiro com public

Colapso dos pequenos

Suponha, com bastante liberdade poética, que eu tivesse uns 100 milhões de díolares para investir em um negócio. Não se anime, não tenho a grana. Somente sonhe comigo. Daí, você, como bom entusiasta do automobilismo de competição, diria "compre uma equipe de Fórmula 1, tem duas à venda baratinho". Eu, como bom fã do esporte, sairia correndo para comprar. Certo? Errado, redondamente errado. Em meus quarenta e poucos anos pesquisando sobre automobilismo de competição, chego à conclusão de que investir no esporte, esperando retorno, é uma roubada. Se quizer torrar grana, tudo bem, agora investir e esperar lucros, é um sonho. March, Lola, Ralt, Chevron, Swift, Reynard, Brabham...todas fábricas que um dia dominaram os grids de diversas categorias, que juntas, produziram milhares de carros de corrida bem sucedidos. Seu destino comum foi a falência. De fato, hoje em dia resta somente a Dallara entre produtores de monopostos em grande escala. Quanto à Fórmula 1. Desde que comec