Algumas reflexões sobre a temporada automobilística de 2014, que ainda não acabou

Não acho que a temporada automobilística de 2014 será lembrada como uma das melhores de todos os tempos, porém, muita coisa esquisita e interessante aconteceu nos últimos 12 meses.

Primeiro, Michael Schumacher teve seu terrível acidente de esqui, quase no começo deste ano, seguido, alguns meses mais tarde, do primeiro acidente numa corrida de F1 que quase resulta em morte, desde o acidente de Senna em 1994. Passaram-se vinte anos da morte de Ayrton, um marco e tanto para o automobilismo mundial, porém, achar que é impossível morrer na F1 atual é uma utopia. Mais cedo, mais tarde, alguém vai morrer novamente. Felizmente, hoje saiu a primeira notícia boa sobre Jules Bianchi.

Falando em morte, pelo jeito morreu o Campeonato Britânico de F-3, aquele que revelou nossos três campeões mundiais, e que foi ganho por diversos outros brazucas. O fraquíssimo campeonato deste ano, às vezes com grids de 5, 6 carros, foi ganho por um piloto chinês! Faz-me lembrar a temporada de 2001, quando os três principais campeonatos de F3 da Europa (Britânico, Alemão e Francês) foram ganhous por pilotos japoneses. Sem dúvida, alguns nipônicos devem ter achado que era o começo de uma era de domínio de pilotos do país do sol levante no automobilismo mundial. É verdade que Takuma Sato, o vencedor do Britânico, até hoje é um piloto top, mas de Ryo Fukuda, e o do outro, cujo nome nem lembro, pouco ou nada se sabe. É verdade que além do vencedor da taça britânica, Martin Cao, o conterrâneo Ma Qing Hua ganhou uma corrida do Mundial de Turismo, com um Citroen. Porém, não vejo pilotos chineses dominando o automobilismo como dominam as prateleiras de lojas, pelo menos num futuro próximo.

Falando no Mundial de Turismo, Citroen ganhou o campeonato, o que se esperava. O que não se esperava é que o argentino Jose Maria Lopez batesse dois pilotos franceses do calibre de Yvan Muller e Sebastien Loeb. Isto me surpreendeu e deixou feliz, pois sempre achei Lopez um bom piloto, não merecedor do fiasco que foi a experiência USF1. Quanto à Citroen, teve seu primeiro grande sucesso em pista, depois de dominar o mundo dos rallyes durante mais de uma década.

A aposentadoria de Tom Kristensen me parece mais um indício de que, num curto prazo, não mais teremos a Audi nas corridas de protótipos.  Uma força dominante há muito tempo, a Audi parece ter perdido terrano para a Toyota, que parece ser mais veloz no momento. Os gastos da Audi no programa de LPM-1 excedem 200 milhões de dólares, e devem equiparar-se aos gastos da Porsche. Não vejo o Grupo VW muito interessado em gastar quase meio bilhão de dólares numa categoria que nem é a F1, apesar dos seus méritos. Infelizmente, quem dança na história é nosso Lucas di Grassi. Imagino que a Porsche absorva o trio Treluyer-Lotterer-Fassler, e para os outros plotos da equipe, quem sabe um lugarzinho na Nissan. Que faria sentido para Di Grassi, muitos anos piloto do esquema Renault.

A mais longa enrolação da F1, tipo aqueles noivados intermináveis que nunca viram casamento, terminou com a saída de Gary Paffett da McLaren. O eterno piloto de testes, que nunca teve a sorte de substituir um titular nas longas nove temporadas em que foi reserva da equipe, pelo jeito nunca vai correr na F1. Obviamente, a McLaren-Honda não deseja que um piloto do esquema Mercedes tenha acesso às suas informações. Diga-se de passagem, Paffett fez uma temporada terrível no DTM, e não creio que esteja na lista de favoritos nem da Mercedes.

O BTCC teve muitas marcas, com diversos ex-campeões, e as corridas são tão divertidas quanto nos anos 90. Ainda falta aguma coisinha, para restaurar a aura daquela era, porém acho que está no caminho certo.

Na Indycar, Will Power finalmente ganhou um campeonato, e seu companheiro de equipe Castroneves mais uma vez perdeu um campeonato. Diga-se de passagem, Will ganhou poucas corridas neste ano, de fato, muita gente ganhou corridas, até o colombiano Carlos Huertas, um dos piores pilotos do campeonato teve o gostinho da vitória. Com Simon Pagenaud na Penske, além de Montoya, a situação de Castroneves vai piorar.

Quem sabe Rubens Barrichello também ganhe seu primeiro campeonato desde 1991, na Stockcar brasileira. Como na Indycar, muitos pilotos ganharam corridas nesse campeonato, com a diferença que houve diversos líderes durante o ano, não a hegemonia de uma única equipe. A revelação, sem dúvida, foi Felipe Fraga de um estado sem tradição automobilística, Tocantins.

Christian Fittipaldi também ganhou seu primeiro campeonato desde que prevaleceu na F-3000 em 1991.

E no ano que, o primeiro menor de idade na F1!

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