Egos

Em 1991, Bob Wollek tinha um sério problema. Especialista em Porsches desde 1974, o Campeonato Mundial de Carros Esporte seria o último com presença dos Porsche 962, pois no ano seguinte seria excluída a marca de Stuttgart. Na realidade, o campeonato de 1992 seria o último de uma série ininterrupta desde 1953, com grids risiveis, apesar dos esforços da Peugeot e Toyota de manter alguma dignidade. Para Wollek, a temporada europeia seria fraquíssima, pois os 962 já não davam para o gasto, e a equipe Joest, com a qual tinha disputado diversas temporadas, estava fora. Para Le Mans, Wollek queria um carro mais competitivo do que um 962.

Wollek era dono de uma concessionária em Strasbourg, a trea da França que é mais alemã do que francesa. Durante muito tempo, vendera carros da Mercedes, mas há já mais de ano, havia trocado para Jaguar. Daí, surgiu a ideia de procurar um lugarzinho na Jaguar, pelo menos em Le Mans. Além disso, a Jaguar estava realizando, naquele ano, o Jaguar Sport International Challenge, com modelos XJR-15, um grande supercarro da marca inglesa. O pequeno torneio consistiria de 3 corridas, em Monaco, Silverstone e Spa. Os carros foram vendidos para colecionadores, porém, na série, seriam pilotados por pilotos profissionais.

Quando o nome de Wollek foi apresentado a Tom Walkinshaw, chefe do programa esportivo da Jaguar, durante uma reunião para determinação do plantel do Challenge e da equipe de Le Mans, Walkinshaw teria dito "... e esse Wollek, nunca ganhou nada!".

Com certeza, Walkinshaw sabia muito bem quem era Wollek, e que já tinha ganho muita coisa, inclusive 4 edições das 24 Horas de Daytona! É certo que Le Mans lhe escapava das mãos, porém, dizer que Wollek nunca tinha ganho nada era um sinal forte de ignorância, ou ego ferido. Isto porque, como piloto, fora ele, Walkinshaw, que tinha ganho pouca coisa.

No fim das contas prevaleceu o bom senso. Wollek foi contratado, devido à sua aliança comercial com a Jaguar, e não fez feio no Challenge e em Le Mans. Bob foi segundo na corrida de Silverstone, quinto em Spa e sexto em monaco. O vencedor da corrida de Spa, Armin Hahne, ganhara 1 milhão de dólares pela vitória, e diversos bons pilotos disputaram a simpática série - Derek Warwick, Juan Manuel Fangio, Ian Flux, John Watson, Cor Euser, Tiff Needel, Davy Jones, David Brabham, David Leslie. Wollek levou 40.000 dólares para casa.



Em Le Mans, Wollek chegou em terceiro, sua única participação com a Jaguar na grande corrida. Não ganhou, mas pódium em Le Mans significa algo.

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