Pilotos de Fórmula 1 Desconhecidos II
Mais alguns
pilotos de Fórmula 1 desconhecidos
Pois bem,
este é o segundo post da série de pilotos de F-1 desconhecidos, agora englobando
as décadas de 60 e 70.
Primeiro, é
preciso notar que alguns desses pilotos eram, de fato, bastante conhecidos nos
seus respectivos países. Repito o exemplo do saudoso Luis Pereira Bueno. Para
um não brasileiro, Luisinho seria um mero desconhecido, pois na Europa só
participou de corridas de Fórmula Ford e uma prova do Mundial de Marcas. Receber
a alcunha de “desconhecido” até nos ofenderia. Portanto, meço a obscuridade sob
o ponto de vista dos brasileiros. E considero que muitos pilotos que só
disputaram um GP são conhecidissimos –
por exemplo, Gerard Larrousse – e não são incluídos nesta humilde resenha.
Hoje
estamos acostumados com bem sucedidos pilotos finlandeses na F-1. Só que o
segundo piloto do país a tentar a sorte na F-1 foi um desastre. Seu nome, Mikko
Kozarovistky. O finlandês foi mais um dos pilotos que sofreu com os March 761 da
RAM Racing/F&S Properties em 1977. Tentou largar na Suécia e na Inglaterra,
sem sucesso. Mikko foi bem sucedido na Fórmula Super Vê, sendo inclusive
campeão europeu da categoria em 1976. Entretanto, ao chegar na F-2, em 1976,
conseguiu largar em pouquíssimas corridas, com um March-Hart, sem qualquer
distinção. É verdade que muitas das corridas daquele ano tiveram mais de 40
carros inscritos, e só vinte lugares no grid. Porém, de onde Mikko tirou a
ideia de que estava pronto para o “big move”, ninguém sabe. Como muitos, depois
desse fracasso desapareceu das pistas.
Um outro
piloto a sofrer com os Marches da RAM em 1977 foi Andy Sutcliffe. Na F-3, um já
veterano Andy finalmente teve algum sucesso em 1972, ganhando inclusive
corridas, até passar a pilotar o fraco Elden em 1973. Em 1974 chegou na F-2, obtendo
inclusive o terceiro lugar em Pau, uma das principais provas do calendário.
Depois, suas performances cairam de nível, até chegar no GP da Inglaterra de
1977 onde sequer pré-classificou o fraco carro.
Alguns
brasileiros até podiam reconhecer o nome de Damien Magee em 1975. Piloto de F-3
nos anos anteriores, inclusive na temporada em que Lionel Friedrich foi um dos
protagonistas, o irlandês passou para a F-5000 em 1974, obtendo um segundo
lugar, e outros bons postos. Conseguiu pilotar um dos carros de Frank Williams
na Suécia em 1975, chegando em 14o, mas nas poucas vezes em que pilotou o Trojan
na F-5000 não foi tão bem como no ano anterior. Depois, tentou classificar, sem
sucesso, um dos Brabhams da RAM no GP da França de 1976. Foi nesse ano que Magee
ficou mais conhecido, chegando sem segundo lugar na série Shellsport, que
substituiu a Fórmula 5000 em 1976, ganhando algumas corridas, e perdendo o
título para David Purley. No ano seguinte, voltou à míngua, no mesmo
campeonato.
Falando em
Fórmula 5000, o piloto amador americano Gus Hutchinson fez um único GP. O GP do
seu país de 1970, mais precisamente correndo com o Brabham BT26 que fora pilotado
por Jacky Ickx no ano anterior. Hutchinson usou o mesmo carro no campeonato
Americano de Fórmula 5000, que no começo do ano, era populado de pilotos de
segundo nível com uma ou outra exceção. No final da temporada, chegaram à série
os profissionais Mark Donahue, George Follmer e David Hobbs, e a coisa ficou
mais difícil para pilotos como Gus, que ficaram para trás.
Um outro
participante da F-5000 foi Skip Barber. O americano ficou mais conhecido pela
sua escola de pilotagem e a série Barber Dodge, inclusive disputada por pilotos
brasileiros. Quando comprou um March 711 para disputar algumas corridas na
Europa, Barber tinha pouquíssima experiência – em 1970 ainda disputava corridas
amadoras de Fórmula B nos Estados Unidos. Os resultados não foram espetaculares,
porém Barber voltou a disputar os GPs da América do Norte de 1972, obtendo o
16o. lugar no GP do seu país.
Muitos canadenses
foram incluidos no rol dos desconhecidos. Um deles, Eppie Wietzes, disputou o
GP do seu país em 1967, com Lotus, e o de 1974, com um Brabham. Abandonou nas
duas ocasiões. Wietzes foi frequente participante do Americano de Fórmula 5000,
obtendo diversas boas colocações, inclusive uma vitória em Donnybrooke em 1971.
Outro “desconhecido”
canadense foi Bill Brack, que disputou o GP do seu país em três ocasiões,
sempre com equipes de fábrica. Em 68 com a Lotus, em 69 e 72 com a BRM. Nas
três ocasiões abandonou. Brack disputou durante muitos anos a Fórmula Atlantic
canadense, sendo um dos principais rivais do mais famoso Gilles Villeneuve.
Muitos lembram
de Al Pease, que disputou o GP canadense três vezes com o Eagle Climax (2.7) original.
Cabe a Pease a honra qualificada de ser o último piloto a disputar um GP com
motor Climax, que equipou carros da Cooper, Lotus e Brabham com muito sucesso durante
anos. Na última ocasião foi convidado a se retirar da pista, de tão vagaroso. Entretanto,
seu conterrâneo Tom Jones (não era o famoso cantor) sequer foi permitido largar
no GP de 1967, com um Cooper Climax de dois litros, por ser muito vagaroso!!!
Disputar
GPs com carros de F-2 geralmente era uma roubada no final dos anos 60, exceto
em Nurburgring, no qual a inscrição de F-2 era incentivada e o vencedor da
categoria declarado com pompas. Eis aqui uma das participações mais obscuras de
um piloto num GP, de fato, sequer aparece no verbete da Wikipedia sobre a
corrida. O piloto na realidade não era um desconhecido nosso. Foi um dos protagonistas
da Copa Brasil de 1970, sim o espanhol Príncipe Jorge de Bragation, georgiano
naturalizado (nome real Giorgi Bagration-Mukhraneli). Jorge inscreveu uma Lola T100 com
motor Ford de 1600 cc no GP da Espanha de 1968. Além de faltar cavalos, ainda
teve que incluir alguns quilos para atender o regulamento da F-1. Na hora “H”,
caiu a ficha e, segundo alguns, Bragation retirou a inscrição, e outros dizem
que foi convidado a não participar. Sequer participou dos treinos. Depois, em
1974, no ano em parecia que todos os pilotos do mundo correram na F-1, Jorge
comprou um Surtees TS-16 e se inscreveu no GP do seu país. A inscrição
aparentemente foi “perdida” numa arrumação de escritório (história mal contada)
e no fim das contas, depois de se reinscrever, Jorge desistiu de uma vez, com
pouco ou nenhum patrocínio. Ainda
participou de corridas depois do segundo fiasco, obtendo o 2o. lugar nas 6
Horas de Jarama de 1975, com um Ford Capri, com Emilio de Villota e o lusitano Mario
Cabral.
Chamar
Nasif Estefano de desconhecido provavelmente ofenderia alguns argentinos.
Afinal, foi campeão argentino de F-3 duas vezes, disputou as Temporadas internacionais
de F-3, foi expoente da Turismo de Carretera durante anos até morrer em 1973 e
ganhou muitas corridas. Estefano foi um dos últimos pilotos a disputar um GP
com a venerável Maserati 250F, no GP do seu país de 1960. Fez o 20o. tempo, e
terminou em 14o. Depois disso, caiu na lábia do seu conterrâneo Alejandro de
Tomaso e tentou, sem qualquer sucesso, classificar para a largada o De Tomaso
801 no GP da Itália de 1962. Com 30 pilotos procurando espaço, Nasif não teve
nenhuma chance. Marcou o último tempo e foi sua última tentativa na F-1.
John
Nicholson já era veterano das Copas da Tasmânia dos anos 60, e na Europa obteve boas
colocações no campeonato inglês de Formula Atlantic de 1973 e 74, com seu
Lyncar. Muitos pilotos excelentes concorreram neste campenato nesses anos,
inclusive Colin Vandervell, Jim Crawford, Alan Jones, Tony Brise, Tom Pryce,
etc. Também fez algumas corridas de F-2, porém, sem obter resultados brilhantes.
Apesar de ser um dos principais preparadores de motores da F-1 (preparava os
motores da McLaren na época), o neozelandês obviamente foi bastante otimista ao
inscrever o Lyncar nos GPs da Inglaterra de 1974 e 1975. Conseguiu na realidade
largar nesta última corrida, abandonando na tormenta que desabou em Silverstone.
Depois disso, uma corridinha aqui e ali, mas voltou mesmo aos motores. Cada
macaco no seu galho.
Apesar de
participar da F-1 de 1964 a 1968, a Honda nunca usou pilotos japoneses durante
sua primeira passagem na categoria. Seria prematuro. Porém, em meados dos anos
70 já havia um bom número de pilotos japoneses com experiência e uma certa dose
de talento: Hiroshi Kazato (morto em 1974), Tetsu Ikuzawa, Masami Kuwashima,
Noritake Takahara (que disputou o Daily Express Trophy de 1974 num March), Motoharu
Kurosawa, sem contar Kazuyoshi Hoshino, Kunimitsu Takahashi e Masahiro Hasemi.
Quis o destino que o primeiro japonês a tentar se classificar para um GP oficial
fosse Hiroshi Fushida. A escolha de piloto foi inusitada. Fushida não tinha um
histórico maravilhoso em corridas japonesas, e de fato, as “joias” do seu currículo
foram algumas participações no inicio do campeonato americano de F-5000 de
1970, com um Eagle-Plymouth. Chegou a obter um terceiro lugar no início do
campeonato, mas depois alguns pilotos de melhor gabarito entraram na briga, e
Fushida e cia. foram desaparecendo dos resultados. Teve também a honra
inusitada de tentar pilotar o Mac’s it Special na Can Am, um carro de quatro
motores! Apesar de aparecer em Laguna Seca, o “bólido” nunca disputou uma
corrida de Can-Am, tampouco Fushida. Hiroshi também foi um dos escolhidos para
tocar o Sigma-Mazda em Le Mans, em 1974. Pois foi este Hiroshi o escolhido para
ser um dos pilotos do Maki em 1975. O fraco carro foi tocado por Fushida na
Holanda e Inglaterra. Foi sempre o último colocado. Fim da história. Quando
foram realizados os GPs do Japão em 1976 e 77, nem sinal de Fushida. Claro.
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