Corrida do Milhao, versão 1981

Quem disse que só recentemente tivemos uma corrida do milhão no Brasil? Em 1981 também houve uma corrida do milhão, só que em moldes um pouco diferentes, claro.
Em janeiro daquele ano, a VW jogava um belo banho de água fria no automobilismo brasileiro, acabando, momentaneamente com seu love story com o esporte, iniciado em 1974. As fórmulas VW 1600 e 1300, e também o Torneio Passat, eram assum sumariamente eliminados do calendário nacional, para sempre.
Quem se deu bem foi a FIAT, que há alguns anos buscava uma brecha para lançar uma Fórmula FIAT no Brasil. Antes não dava, por que supostamente havia muitas categorias para um mercado tão pequeno. Porém, com a saída da F-VW 1300, a FIAT herdava não somente um grande plantel de carros, mas também de possíveis pilotos e equipes.
Assim foi. Diríamos que a Fórmula Fiat não foi tão bem sucedida quanto a Fórmula VW 1300, no seu auge sempre com grids cheios e muitas disputas. Também o timing da FIAT não foi dos melhores, agravava-se cada vez mais a crise econômica do Brasil nos anos 80.
Só que para lançar a categoria, a FIAT ofereceu 1 milhão em prêmios de largada para os participantes. Um senhor incentivo. 1 milhão estava longe de equivaler a US$500.000 na época, porém, não era café pequeno. Afinal de contas, um automóvel da FIAT custava mais ou menos 450 mil, ou seja, o prêmio correspondia ao preço de dois carros. Nada mal, considerando-se que o prêmio dado a Clovis Moraes por ganhar seu terceiro campeonato de F-Ford em 1975 foi um Corcel.
Enganam-se se acham que grid estava cheio. Somente 18 carros apareceram, e muita gente estava tendo problemas para acertar os carros da nova fórmula, e só 11 treinaram.
Curiosamente, um dos pilotos mais bem preparados foi o pernambucano Antonio Teixeira, e seu TF, campeão da F-VW 1300 no Nordeste na temporada anterior. Seu carro marcou o segundo tempo na classificação, e durante a corrida, chegou em segundo. Ele mesmo ficou abismado com a falta de preparo dos pilotos do sul.
A corrida também contou com a participação de Mauricio Gugelmin, futuro piloto de F1 e Indy, que chegou em terceiro. O vencedor foi Victor Marrese, que marcou uma excelente melhor volta, 3m18.95s, quase 4 segundos mais rápido do que a sua pole.
Carlos de Paula é tradutor, historiador do automobilismo brasileiro e escritor baseado em Miami

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