Um post que pouco diz, ou nada diz

Não se trata de falta de assunto. Assunto tenho quilos. Não tenho é tempo. Sendo assim, quando acho um tempinho para comentar algo, já se passaram duas ou três semanas do fato. Deixo então para comentar daqui há dez anos, quando virar história.

Entretanto, não procurem nexo causal neste post. Só vou fazer um inocente comentário. Juro que não há nada por trás (ou na frente ou nos lados) do que estou dizendo.

Quando estive em Le Mans, em novembro do ano passado, visitei a loja do museu. Lá encontrei uma bela coleção dos anuários da grande corrida. E não estavam nada caros, alguns somente 15 Euros. Gosto muito dos anuários das 24 Horas du Mans, e tenho diversos. Só não tinha muito lugar na mala, e tive que escolher a dedo. Acabei escolhendo o anuário da corrida de 1982.

Por que a corrida de 1982, alguns hão de perguntar. Por que foi uma dessas divisórias d'água. As três edições anteriores das 24 Horas tinham sido razoavelmente fracas. O ACO sofria para arranjar um grid de carros e pilotos notáveis, em grande parte por que o mundo das corridas de carros esporte estava em polvorosa. Ninguém queria construir novos carros nem do Grupo 6, nem do Grupo 5, já que as duas categorias se tornariam redundantes logo. Assim, o que se via era um bando de carros reciclados, sendo que até uma nova edição de um Porsche 917 andou correndo naqueles anos e um ex Brabham BT 33 de 1970 que acabou virando o De Cadenet, além de Porsches 908 travestidos.



A diferença é que em 1982 estava sendo estabelecido o Grupo C, a nova fórmula baseada em consumo, em vez de cilindrada. O anuário daquele ano tem uma linda foto da largada, na qual pode-se ver três Porsches 956, além dos Porsches do Kremer e Joest, Sauber, Grid-Plaza, dois Ford C100, barchettas da Lancia, uma Lola, Rondeau, um WM, e lá no fundão um já anacrônico Porsche 935. Uma grande variedade.

Ocorre que não durou muito a festa. Já no ano seguinte, e durante algumas outras edições, o grid passou a ser amplamente dominado pelos Porsche 956/962. Já naquela edição a Porsche System deu uma lavada - os três primeiros colocados foram os únicos Porsche 956 inscritos na corrida.

Eventualmente, o reino do Porsche acabou, e diversos outros fabricantes como Jaguar, Mercedes, Mazda, Peugeot tiveram seus momentos de glória na categoria, e Nissan, Toyota e Aston-Martin bem que tentaram.

Cá estamos com uma nova Fórmula 1, com regulamento parcialmente baseado em consumo. E logo de cara temos  a Mercedes dominando tudo, de certa forma, tal qual sua vizinha fez em 1982 no Grupo C.

Longe de mim dizer que o grid só terá carros com motor Mercedes no ano que vem. Já imaginou uma Ferrari-Mercedes? Inconcebível.

Pois bem. Ouve-se falar de GPs nos lugares mais loucos do mundo, atualmente. E alguns acabam saindo do papel, outros não. Obviamente existem alguns Rodolpho Chimentões mundo afora, e não é à toa que criei tal personagem. Muitos dos exageros e mentiras que o Chimentão conta com a cara mais inocente foram ditos para mim. Na realidade, acho que fiquei surdo de tanto ouvir mentiras, exageros, hipérboles, desde o "meu amigo (famoso) pessoal" até "consigo atravessar paredes".

E existem alguns Chimentões no automobilismo, alguns até acabam se dando bem. Não vamos citar os nomes.

Porém lendo um jornal local de Miami, fiquei sabendo que um tal Colin Chisholm andou pelas Bahamas dizendo que traria a Fórmula 1 (ou algo parecido) para o arquipélago-nação. Obviamente ninguém nunca ouvir falar do tal Chisholm no mundo do automobilismo, porém o cara tinha lábia suficiente para fazer negócios com grandes empresas de mídia e telecomunicações há 20 anos, e extrair milhões de incautos. E dizia-se nobre, um lorde escocês! O sobrenome do cara até começa com Chi!

O Chimentão real acabou na cadeia, por fraudar o equivalente da bolsa-família nos EUA! Em diversos estados. Trambiqueiro, charlatão, ladrão, embromador, exagerado, desonesto. Enfim. Pelo menos o Chimentão é inócuo dentro da sua loucura.

Cabe o registro.

Não disse que este post pouco ou tudo diz?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O taxista de São Paulo, e muito disse não disse

RESULTADOS DE CORRIDAS BRASILEIRAS REMOVIDOS DO BLOG

DO CÉU AO INFERNO EM DUAS SEMANAS - A STOCK-CAR EM 1979