Tartaruga
O ano, tenho quase certeza, era 1970.
Eu morava bem no centro nevrálgico do mercado automobilístico de Sampa, com uma grande concentração de lojas de autopeças e artigos relacionados a carros.
Na loja do meu prédio, havia uma revendedora de peças de tratores. No prédio ao lado, a concessionária Jolly.
O filho do dono da loja tinha um JK, cuja cor era um horrível cor-de-burro-quando-foge. Difícil chamar um JK de feio, mas naquela cor até Ferrari fica feia.
Eu já era um simpatizante do automobilismo de competição, já tinha comprado minhas Autoesportes e já tinha tido meu antológico encontro com o Emilio Zambello e a Alfa P33.
O dono do JK cor-de-burro-quando-foge resolveu se inscrever numa corrida de estreantes em Interlagos. Me mostrou o santo-antonio, tirou os pára-choques, e, animado, embarcou na sua aventura.
Todo entusiasmo logo se esvaiu. Não me falou muito sobre o resultado da corrida, que presumo, não ganhou.
Na carroceria empoeirada, algum maldoso escreveu com o dedo, em letras garrafais. "TARTARUGA".
Não tenho ideia por que ele não lavou o carro...
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